SAÚDE
Cuidados com a pele no verão: especialistas falam sobre protetor solar e alertam para receitas milagrosas
Altas temperaturas exigem olhar redobrado para os cuidados com a pele, principalmente durante período em que há ampla divulgação de receitas caseiras ''milagrosas''
Por: Adelmo Lucena
Publicado em: 13/01/2025 06:00 | Atualizado em: 13/01/2025 05:52
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Altas temperaturas devem prevalecer até março de 2025 em Pernambuco (Foto: Tarciso Augusto/Arquivo DP) |
Janeiro é o mês das férias escolares e muitas famílias se deslocam para o litoral para aproveitar este período nas praias pernambucanas. Os cuidados com a pele diante do sol e calor devem ser redobrados neste período, principalmente diante do aumento das temperaturas que o estado enfrenta, como já alertou a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac).
O primeiro trimestre de 2025 será marcado por um período severo de estiagem e com altas temperaturas, incluindo a Região Metropolitana do Recife, para onde muitos turistas costumam ir. Para evitar transtornos com a saúde, é essencial seguir algumas orientações médicas, principalmente com a pele, que fica ainda mais exposta ao sol por conta do calor.
O uso do protetor solar recorrente é uma das maneiras melhores maneiras de evitar doenças na pele e protegê-la dos efeitos negativos dos raios ultravioleta. Este produto é capaz de bloquear a ação dos raios solares, evitando que haja danos no DNA. São estes os danos que podem causar o câncer de pele, por exemplo.
A seleção do protetor solar deve levar em conta alguns aspectos, uma vez que algumas peles são mais sensíveis e exigem cuidados específicos. Entre as observações devem estar o Fator do Protetor Solar (FPS) e os ativos.
De acordo com a médica dermatologista do Hospital das Clínicas, Aline Aguiar, existem filtros solares mais apropriados para crianças e qual o FPS mínimo recomendado.
“Aquele número que a gente chamaria FPS pode variar novamente e até 99. Então quanto maior o FPS, mais protegido eu estou então. Essa é uma das principais diferenças que a gente encontra nos protetores solares em farmácias. A gente recomenda que o FPS seja de, no mínimo, 30 FPS”, explica.
“Outra diferença é em relação à composição. A gente divide os protetores e em químicos e físicos. O primeiro tem produtos orgânicos e que eles conseguem absorver a radiação e proteger. Mas aqueles que são chamados de minerais ou físicos têm compostos inorgânicos que fazem uma barreira da radiação na pele e, por consequência, não são absorvidos na pela pele. Isso torna ele mais seguro para ser utilizado em crianças, por exemplo”, complementa a profissional.
De acordo com Aline Aguiar, não há diferença no resultado dos protetores solares por entre peles escuras ou claras, mas pessoas brancas estão mais expostas aos riscos dos raios ultravioletas. O produto deve ser reaplicado a cada duas horas ou a cada vez que a pessoa entrar na água, seja do mar, piscina ou chuveirão.
Antes de comprar um protetor solar também é importante estar atento aos ativos do produto, uma vez que alguns ajudam na hidratação da pele, desobstruir poros e diminuir os intensificadores dos raios solares. Entre estes ativos estão o ácido hialurónico, ácido salicílico e vitamina C.
A médica dermatologista também destaca que algumas áreas como a orelhas e a boca também precisam de atenção durante a exposição solar, uma vez que muitas pessoas acabam deixando estas áreas desprotegidas quando vão para praias e piscinas.
Já a dermatologista Marina Regueira pontua que para evitar queimaduras e transtornos após a exposição solar, as pessoas devem “procurar uma sombra, fazer o uso da fotoproteção com protetor solar, evitar exposição ao sol nos picos da radiação ultravioleta (entre as 9h e 15h), fazer uso de camisa UV, de chapéu de proteção com aba larga e de óculos com proteção ultravioleta”.
Marina Regueira também orienta que não sejam consumidas frutas cítricas antes da longa exposição solar e que seja descartado o uso de perfumes.
Além disso, os cuidados pós exposição solar são essenciais.
“A pessoa deve fazer bastante ingestão de água, usar hidratantes e remédios que vão repor a barreira cutânea, que é a proteção prejudicada quando a gente se expõe ao sol quando está na água do mar ou da piscina, que tem muito cloro”, pontua a dermatologista Aline Aguiar.
Exposição inadequada ao sol pode causar transtornos
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Foto: Leandro de Santana/Arquivo DP |
As pessoas que costumam passar longas horas expostas aos raios ultravioleta e não usam protetores solares, camisas UV e nem se hidratam da maneira correta tendem a desenvolver doenças na pele, como o câncer de pele e a ceratose.
Câncer de pele
O câncer de pele é o tipo mais comum no Brasil, representando 30% dos tumores malignos registrados no país, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer. Este tipo de câncer passa despercebido muitas vezes, já que não causa dor.
A exposição à radiação UV se acumula na pele ao longo do tempo e pode causar tumores. O câncer de pele surge com lesões escuras, pintas que aumentam ou mudam de formato, feridas que não cicatrizam e outras alterações na pele.
Melasma
O melasma se trata de uma condição que causa manchas escuras e irregulares na pele, principalmente no rosto. Ela também pode aparecer em outras áreas do corpo que ficam muito expostas ao sol, como braços e colo.
Cerca de 90% dos casos registrados desta condição são em mulheres, que fazem parte do grupo de risco. Além disso, pessoas com tons de pele mais escuros e grávidas estão mais vulneráveis ao melasma.
Ceratose
Esta doença atinge principalmente pessoas brancas com mais de 40 anos e está associada à exposição solar. As ceratoses actínicas são consideradas pré-malignas, pois podem evoluir para o carcinoma espinocelular.
Elas se manifestam na pele como pápulas, máculas ou placas hiperqueratóticas com escamas esbranquiçadas na superfície da lesão.
Já a ceratose seborreica se apresenta como uma lesão arredondada ou irregular com uma coloração mais escura. Esta é de origem genética e é considerada benigna.
Receitas “milagrosas” prejudicar mais do que ajudar
Por conta de diversos fatores como falta de informação ou questões financeiras, as pessoas costumam optar por misturas caseiras que podem apresentar riscos à pele. Entre os ativos que prejudicam a pele ao entrar em contato com o sol estão ácidos descamativos, frutas cítricas e perfumes.
“Essas substâncias em contato com o sol, podem desencadear irritações, sensibilizar a pele, resultar em manchas ou até mesmo simular queimaduras graves, inclusive com a formação de bolhas. Então devemos evitar o uso dessas substâncias e aquelas que contenham frutas cítricas em sua composição, como por exemplo o limão, acerola e morango”, elucida Marina Regueira.
“Também deve-se evitar o uso de óleos naturais que contenham ativos, como óleos essenciais, em que em contato com o sol vai desencadear uma reação alérgica, sensibilizar a pele ou até mesmo causar queimaduras com formação de bolhas”, complementa.
A ampla divulgação de dicas caseiras através das redes sociais potencializa o crescimento de casos de doenças de pele, alerta a dermatologista.
“Eu sempre peço ao paciente para evitar fazer uso de receitas caseiras que vêm em redes sociais e na mídia. Recomendo procurar um médico assistente ou um dermatologista que possa orientar melhor e de uma forma responsável”, finaliza a profissional.
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