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HABITAÇÃO

Antiga sede do IBGE no Recife será destinada a habitação popular

Acordo firmado com a participação da AGU resolve problema que se arrasta por dois anos

Publicado: 04/12/2024 às 19:35

/Foto: Google Maps

(Foto: Google Maps)

Após dois anos, a ocupação irregular do prédio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Centro do Recife, será solucionada, uma vez que o imóvel será destinado para uso em programa habitacional. O acordo prevê o repasse do prédio ao Estado para uso em programa habitacional e foi homologado na semana passada pela 10ª Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco.  

O acordo foi firmado com a participação da Advocacia-Geral da União (AGU), do IBGE, do Estado de Pernambuco, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e do Ministério Público Federal (MPF). 

O edifício de quatro pavimentos, na Rua do Hospício, no bairro da Boa Vista, foi a sede do IBGE na capital pernambucana até 2001, quando passou a ser utilizado como depósito de equipamentos.

Desde então, foi ocupado irregularmente algumas vezes, e os ocupantes foram retirados por ordens judiciais. Em 2022, o imóvel foi ocupado novamente, sendo objeto de nova ação de reintegração de posse com pedido de liminar.    
  
Remetida à Comissão de Soluções Fundiárias do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), a ação foi submetida à mediação. Após cinco reuniões entre março e julho deste ano, foi construído o acordo pelas próprias partes envolvidas. 

Dois órgãos da AGU participaram da negociação: a Procuradoria Regional Federal na 5ª Região (PRF5), representando o IBGE, e a Procuradoria Regional da União na 5ª Região (PRU5), representando a União/Secretaria do Patrimônio da União(SPU). 

O acordo prevê que o imóvel no centro do Recife ficará sob guarda provisória do Estado de Pernambuco pelo prazo de um ano, prorrogável pelo mesmo período, até que o bem seja entregue à SPU para realização de sua doação ao Estado de Pernambuco, para fins de destinação à programa social, preferencialmente habitacional, por meio de retrofit (obras para revitalização e restauração do imóvel). 

Como medida compensatória, o IBGE receberá da SPU o imóvel onde a superintendência estadual do instituto funciona atualmente, na Rua Major Codeceira, no bairro de Santo Amaro.  

O MTST, representado no acordo pela Defensoria Pública da União (DPU), assume o compromisso, entre outros, de  apresentar a lista das famílias ocupantes; de promover,  sob supervisão do Estado de Pernambuco, obras e serviços de reparações na estrutura do imóvel, a fim de afastar e/ou reduzir os riscos apresentados em parecer técnico da Secretaria Executiva de Defesa Civil; prestar informações e controlar e contingenciar o quantitativo de ocupantes durante o período da guarda provisória; permitir o acesso ao edifício para a retirada dos bens do IBGE; assim como desocupar o prédio quando solicitado pelo Estado de Pernambuco, a fim de garantir o início das obras e serviços do retrofit. 

“Em que pese se tratar de uma ação possessória, a solução consensual do conflito se deu de forma ampla, passando pelo direito à moradia e doação de bens públicos. O acordo também traz melhoria na gestão patrimonial do IBGE e uma destinação social ao imóvel, tudo em comunhão com o Programa de Democratização de Imóveis da União, que objetiva qualificar e aprimorar a gestão do patrimônio imobiliário público federal e estabelecer prioridades para a sua destinação, observada a sua função socioambiental”, informa a procuradora federal Ana Karla Toscano de Brito Carneiro, que integra o Núcleo de Conciliação da Matéria Administrativa da PRF5.
 
Visita do Comitê Nacional do CNJ
 
Em agosto, o antigo prédio do IBGE foi palco de uma visita do Comitê Nacional do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que coletaram dados sobre moradores de rua que vivem na ocupação. O objetivo foi identificar as  necessidades dessas pessoas, cuja grande parte já é cadastrada pelo “Projeto PopRuaJud”.
 
 O prédio onde funcionava o IBGE foi ocupado pela primeira vez em 2010 por cerca de 150 famílias que acabaram sendo retiradas após um mandado de reintegração de posse. 
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