GREVE DOS RODOVIÁRIOS

Greve de ônibus: volta para casa no primeiro dia de paralisação provoca dor de cabeça para passageiros no Grande Recife

A reportagem do Diario percorreu alguns dos corredores de ônibus mais movimentados no Grande Recife e constatou a dificuldade de passageiros na volta para casa sem ônibus

Publicado em: 12/08/2024 20:46 | Atualizado em: 12/08/2024 22:54

Milhares de passageiros tiveram dificuldades na volta para casa, nesta segunda (12) (Foto: Priscilla Melo/DP )
Milhares de passageiros tiveram dificuldades na volta para casa, nesta segunda (12) (Foto: Priscilla Melo/DP )

No primeiro dia da greve dos motoristas de ônibus do Recife e da Região Metropolitana, a volta para casa dos passageiros que utilizam o modal não foi nada fácil. 

O cenário da noite desta segunda-feira (12), foi o mesmo das primeiras horas da manhã com a paralisação dos rodoviários: sem ônibus nas ruas, coletivas estacionados nas garagens e muitos usuários aglomerados nas paradas de ônibus, nos corredores de grande fluxo de coletivos e nos Terminais Integrados de Passageiros (TIs). 
O Terninal de Xambá, em Olinda, aglomerava passageiros nas paradas e sem ônibus  (Foto: Priscilla Melo/DP)
O Terninal de Xambá, em Olinda, aglomerava passageiros nas paradas e sem ônibus (Foto: Priscilla Melo/DP)

A reportagem do Diario percorreu alguns dos corredores de ônibus mais movimentados no Grande Recife, como: o Terminal Integrado de Xambá ,em Olinda; no corredor dos coletivos no Derby, na área Central do Recife; e na Avenida Conde da Boa Vista, também na região Central da Capital e constatou a dificuldade que os passageiros tiveram para retornar para casa. 

O cenário visto foi de dor de cabeça e muita paciência para os usuários que utilizam o modal. Quando era possível ver um ônibus trafegando na rua, a cena era de passageiros aglomerados no coletivo lotado. 
Dos poucos ônibus que trafegavam, era possível ver coletivos lotados  (Foto: Priscilla Melo/DP )
Dos poucos ônibus que trafegavam, era possível ver coletivos lotados (Foto: Priscilla Melo/DP )

Até o momento, não há previsão para que as atividades dos rodoviários voltem ao normal e apenas 23% da frota está circulando, segundo o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) em um comunicado emitido na manhã desta segunda (12). 

E em meio a toda a dificuldade que o usuário do Sistema de Transporte Público de Passageiros (STTP) está enfrentando somente e, até o momento, há uma única certeza: a greve está mantida para esta terça-feira (13), afirma o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários Urbanos de Passageiros do Recife e Região Metropolitana Mata Sul e Norte de Pernambuco (STTREPE).

No início da tarde desta segunda (12), o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT6ª)  determinou que Sindicato dos Rodoviários recomende aos motoristas de ônibus que voltem a operar com a frota mínima de 60% nos horários de pico (de 6h às 9h e das 17h às 20h) e de 40% nos demais horários durante a greve,, afetando 1,2 milhão de passageiros.

“A decisão liminar (em caráter provisório) é do corregedor do TRT-6, desembargador Fábio Farias, atendendo a pedido do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco – URBANA-PE. Em caso de descumprimento foi estabelecida uma multa diária no valor de R$ 30 mil”, declarou a corte, por meio de nota. 
Passageiros passaram por dificuldades nesta segunda (12) (Foto: Priscilla Melo/DP)
Passageiros passaram por dificuldades nesta segunda (12) (Foto: Priscilla Melo/DP)

Dificuldade

A administradora Amanda Barbosa, de 27 anos, relatou que para chegar ao trabalho precisou ter muita paciência e resiliência para adotar estratégias sem a presença dos ônibus nas ruas. 

“Hoje pra ir ao trabalho eu acabei requisitando o aplicativo (corrida por aplicativo), mas a volta está senai bem complicada. Tô a quarenta minutos na parada e o ônibus não chega. Difícil essa situação toda, é preciso ter muita paciência e resiliência para chegar em casa”, comentou a passageira que esperava um coletivo no corredor de ônibus do Derby. 
Muitos dos coletivos permanecem parados nos terminais  (Foto: Priscilla Melo/DP )
Muitos dos coletivos permanecem parados nos terminais (Foto: Priscilla Melo/DP )

Já a cuidadora de idosos, Suely Maria de Santana, de 45 anos, mesmo passando uma hora esperando o coletivo para poder voltar para casa, a passageira diz ser favorável à greve dos rodoviários. 

“A gente tem que entender o lado do motorista, é uma profissão arriscada, se não for assim, o salário deles não aumenta. Mas, todo mundo tem que trabalhar né? Está sendo bem difícil”, disse ela. 

A auxiliar de farmácia, Evellyn Vitória, 21 anos, relatou as dificuldades que teve para chegar no trabalho nesta segunda (12). 

“Eu pego o Jardim São Paulo e passei uma hora e vinte minutos para poder pegar um coletivo. Foi um caos. Tive que pegar um mototaxista pra chegar no trabalho e o valor lá em cima. Agora, na volta, estou sofrendo com toda essa demora e não sei a hora que chegarei em casa”, lamentou a auxiliar de farmácia. 

Depredação e passageira ferida na PE-15

A manhã desta segunda-feira (12) começou tensa com a greve dos motoristas de ônibus na Região Metropolitana do Recife. Longas filas de espera e poucos ônibus deixaram os passageiros aflitos. No terminal da PE-15, em Olinda, um passageiro jogou uma pedra contra a janela de um ônibus parado como forma de indignação com a paralisação.

Uma idosa que estava dentro do veículo foi atingida pela pedrada e a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) precisou ser acionada. Os dois foram levados para uma delegacia e, posteriormente, a vítima foi encaminhada para uma unidade de saúde, pois estava com a mão ferida.

Os ônibus que estavam chegando no terminal da PE-15,não conseguiram entrar pois estavam sendo impedidos de entrar pela Associação dos Rodoviários.

Entenda o porquê da greve

Mais de 1,2 milhão de passageiros estão sendo afetados pela greve dos motoristas de ônibus na Região Metropolitana do Recife nesta segunda-feira (12). De acordo com o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE), apenas 23% da frota está nas ruas e os principais Terminais Integrados (TI) estão superlotados, com alta demanda e poucos ônibus.

O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários Urbanos de Passageiros do Recife e Região Metropolitana Mata Sul e Norte de Pernambuco (STTREPE) explicou que a greve foi deflagrada após rodadas de negociação entre os rodoviários e a classe patronal sem um acordo celebrado.

Durante as reuniões realizadas entre a categoria, os motoristas negaram a proposta feita pela Urbana-PE de 0,5% de aumento acima da inflação e o valor de R$ 400 para o vale-alimentação, além de um abono no valor de R$ 180 para quem exerce a dupla função.

Entre as reivindicações da categoria estão o reajuste de 5% acima da inflação, fim do controle pelo GPS, fim da compensação de horas, além de vale-alimentação de R$ 720, abono de R$ 500 para quem exerce dupla função e implementação de plano de saúde para os motoristas de todas as permissionárias.

Após o anúncio da greve, o Grande Recife Consórcio de Transportes (GRCT) pediu na última quinta-feira (8) que o percentual de frota mínima para os dias de paralisação dos rodoviários. No entanto, a solicitação foi negada pelo sindicato.

Para tentar amenizar os efeitos da falta de ônibus nas ruas, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) disse que, “caso haja necessidade”, o metrô irá estender o horário de pico das 5h às 9h30, o que normalmente é praticado das 5h às 8h30.

A reportagem do Diario de Pernambuco entrou em contato com os dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários Urbanos de Passageiros do Recife e Região Metropolitana Mata Sul e Norte de Pernambuco (STTREPE) para saber se a entidade sindical iria atender os percentuais determinados pelo TRT para a frota mínima de ônibus e até a última atualização desta matéria não houve retorno.