Investigação

Agiotagem provoca prejuízo de R$ 10 milhões a oficial aposentado das Forças Armadas

Dois homens foram presos por ameaçar e extorquir dinheiro de almirante reformado

Publicado em: 11/06/2024 13:35 | Atualizado em: 11/06/2024 16:52

Dinheiro foi encontrado durante operação que resultou em prisões  (Foto: Polícia Civil)
Dinheiro foi encontrado durante operação que resultou em prisões (Foto: Polícia Civil)
Uma dívida que começou com uma  agiotagem gerou um prejuízo de cerca de R$ 10 milhões para a família de um oficial aposentado das Forças Armadas. 

A informação foi detalhada pela Polícia Civil pernambucana, nesta terça-feira (11), após a prisão de uma dupla suspeita de extorsão. 

Os homens, um 30 e outro de 50 anos,  foram autuados por praticar o crime contra um  almirante aposentado da Marinha, de 82 anos, que não teve nome divulgado.  

Segundo a Polícia Civil, os criminosos ameaçavam matar o filho do idoso, dizendo que matariam ele caso os valores exigidos não fossem pagos pela vítima. 
 
Segundo a corporação, o idoso era extorquido desde 2020.
Os criminosos cobravam o pagamento de uma dívida contraída pelo filho do oficial, para a suposta compra de um veículo. 
 
Os valores pagos pelo idoso resultaram em um prejuízo patrimonial de R$ 10 milhões em quatro anos. 
 
Segundo a polícia, de janeiro a maio deste ano, foram transferidos valores, por meio de PIX, TED e em dinheiro vivo, somando mais de R$ 543 mil. 
 
As informações foram repassadas em coletiva à Imprensa, na sede operacional da polícia, no bairro da Boa Vista, na área Central do Recife. 
 
Prisões
 
As prisões dos dois homens envolvidos na extorsão foram realizadas na segunda (10), na empresa que o oficial da Marinha administra, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. 
 
Na ação, os policiais apreenderam R$ 43 mil em dinheiro vivo.
Esse montante foi devolvido ao militar aposentado.
 
 O filho dele, que segundo a polícia, fez a dívida com o agiota, ainda não foi ouvido pelos investigadores. 

Após as prisões, os dois suspeitos foram encaminhados para o Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife, onde foram encaminhados para audiência de custódia, ficando à disposição da Justiça.
 
Análise de caso

Segundo o delegado responsável pelas investigações, Mário Melo, um dos suspeitos presos é funcionário do agiota que estava extorquindo dinheiro a vítima. 
 
Ele foi preso em flagrante no momento em que ia buscar mais uma parcela cobrada ao idoso, no valor de R$ 43 mil em dinheiro vivo.
 
“Formos acionados pela família da vítima na semana passada. Eles afirmavam que o idoso sofria constrangimentos constantes, desde da pandemia. Disseram que isso se intensificou este ano. Informaram que pessoas estavam extorquindo ele. E a família percebeu a dilapidação do patrimônio dele e decidiu nos procurar", afirmou o delegado Mário Melo.  
 
Ainda segundo o investigador, o idoso constituiu, ao decorrer da vida, um grande patrimônio, mas, mesmo assim, pedia  dinheiro emprestado para a família.
 
Isso provocou a desconfiança dos parentes. Então, a secretária do idoso decidiu abrir o jogo e contar que ele estava sendo cobrado para quitação da dívida.
 
"Havia ameça de morte ao filho da vítima. Isso deixou o idoso com medo”, explicou o investigador. 

Ainda segundo o delegado, as investigações serão mantidas. 
A polícia quer saber os motivos pelos quais a dívida ficou tão grande.  

“O autor (agiota) alega que o filho da vítima teria um débito com ele por causa da venda de um veículo A cobrança era feita ao idoso,  porque o filho não pagava", disse o delegado. 

Melo lembrou que chegou a perguntar ao idoso o que estava acontecendo e ainda precisa tirar algumas dúvidas. 

"O filho era maior, capaz e responsável pelos seus débitos. Então, não se justifica ele estar sendo cobrado e nesse valor. Que débito é esse? Que dívida é essa que nunca se quita?”, declarou o investigador. 
O delegado Mário Melo detalhou as prisões dos suspeitos  (Foto: Priscilla Melo )
O delegado Mário Melo detalhou as prisões dos suspeitos (Foto: Priscilla Melo )

Ainda segundo o delegado, o suspeito de agiotagem já foi investigado anteriormente pela Polícia Federal (PF).
Ele foi alvo de duas operações de repressão qualificada,  no ano passado. 

“Ele foi investigado nas operações Barão e Dilúvio da PF. Os objetos de investigação são lavagem de dinheiro, contratação ilícita em licitação e agiotagem, segundo o relatório da PF o autor é tido como agiota no Estado”, destacou Mário Melo. 
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