Violência

Bandidos mantiveram dois sequestrados no mesmo cativeiro e ainda levaram reféns para casa, diz polícia

Dois homens e uma mulher foram presos por crimes praticados no Agreste pernambucano. Há dois foragidos

Publicado em: 09/04/2024 14:38 | Atualizado em: 09/04/2024 14:51

Casa com piscina foi usada como cativeiro de duas vítimas de sequestro  (Foto: Polícia Civil)
Casa com piscina foi usada como cativeiro de duas vítimas de sequestro (Foto: Polícia Civil)
Os três bandidos presos pela Polícia Civil, após roubo e extorsão mediante sequestro, no Agreste do Estado, mantiveram duas vítimas no mesmo cativeiro, uma casa com piscina e churrasqueira.
 
Depois da libertação, o trio deixou os próprios reféns em suas residências.  

Essas  informações foram repassadas  pelo Grupo de Operações Especiais (GOE), em entrevista concedida nesta terça (9), no Recife.
Nessa coletiva, a polícia deu detalhes da operação que resultou nas prisões. 
 
Na ação policial, dois homens, de 21 e 22 anos, e uma mulher, de 35 anos, foram presos em flagrante em uma casa, em Caruaru, no Agreste.
 
No local,  havia dinheiro em espécie roubada de uma das vítimas, além de televisores, aparelhos eletrônicos e outros objetos que também foram levados de outra vítima da investida. 
 
Segundo a polícia, mais dois suspeitos de participação nos crimes estão foragidos.
 
Um deles é  apontado pela polícia como mentor intelectual da organização criminosa.  

Vítimas

Segundo o Grupo de Operações Especiais (GOE), as duas vítimas foram uma mulher de 65 anos e um motoboy de 22 anos.
 
A quadrilha é especializada na prática de sequestros em que os alvos são comerciantes e empresários de Caruaru e Bezerros, no Agreste pernambucano.  
 
As vítimas foram levadas ao cativeiro, no último fim de semana, em um imóvel que fica na divisa das cidades de São Caetano e Caruaru.
Elas ficaram em quartos separados e não sabiam da existência um do outro, ainda conforme informações da polícia.
 
Início de tudo
 
Os delegados explicaram como foi o sequestro e libertação de reféns  (Foto: Marina Torres/DP)
Os delegados explicaram como foi o sequestro e libertação de reféns (Foto: Marina Torres/DP)
Segundo a corporação, tudo começou na última sexta (5), quando os criminosos invadiram a casa da idosa. 
 
Lá, os suspeitos roubaram aparelhos eletrônicos, uma quantia em dinheiro e o carro da vítima. 
 
Ela foi levada até o cativeiro, onde ficou isolada em um quarto.
 
No sábado (6), os suspeitos foram até Bezerros, também no Agreste do Estado, e sequestraram um motoboy que recolhia dinheiro de clientes de uma empresa do ramo de empréstimos. 
 
Esse trabalhador é funcionário de um empresário que também tinha sido vítima da mesma quadrilha, em dezembro do ano passado.
 
Na época, ele foi sequestrado pelo grupo e libertado após o pagamento de R$ 9,5 mil, quantia exigida pelos criminosos. 
 
Após ser sequestrado, o motoboy também foi levado ao mesmo cativeiro em que a idosa se encontrava.
 
Os suspeitos começaram a ameaçar o chefe do motoboy, exigindo R$ 50 mil para a liberação da vítima. 
 
Isso  foi prontamente recusado pelo empresário, que continuou negociando com os criminosos a liberação de seu funcionário. 
 
No caso da idosa, segundo a polícia, nenhuma quantia foi exigida.
O objetivo dos suspeitos era somente usar o veículo da vítima, um modelo Ônix, da marca Chevrolet, de cor branca, para sequestrar a segunda vítima. 

No entanto, os criminosos já tinham roubado pertences da idosa, como dois televisores, dois micro-ondas, quantia em dinheiro e pertences pessoais antes de colocar a refém em cativeiro. 

Em meio a isso, ao receber as primeiras denúncias sobre os casos, investigadores das delegacias de Caruaru e de Bezerros acionaram o GOE.
 
O grupo de elite começou a investigar o caso e identificou os suspeitos, tendo iniciado as negociações pela libertação dos reféns.  

As tratativas entre criminosos e os investigadores duraram horas, até que na madrugada do sábado (6) para o domingo (7), por volta das 2h, os suspeitos liberaram os reféns. 

Volta para casa
 
O que chamou a atenção dos investigadores foi a atitude dos criminosos na libertação dos reféns. 
 
O grupo levou as vítimas até as suas residências, fazendo ameaças de morte, caso elas passassem informações para a polícia.

Segundo o delegado Patrick Marinho, titular da Delegacia de Bezerros, quando a polícia identificou que a idosa tinha sido vítima do grupo criminoso, ela, a princípio, não quis colaborar com as investigações, com medo de sofrer alguma violência.

“Identificamos o carro roubado que estava de posse dos criminosos para realizar o sequestro da segunda vítima. Quando identificamos a proprietária, entramos em contato com ela e nos avisou que estava tudo bem e que o carro dela estava em casa. Desconfiamos e insistimos que ela colaborasse com informações.  Foi daí, diante a muito diálogo, que conseguimos a convencer e ela nos relatou que havia sido sequestrada e que foi libertada. Então, descobrimos que os suspeitos a deixaram em casa e a ameaçaram de morte. Ainda descobrimos que antes disso, os suspeitos também deixaram a segunda vítima em casa, mas que este só foi liberado após os criminosos receberem a quantia de 1 mil, em Pix”, contou o investigador.
 
O policial disse, ainda, que quem pagou o resgate do motoboy foi justamente o empresário que já havia sido vítima do grupo criminoso há quatro meses. 

Prisão
 
Ainda segundo o delegado Patrick Marinho, o trio foi preso em um imóvel localizado em Caruaru. 

“Já sabemos que o grupo  tem cinco integrantes. Prendemos três deles, sendo dois homens e uma mulher. A mulher é mãe de um dos suspeitos, que também foi preso. O marido dela, que conseguiu fugir, é o mentor intelectual do grupo. O quinto envolvido não estava no local e estamos em diligências para capturar os dois que restam. Desarticular toda a quadrilha e conseguimos, inclusive, recuperar parte do dinheiro e objetos roubados de um dos reféns”, destacou o investigador.
Tags: sequestro | roubo | prisões | agreste | goe |

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