NO MARCO ZERO

Polêmica do Zeppelin: empresários justificam projeto de centro cultural no Marco Zero

Em comunicado oficial divulgado pela diretoria do REC Cultural, a empresa justificou a criação do projeto que irá construir espaços culturais; projeto é alvo de críticas de entidades urbanistícas e culturais

Publicado em: 06/03/2024 18:21 | Atualizado em: 07/03/2024 05:32

O projeto visa ligar as coberturas dos prédios de nº 23 da Av. Rio Branco e do prédio de n° 58 da Av. Marquês de Olinda (Foto: Reprodução/Google Street View)
O projeto visa ligar as coberturas dos prédios de nº 23 da Av. Rio Branco e do prédio de n° 58 da Av. Marquês de Olinda (Foto: Reprodução/Google Street View)

Diante a polêmica criada com a aprovação de um projeto que prevê a construção de um centro cultural denominado de Zepellin pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a empresa responsável pelo projeto se justificou pela primeira vez sobre a ocupação de dois edifícios no Marco Zero, no Recife. 

Em comunicado oficial divulgado na terça (5), a REC Cultural, representada pelo diretor-geral do empreendimento, Roberto Souza Leão, justificou que a implantação de um espaço cultural para a instalação de um centro de artes em dois prédios do Bairro do Recife tem por objetivo fomentar a atividade cultural e turística. "Nosso objetivo é contribuir para a manutenção e fomento de uma atividade cultural cada vez mais presente na vida do cidadão pernambucano e como mais uma opção para os turistas que visitam o Bairro do Recife, com a disponibilidade de um ponto de informações turísticas no principal acesso do edifício”. 

O projeto foi aprovado pelo superintendente do Iphan no Estado, Jacques Ribemboim. O equipamento será construída nos edifícios onde já funcionou o Santander Cultural e as Galerias, em frente ao Marco Zero. Ele prevê um museu com obras de arte dos grandes mestres pernambucanos, além de auditório, biblioteca, lanchonetes, lojinha do museu e um restaurante acima do terraço superior.  A criação do restaurante visa ligar a cobertura do prédio de nº 23 da Av. Rio Branco, no Marco Zero, e do prédio de n° 58 da Av. Marquês de Olinda. Isso será feito por meio de uma estrutura que remonta à viagem do dirigível ao Recife no ano de 1930. 

A aprovação do projeto não agradou a entidades, como o Conselho de Arquitetos e Urbanistas em Pernambuco (CAU-PE), o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Conselho Estadual de Preservação e Patrimônio Cultural (CEPPC-PE) e o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-PE). 

As instituições não recomendaram o início das obras. A instalação do centro cultural chegou a ser negada por unanimidade por técnicos do Iphan diante do argumento de que a obra iria descaracterizar o prédio histórico. 

No dia 28 de fevereiro, o Conselho de Arquitetos e Urbanistas em Pernambuco informou através das redes sociais que enviou uma nota de apoio ao corpo técnico do Iphan para que o restaurante não fosse construído.

O documento destaca o “apoio às manifestações feitas por outras instituições e entidades nessa mesma perspectiva e destaca que os profissionais do IPHAN são aptos e devidamente qualificados, experientes e atuam com objetivo de analisar toda e quaisquer tipos de iniciativas que possam vir a causar algum risco ou dano ou impacto ao patrimônio histórico nacional brasileiro”. 

Segundo o REC Cultural, as áreas dos dois edifícios somam quatro mil metros quadrados, contando com espaços como auditório, salas de atividades, biblioteca, loja de design e arte regional, café, espaços para exposições permanente e temporárias. 

Na mesma nota, a empresa diz que: “Destaca-se como principal atrativo o acervo de uma das maiores e mais relevantes coleções de arte pernambucana, que ficará disponível para a população. São nomes como Ariano Suassuna, Tereza Costa Rego, Abelardo da Hora, Lula Cardoso Ayres, Reinaldo Fonseca, João Câmara e Montez Magno, entre outros”. 

Para poder aprovar o projeto, o empresarial ainda disse "que respeita integralmente as características e valores históricos dos imóveis. Ao mesmo tempo, visa revitalizar, adaptar e racionalizar o espaço para atender às necessidades contemporâneas do equipamento e do usuário”.  

Sobre os espaços

Segundo o REC Cultural, o centro cultural que ocupará os dois edifícios irá abrigar exposições, aulas, cursos, oficinas, workshops e outras atividades, contando com uma infraestrutura que segue as exigências dos parâmetros internacionais

Ainda segundo a empresa, uma equipe de especialistas em instalações prediais (elétrica, hidráulica, lógica, incêndio, climatização) fará a restauração dos edifícios. 



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