DESPEDIDA

Amigos e familiares se despedem do jornalista e crítico de cinema Celso Marconi

Jornalista entrou na imprensa na década de 1950, quando escreveu para o Folha do Povo, Jornal Pequeno e Diario de Pernambuco

Publicado em: 03/01/2024 19:03

Familiares e amigos se reuniram para se despedir do crítico  (Foto: Ruan Pablo/DP Foto)
Familiares e amigos se reuniram para se despedir do crítico (Foto: Ruan Pablo/DP Foto)
O velório e enterro do jornalista e crítico de cinema Celso Marconi foram realizados na tarde desta quarta-feira (3) no cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. 

Celso Marconi morreu aos 93 anos de falência múltiplas dos órgãos, segundo informações de familiares.

Marconi também foi professor, curador e realizador cinematográfico e estava internado no Hospital Esperança onde morreu por volta das 23h. Familiares e amigos estiveram no cemitério para prestar homenagens e se despedir do crítico.

O também crítico e pesquisador de cinema, Alexandre Figueirôa era um dos presentes e falou um pouco sobre a convivência com o professor.

“O primeiro contato com ele, quer dizer, eu já o conhecia porque ele era superoitista e coordenava também o cinema de arte do Recife junto com Spencer, e eu lia críticas dele, acompanhava o movimento cinematográfico através do que ele escrevia no Diário Pernambuco também. Até que, como aluno de jornalismo da católica e ele professor de cinema, aí foi que realmente nós nos aproximamos, então eu considero ele fundamental na minha formação, inclusive enquanto crítico de cinema e pessoa voltada como pesquisador de cinema. Ele incentivava muito a assistir aos filmes brasileiros e era um defensor do cinema brasileiro. Então a gente discutia Glauber Rocha, o Cinema Novo. E ele, como era o programador do cinema do Parque e também do AIP, do cinema de arte, ele liberava para os alunos assistir os filmes de graça”, relatou Figueirôa.

Biografia
 
Celso Marconi nasceu no Poço da Panela, na Zona Norte do Recife, em 1930.Ele entrou na imprensa na década de 1950, quando escreveu para o Folha do Povo, o Jornal Pequeno e o Diario de Pernambuco. 
 
A carreira começou em política. O jornalista também assinava artigos e entrevistas com personalidades da cultura.

A primeira crítica de cinema foi assinada em 1954 sob o pseudônimo "João do Cine". O texto, sobre o filme brasileiro "Agulha no Palheiro", foi publicado no Folha do Povo. Nos anos 1960, Marconi fez parte do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco. 

Preso pela Ditadura Militar (1964-1985), voltou à imprensa em 1966, no Jornal do Commercio, onde passou mais de 20 anos como crítico de cinema, música, artes plásticas e cênicas.
 
Nos anos 1980, deu aulas de jornalismo na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).

Em 1991, foi convidado a assumir a editoria do Suplemento cultural, publicado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), e a gestão do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco.
 
Ainda colaborou nas primeiras edições do Festival de Inverno de Garanhuns e, dois anos depois, inaugurou o Cine Ribeira, no Centro de Convenções.

Repercussão
 
Por meio de nota, a  Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) lamentaram "com profundo pesar' o falecimento do jornalista.
 
"Ao longo de sua trajetória marcante, entre tantas experiências envolvendo a cultura do Estado, Celso Marconi desempenhou uma função inestimável para nós que fazemos parte da Secult-PE e Fundarpe". 

Na nota, o Governo do Estado lembrou a trajetória do jornalista.
 
"No início dos anos 1990, quando se tornou diretor do Museu da Imagem e do Som foi ele quem capitaneou a transferência do Mispe de uma modesta cela na Casa da Cultura para o casarão nº 379 da Rua da Aurora onde o equipamento cultural se transformou em um polo de intensas atividades, sobretudo no audiovisual, tendo ainda como extensão o Cine Ribeira, no Centro de Convenções, uma das principais experiências de cinema de arte do País, e, posteriormente, o Cine-Teatro Arraial em sua primeira fase", afirmou.
 
Ainda no Governo de Pernambuco, Celso Marconi foi editor do Suplemento Cultural, do Diário Oficial do Estado, editado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), casa editorial que em 2020 o homenageou com a biografia O Senhor do Tempo, escrita pelo também jornalista Luiz Joaquim para a Coleção Perfis.
 
"À família, filhas e filhos, netos e bisnetos, aos amigos e às amigas e à toda a comunidade cultural pernambucana, transmitimos nossos sinceros sentimentos", acrescentou.

Homenagem

No domingo (7) o Cinema da Fundação prestará homenagem a Celso Marconi exibindo seu curta-metragem “Recife 0 Km” (1980) e duas produções contemporâneas sob direção de Paulo de Sá Vieira e Helder Lopes: a ficção “Apolo” e o documentário “Um filme Com Celso Marconi” (ambos de 2022). 
 
A sessão, às 16h no Cinema da Fundação/Derby, será seguida de debate com os realizadores Paulo Vieira e Helder Lopes.  

O acesso é gratuito e os convites serão disponibilizados uma hora antes da sessão.
  
Coordenador do Cinema da Fundação e autor da biografia "Celso Marconi: O senhor do Tempo", Luiz Joaquim ressalta que Celso Marconi é um nome pelo qual todos que aprenderam sobre a cultura e o cinema pernambucano desde os anos 1950 deveriam reverenciar.
 
“Com o seu sorriso doce e firmeza intelectual na escrita analítica sobre a arte, compartilhou sua inteligência e ensinou muitas gerações sobre o melhor de nós mesmos. Celso nos deixa órfãos mas energizados pelo seu imenso e incomparável legado", afirma.

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