Família e amigos homenageiam Jairo Aquino pela vida dedicada à advocacia trabalhista

 “Muita dedicação, honestidade e respeito ao cliente. Caminhos para o sucesso”. Esta frase está emoldurada em um painel exposto no escritório de advocacia da família Aquino, no bairro do Torreão, na Zona Norte do Recife. 

A mensagem sintetiza um lema de várias décadas dedicadas à advocacia trabalhista empresarial de Jairo Aquino, um dos mais importantes advogados do Estado, que têm sua trajetória profissional ligada com importantes acontecimentos para o rumo de Pernambuco.

Aquino também dedicou mais de quatro décadas de trabalho jurídico ao Diario de Pernambuco, Rádio Clube, Rádio Caetés e TV Tupi , sendo um dos mais antigos funcionários dos Diários Associados até este ano. 

Jairo Aquino faleceu no último dia 6 de dezembro, aos 94 anos, em decorrência de um acidente doméstico. O corpo dele foi enterrado no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR), no dia 7. O advogado  deixou a esposa e três filhos, além de seis netos e três bisnetas. 

Duas semanas após sua partida, familiares e amigos prestaram homenagens ao Doutor Jairo Aquino. Um deles é Sérgio Aquino, um de seus três filhos, que também exerce a advocacia, dando continuidade ao trabalho do pai na área do Direito trabalhista empresarial. 

“Em meados de 1963, o Diario enfrentou graves problemas políticos e trabalhistas. Ainda na época de Assis Chateaubriand, papai foi chamado ao Rio pelo Doutor Nehemias Gueiros, diretor jurídico dos Diários Associados, e foi contratado pelos Associados, em 1964. Não existia nenhum conglomerado que papai mais gostasse do que os Diários Associados. Era dos clientes paixão dele”, disse Sérgio Aquino. 

Honra, honestidade, ética e respeito. Esses são os principais valores elencados pelo Doutor Sérgio Aquino ao se referir à trajetória profissional do pai. Ele conta como Doutor Jairo Aquino iniciou na advocacia.  

“Meu pai morava em uma fazenda do meu avô, em Vitória de Santo Antão. Ele foi educado lá. Posteriormente, na década de 30, ele era trazido por um funcionário da fazenda para o Recife, passava a semana estudando no Colégio Americano Batista e voltava nos finais de semana para Vitória. Anos depois, meu avô vende a fazenda e todos vêm morar no Recife. Uma trajetória de uma família paraibana que não conhecia direito o Recife”, contou Sérgio Aquino. 

Ainda segundo ele, Doutor Jairo teve sua primeira indicação de trabalho por meio do professor de Direito Torquato Castro, da Faculdade de Direito do Recife. “Papai entrou na Faculdade de Direito do Recife sem ter muitos vínculos de amizade, ainda mais numa cidade grande. Após analisar um trabalho acadêmico realizado por papai, o professor Torquato de Castro o indicou para trabalhar como estagiário na empresa Lundgren, em Paulista, onde Doutor Torquato trabalhava no jurídico. Ao ver a evolução do trabalho de papai, Doutor Torquato o convidou para atuar no escritório dele e do Doutor José Veiga. Em 1962, já reconhecido na área trabalhista, papai decidiu abrir o seu próprio escritório. Ele era uma pessoa avessa à vida social, mas que tinha uma trajetória honrosa e dedicada a Pernambuco, o que rendeu a papai grandes homenagens, entre as quais a maior comenda do TRT6, a Medalha Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, na categoria Mérito Judiciário, a Medalha de Mérito Joaquim Amazonas concedida pela OAB-PE  o título de Cidadão Pernambucano”, destacou Doutor Sérgio.

Durante a entrevista, Doutor Sérgio Aquino contou uma das tratativas mais importantes da trajetória trabalhista do Doutor Jairo Aquino. Segundo ele, em 1983, o então governador do Estado Roberto Magalhães fez uma visita ao seu pai e fez um pedido especial. 

“Na época, a equipe do Doutor Roberto Magalhães procurou papai e disse que queria agendar uma visita no escritório. Doutor Roberto disse: ‘Jairo, a Cruzada de Ação Social está um caos absoluto. Tem inúmeras demandas trabalhistas e me assustei com a vulnerabilidade. Então, eu queria que você assumisse isso. Eu queria que você atuasse e cobrasse os honorários que a Cruzada pudesse pagar”, narrou Sérgio sobre o pedido que o ex-governador fez ao Doutor Jairo.  

Ele continua: “Dai papai disse: ‘Governador, eu devo muito a Pernambuco. Eu não vou cobrar nada, vou atuar pro bono, vou dar expediente e vou organizar as coisas’. Então, o Doutor Roberto falou: ‘Jairo, fico feliz de ouvir isso, porque eu também adotei essa filosofia. O dinheiro é um ótimo servo, mas um péssimo patrão’. Eu fiquei com essa conversa entre eles marcada na minha memória fortemente e tenho essa frase de Doutor Roberto como referência”, destacou Sérgio. 

“Jairo sempre foi uma pessoa educada, agradável, sobretudo, elegante. Se eu tivesse que definir ele seria ‘elegante’. Mas, não uma elegância de beleza, e sim no existir. E, existia entre nós a cumplicidade em relação ao Naútico. Ele e meu pai eram diretores. Eu passei a conviver com ele desde pequeno. Jairo e seu filho, o Sérgio, são pessoas que fazem parte do meu vínculo afetivo. Do ponto de vista profissional, não há o que falar. Um profissional extremamente realizado. Eu conseguia admirá-lo quando era adolescente, quando fui político, e tive a sorte de ter o Sérgio muito perto de mim. Todos da família Aquino fazem parte da minha família”. 

“Eu conheci o Doutor Jairo quando ainda era servidora na Justiça do Trabalho. Tenho 43 anos de serviços prestados na Justiça do Trabalho, tanto como servidora, quanto na magistratura. Então, Doutor Jairo sempre circulou nos corredores com aquela cordialidade e elegância. Um advogado exemplar. Foi com pesar que recebi a notícia do falecimento dele, mas agradeço a Deus por ter convivido com ele, uma pessoa tão especial na minha vida”.

“Jairo Aquino foi um profissional exemplar, dedicando sua vida à advocacia com integridade e compromisso, deixando um legado de respeito e admiração entre colegas e a comunidade jurídica”.

Título de Cidadão Pernambucano, concedido pela Assembleia Legislativa de Pernambuco 

Medalha Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, na categoria Mérito Judiciário, maior comenda concedida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região 

Medalha de Mérito Joaquim Amazonas, concedida pela Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Pernambuco (essa é uma homenagem muito especial, entregue somente  a quem tem 50 anos de advocacia sem jamais ter cometido nenhum tipo de irregularidade, sem jamais ter tido nenhuma questão ética ou disciplinar que o desabone)

Medalha Flávio de Queiroz Bezerra Cavalcanti, concedida pelo Instituto dos Advogados de Pernambuco nas comemorações dos 172 anos da entidade 

Diploma de reconhecimento de mérito, concedido pelo governo do Japão, através do Consulado Geral do Japão no Recife