Reencontro

Recifense adotada por franceses reencontra família biológica por meio de programa do TJPE

Jovem foi adotada aos 7 anos de idade sempre quis entender a própria origem

Publicado em: 27/11/2023 11:20 | Atualizado em: 27/11/2023 17:27

Rebecca foi adotada durante uma vinda do casal francês ao Brasil (Foto:Assis Lima/Ascom TJPE)
Rebecca foi adotada durante uma vinda do casal francês ao Brasil (Foto:Assis Lima/Ascom TJPE)

A recifense Rebecca Avogadro, 27, foi adotada aos 7 anos de idade por um casal de franceses, Samy e Patrícia Raspail. Atualmente, ela mora com a família na cidade de Grenoble, no sudeste francês. Apesar de ser muito feliz ao lado deles, Rebecca sempre teve a curiosidade de saber mais sobre suas origens e conseguiu, por meio do Programa Origens, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), conhecer os pais biológicos.

O programa lançado pelo Núcleo de Adoção e Estudos da Família (NAEF), da 2ª Vara da Infância e Juventude da Capital, do TJPE, ajuda pessoas que foram adotadas e que desejam conhecer a família biológica.

Por meio desta iniciativa, Rebecca Avogadro descobriu que já havia se chamado Jéssica Gregório da Silva. Ela foi adotada junto com dois dos seus oito irmãos, David Dayvson Raspail e Matthieu Matheus Raspail.

Rebecca foi adotada durante a vinda do casal francês ao Brasil. Samy e Patrícia vieram ao país justamente com este intuito e após um mês e meio de convívio com os irmãos, uma profissionais de Assistência Social e Psicologia permitira, que o casal efetivasse a adotasse. Por ter sido adotada ainda pequena, Rebecca tem poucas lembranças da infância no Brasil.

Uma das lembranças é da vivência em uma instituição de acolhimento chamada Casa dos Amigos, no bairro de Campo Grande. Ela se sentia acolhida no espaço, onde tinha um bom tratamento. “O abrigo foi realmente a minha casa, lá eu fui bem acolhida e cuidada”, afirmou.

A jornada para entender as origens começou em 2020. Rebecca decidiu entrar em contato com o TJPE e entrou para o Programa Origens. Ela teve acesso aos documentos que direcionaram e ajudaram a entender a história da vida dela. Rebecca é filha biológica de José Gregório da Silva e Rute Maria da Silva, a penúltima entre os nove filhos do casal. 

O programa do TJPE foi o responsável por intermediar o contato entre Rebecca e a família biológica dela, ajudando no contato virtual da família que há anos não se via. Em 2023, Rebecca  retornou ao Brasil para reencontrar os pais e irmãos que ficaram pelo Recife. Aqui, ela pôde relembrar o carinho da irmã mais velha, Juliana da Silva e o sabor das comidas brasileiras.

O encontro da brasileira com a sua mãe foi marcado por paz e perdão, de acordo com a jovem. Além disso, Rebecca reencontrou o pai, que atualmente mora na cidade de Abreu e Lima. 

Durante o encontro com os pais, Rebecca teve a oportunidade de perguntar tudo o que queria para entender melhor a própria trajetória. “Agora volto para a França com o sentimento que aproveitei, ao máximo, os encontros para esclarecer tudo o que eu queria. É um ciclo que se fecha na minha vida. O futuro se chama liberdade. Agora quero investir na família que estou construindo”, afirmou.

Agora, Rebecca volta em paz consigo mesma para a França. Ela veio acompanhada do marido, Phelipe Avogadro, que fez questão de acompanhá-la em todo o trajeto.

Sobre o Programa Origens do TJPE

O Programa Origens foi lançado pelo TJPE em 16 de novembro de 2022. A iniciativa conta com o apoio de outro programa, o Sei Quem Sou, que surgiu em 2009 e possibilita o acesso às informações processuais relativas à origem biológica de filhos adotivos. 

As pessoas que querem saber mais informações sobre os pais biológicos podem buscar a equipe do Programa Origens, que irá escutá-las, assegurando-as assistência jurídica e psicossocial. 

O programa passa dados presentes no processo judicial e a equipe do NAEF tenta localizar o endereço atual dos genitores e outros membros da família extensa. Caso as partes envolvidas aceitem a aproximação, a equipe da unidade também poderá realizar atendimentos de suporte e acolhimento.

“Nesses encontros surgem diversas questões que precisam ser elaboradas, vem muita emoção, dor, luto – o luto da pessoa que foi adotada, o luto da família – , então a gente dá suporte em todos esses aspectos, a partir da nossa formação em serviço social e em psicologia”, afirma a psicóloga da 2ª Vara da Infância e da Juventude do TJPE, Silvana Nicodemos.

Tags: adoção | franceses | tjpe | recife | pais |

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