Falsos nudes

Falsos nudes em colégio: polícia confirma que 18 alunas foram vítimas de montagem de fotos

Segundo corporação, investigações seguem sob sigilo. Reportagem do Diario de Pernambuco teve acesso ao comunicado feito aos pais pela instituição

Publicado em: 09/11/2023 11:34 | Atualizado em: 09/11/2023 12:41

 informação  foi repassada por meio de nota. Segundo a PCPE, a Delegacia de Polícia de Atos Infracionais (Depai) ligado ao Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA) segue investigando o caso, de forma sigilosa.
 (Rafael Vieira/DP)
informação foi repassada por meio de nota. Segundo a PCPE, a Delegacia de Polícia de Atos Infracionais (Depai) ligado ao Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA) segue investigando o caso, de forma sigilosa. (Rafael Vieira/DP)
 
A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE)  informou, nesta quinta (9), que  as investigações preliminares apontam  que 18 alunas de um colégio particular no Recife foram vítimas de montagens de fotos por meio de Inteligência Artificial  envolvendo conteúdos pornográficos e de nudez. 

A informação  foi repassada por meio de nota. Segundo a PCPE, a Delegacia de Polícia de Atos Infracionais (Depai) ligado ao Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA) segue investigando o caso, de forma sigilosa.

Todas as vítimas são estudantes do Colégio Marista São Luís, no bairro das Graças, na Zona Norte do Recife.

Embora a polícia adote sigilo  para não vazar dados sobre as investigações, informações extraoficiais dão conta que os investigadores já teriam identificado o grupo responsável pelas fraudes, todos alunos da mesma instituição de ensino. 
 
Os celulares deles teriam sido apreendidos e encaminhados para perícia no Instituto de Criminalística (IC). 

Esse número é menor do que havia sido informado anteriormente. Quando caso veio à tona, na segunda (6),  após abertura de inquérito policial, especulou-se que havia 40 vítimas dos falsos nudes. 

As adolescentes, que têm entre 13 e 15 anos, afirmaram que estão sendo vítimas da adulteração de fotos que fazem ligação com  conteúdos pornográficos e de nudez. 

Diante das novas informações, a reportagem do Diario de Pernambuco entrou em contato com o pai de uma das vítimas dos falsos nudes. Ele se mostrou surpreso com o total de vítimas já identificadas e disse que a coordenação da escola já conversou com os pais responsáveis pelos garotos suspeitos de fraudar as imagens de conteúdo pornográfico e de nudez, que foram compartilhadas em um grupo de aplicativos de mensagens WhatsApp. 

A reportagem do Diario teve acesso a um ofício da diretoria do Marista São Luís, assinado pelo diretor Maicon Donizete Andrade Silva e que foi encaminhado para os pais e responsáveis  pelos alunos da instituição. 

O documento de nº 33/2023 da escola, foi expedido na terça (7) e ressalta aos pais dos estudantes quais as medidas que o colégio tomou após ter ciência do caso. 

Confira na integra:

“Em razão dos acontecimentos recentes envolvendo o uso indevido das redes sociais por estudantes, informamos que o Colégio Marista São Luís realizou atendimento e orientou as famílias das vítimas, educandas que tiveram a imagem manipulada por aplicativo de inteligência artificial, na segunda- feira, dia 06 de novembro, tão logo soube do fato.

Registramos que, de imediato, nossa equipe pedagógica fez as primeiras intervenções, com a aplicação das medidas sociodisciplinares previstas em Regimento aos estudantes envolvidos, ao mesmo tempo em que a Direção atendeu as famílias de cada um desses estudantes, informando-as sobre as medidas cabíveis aplicadas. Em relação às estudantes que foram expostas, essa mesma equipe as acolheu por meio de um diálogo atento e cuidadoso.

Frente ao ocorrido, protocolamos ofício junto à Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais - DEPAl e denúncia ao Conselho Tutelar. O Colégio lamenta o fato e se solidariza, prestando o apoio necessário aos estudantes e às famílias. A Instituição reitera o compromisso em apurar o ocorrido,auxiliando nas investigações policiais e aplicar, rigorosamente, as sanções disciplinares. O Marista ressalta que investe, sistematicamente, ao longo do ano letivo, em campanhas de esclarecimento e orientações sobre o uso de redes sociais e ferramentas de inteligência artificial, além de prevenção ao Bullying e CiberBullying, incluindo a presença de especialistas no assunto para abordar o tema com a comunidade educativa”. 

Entenda o caso

Segundo o pai de uma das vítimas, o grupo de alunos responsável pela fraude usou inteligência artificial para fazer a montagem. 

Ele afirmou que o grupo foi identificado pela coordenação da escola e um dos envolvidos já solicitou o pedido de transferência. 

“Os meninos já foram identificados. Os celulares de três deles foram apreendidos pela coordenação da escola. Solicitei à diretoria que os aparelhos fossem encaminhados ao Depai (polícia) para comprovar a ato infracional”, explicou o pai da estudante. 

Como aconteceu 

Ele explicou como foi que vazou as imagens que foram compartilhadas em um grupo de alunos por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp.

“Existe um grupo entre os alunos onde eles trocam mensagens. Dentre os estudantes, um deles tinha conhecimento de um aplicativo de montagem por meio de inteligência artificial. Sem má fé, acredito eu, começaram a trocar nudes de pessoas adultas e personagens”, disse.
 
O pai prosseguiu a explicação e disse que surgiu a idéia de replicar a imagem e mandar para colegas da sala de aula.  

“Foram sugerindo as edições. Ele pegava as fotos nas redes sociais, fazia a montagem e depois jogava no grupo. Dito isso, no final de semana do feriadão, um dos alunos que não participa do grupo pediu que fosse compartilhada uma das imagens. Em seguida, esse menino compartilhou a imagem com outro aluno”, acrescentou.

Ainda segundo o pai de uma vítima, o outro menino teve a ação de denunciar o caso à coordenação da escola. 

“No final os envolvidos ficaram temerosos com as imagens compartilhadas fora do grupo”, explicou o pai.  

O que diz a escola
 
Na terça (7), ao ser procurada pela reportagem do Diario, a direção do colégio por meio de sua assessoria de imprensa disse que somente se pronunciaria por nota. 

No texto enviado à redação, o colégio disse que orientou e prestou atendimento às famílias das vítimas, alunas que tiveram a imagem manipulada por aplicativo de inteligência artificial, tão logo soube do fato nesta segunda (6). 
 
Além disso, a instituição informou que “a equipe do colégio acompanhou os familiares para registrar queixa na Delegacia de Apuração de Atos Infracionais - DEPAI e também fez denúncia no Conselho Tutelar”. 

Ainda segundo a nota, o colégio lamentou o fato e diz ser solidário com as vítimas e que está prestando apóio necessário. 

“A Instituição reitera o compromisso em apurar o ocorrido internamente e aplicar rigorosamente as sanções disciplinares previstas no regimento escolar. Paralelamente, irá auxiliar nas investigações policiais. O Marista ressalta que investe ao longo do ano letivo em campanhas de esclarecimento sobre o uso de redes sociais e ferramentas de inteligência artificial, além de prevenção ao Bullying e CiberBullying, incluindo a presença de especialistas no assunto para abordar o tema com a comunidade educativa”, disse o Marista em nota.
Tags: polícia | nudes | fraude | fotos |

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