PRECARIEDADE

Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano se encontra com instalações precárias

Publicado em: 25/11/2022 10:30

 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação
O Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, referência no atendimento e tratamento psiquiátrico no estado de Pernambuco, foi fundado em 1883. As instalações do centro médico que fica localizado na Avenida Rosa e Silva, 2130, no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife encontram-se em situação precária e sem previsão de reforma, segundo a direção. O hospital já foi administrado pela Santa Casa da Misericórdia e a partir do ano de 1924 sua gestão passou a ser estadual.

O hospital público, que atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é a única emergência de psiquiatria pública do estado, têm 115 leitos, para internamento breve, no período de no máximo 15 dias, em raros casos, os pacientes estendem esse prazo e depois seguem o tratamento outra unidade do seu município. No serviço de emergência são atendidos em média mil pacientes, mensalmente, e no de internamento cerca de 200 pacientes por mês. “O hospital é um serviço de referência, a sua demanda vem de todo o estado, sendo a maior parte dos atendimentos, em média de 70%, do Recife e da Região Metropolitana, e o restante do interior de Pernambuco. A gente atende algumas situações em que o paciente chega na emergência, é atendido, medicado e liberado. Em outros casos, o paciente é internado”, afirmou a diretora do hospital, a médica psiquiatra Ruth Bonow Theil, que ocupa o cargo desde 2015. 

A equipe do serviço de emergência do Ulysses Pernambucano, durante os plantões, é formada por três médicos psiquiatras e dois médicos clínicos. O quadro de profissionais do centro médico, também conta com um grupo multidisciplinar, com psicólogo, terapeuta ocupacional, assistente social, fonodiálogo, tendo uma integração desses profissionais no processo de articulação do paciente ao dar entrada no hospital, ser atendido e encaminhado para o seu território de origem, dependendo do seu caso. Segundo a direção do hospital, a demanda de atendimentos de crianças e adolescentes na emergência tem tido um aumento. A rede de saúde mental para esse público não tem conseguido suprir a sua necessidade de atendimento, sendo encaminhada para o Ulysses, que tem serviço direcionado para adultos. Os internamentos no Hospital Ulysses só ocorrem para os pacientes a partir dos 18 anos. 

Mesmo com um atendimento de destaque no estado de Pernambuco, o hospital enfrenta dificuldades relacionadas a estrutura da sua edificação. De acordo com a diretora, o Ulysses tem recebido, nos últimos anos, investimentos em recursos humanos, em seu número de profissionais, mas para a reforma e manutenção do prédio o hospital não tem recebido. “Embora tenhamos uma equipe qualificada, não temos uma estrutura qualificada, porque, hoje, a estrutura física do hospital está muito precária. O Ulysses Pernambucano precisaria, para continuar funcionando como hospital, de uma reforma. Atualmente, surgiu a polêmica sobre a questão do parque, se vai sair o projeto do parque ou não. Essa proposta prevê um novo prédio para contemplar o serviço de emergência com 90 leitos, então, é uma série de indefinições. Mas a estrutura física do hospital está bastante precária. No entanto, o funcionamento do hospital em relação a equipe temos uma bom grupo e conseguimos prestar um bom serviço à população”, disse a diretora do hospital. 

“A demanda da emergência é sempre muito alta, ela é maior do que a nossa capacidade para o internamento. Então, via de regra, no serviço de emergência que tem a demanda espontânea, sempre tem mais paciente precisando de vaga para internação do que vaga disponível. Mas em relação aos trabalhadores todos os trabalhadores têm seu número de paciente para atender e essa distribuição de trabalho é equilibrada”, destacou Dra. Ruth Bonow, sobre os atendimentos. 

O Ulysses Pernambucano contempla o ensino e a educação na formação de profissionais da área da saúde mental e da saúde, tendo cerca de 500 estudantes integrados ao hospital por ano. O hospital tem a própria residência psiquiatria, e a residência de psicologia e enfermagem em convênio com a Universidade de Pernambuco (UPE). O centro médico também possibilita o desenvolvimento de vários estagiários de outras universidades, visitas técnicas e projetos de artes. Devido a estrutura carente do Ulysses, a Jornada de Saúde Mental do Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, que ocorreu no último final de semana, não aconteceu no seu prédio, pois o auditório apresenta uma situação precária, sendo realizado no auditório do Sindicato dos Servidores da Universidade de Pernambuco, o Sindupe. 
O hospital recebe doações da população, sendo aceito roupas, em bom estado; material para atividade terapêutica com os pacientes, como papel, tinta guache, lápis; material de higiene; material de construção, como tinta; e equipamentos de televisão para os pacientes assistirem enquanto estão no local, pois as TVs do hospital estão velhas e com problemas, segundo a direção. As pessoas interessadas em ajudar, devem ligar para o telefone (81) 31829906 ou pelo e-mail, hup.dir@gmail.com. 
 
Um acompanhante de um paciente do Ulysses Pernambucano, que prefere não se identificar, contou da sua experiência durante o período que esteve no local. Ele chegou ao Ulysses com um familiar, que tem transtorno bipolar e estava em crise na segunda-feira (21). “A equipe médica é excelente, formos bem atendidos, mas a estrutura é muito precária. Enquanto estávamos no hospital, um paciente fugiu. São muitos pacientes para serem observados e não tem onde colocar os pacientes que estão em situação controlada, porque eles foram medicados, mas precisam aguardar a medicação fazer efeito, como o caso do membro da minha família. Meu parente não estava agressivo e nem agitado, só com uma confusão mental. Após ele receber o remédio, eu assinei um termo de internamento até que chamaram, depois de dois dias, e avisaram que eu não podia mais ficar lá, porque ele não tinha o perfil para a enfermaria, já que não tinha nenhuma doença crônica e não é idoso, então, a única opção era mandar ela para o pavilhão. Nesse lugar acontecem brigas entre os pacientes. Assim, preferi trazer ele para casa, justamente, por não ter onde mantê-lo no hospital. Passei três dias na recepção com o meu familiar, numa situação terrível, dormindo em cadeiras e bancos, as cadeiras inclináveis estavam quebradas”, declarou o acompanhante. 
 
O acompanhante também relatou a apreensão que passou, pois pacientes com diferentes diagnósticos dividiam a mesma ala hospitalar, sem que houvesse uma atenção maior com os casos mais sérios. “Minha grande preocupação foi a chegada de pessoas que apresentavam perigo, por estarem no nível de surto máximo. Eles chegavam amarrados, dormiam amarrados. Muitas vezes, depois da medicação, alguns desses paciente eram soltos. Eu não dormia uma noite, pois eu tinha medo que alguns desses paciente, que eram completamente descontrolados, fizessem algo com o meu familiar ou com outra pessoa”. 

Veja a resposta da Secretária Estadual de Saúde, na íntegra, ao Diario de Pernambuco: 
“A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informa que o Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, no Recife, está em pleno funcionamento. A unidade possui 115 leitos ativos para tratar pacientes em crise aguda, com internamentos breves. Após a estabilização do quadro, os usuários são direcionados para darem continuidade aos seus tratamentos na rede complementar em saúde mental junto aos Centros de Apoio Psicossocial (CAPs) e à Estratégia de Saúde da Família, nos municípios.

A SES-PE reforça, ainda, que tem feito investimentos para qualificar a estrutura física do equipamento, beneficiando pacientes e sua equipe multiprofissional. Nos últimos anos, foram realizadas reformas na coberta da unidade e recuperação da cozinha, readequação das instalações elétricas, além de investimento em recursos humanos, com contratação de profissionais por meio de seleção e concurso público, e constantes manutenções corretivas, como pinturas e substituições de equipamentos danificados.”

COMENTÁRIOS

Os comentários a seguir não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL