TRADIÇÃO
Durante ritual, povo Xukuru faz homenagem a Bruno Pereira, indigenista assassinado
Publicado em: 23/06/2022 20:42 | Atualizado em: 23/06/2022 21:37
De acordo com o Cacique Marcos Luidson, Bruno se tornou um ser "encantado" para o povo Xukuru (Cortesia) |
Antes mesmo de os restos mortais do indigenista Bruno Pereira chegarem ao Recife (o que aconteceu por volta das 19h desta quinta-feira), ele já estava sendo homeageado no território pernambucano. Em Pesqueira, o povo indígena Xukuru incluiu o recifense num ritual anual e agora acreditam que ele seja um "ser encantado", símbolo de proteção. Uma viagem até a capital está sendo programada por esse povo para acompanhar o velório, que iniciará às 9h desta sexta-feira (24), no Cemitério Morada da Paz, no Paulista.
De acordo com o Cacique Marcos Luidson, uma grande fogueira foi montada na frente da igreja matriz da cidade no período da tarde. A busca pela lenha na mata envolveu cerca de 1.200 pessoas. "Estamos em ritual na Vila de Cimbres. É uma tradição que acontece todo ano para o povo Xukuru. Foi feita uma fogueira grande na frente da igreja, e depois teve um ritual onde agradecemos aos nossos ancestrais. Na Pedra Sagrada, fizemos uma homenagem ao Bruno, nosso guerreiro, e entendemos que hoje ele se torna um encantado que nos protegerá e estará na mata sagrada", afirmou.
Ainda segundo Marcos, as homenagens ao indigenista se estenderão até a madrugada, com desfecho no mesmo local em que a fogueira foi formada. "Meia-noite temos um ritual na Pedra Sagrada, que chamamos também de Pedra do Conselho, onde agradecemos às forças encantadas. Às quatro horas da manhã será o encerramento na frente da matriz", disse.
Viagem para se despedir
Cerca de 46 indígenas do povo Xukuru estão se organizando para sair de Pesqueira no início da manhã desta sexta-feira (24), por volta das 5h, com destino ao Cemitério Morada da Paz, no Paulista, onde acontecerá o velório de Bruno. O processo de cremação será iniciado às 15h.
Emocionado, o cacique classificou Bruno como um mártir para o povo. "Amanhã vamos fazer nossas últimas homenagens ao nosso mártir, nosso guerreiro", projetou.
Nesta manhã, um homem identificado por Gabriel Dantas, de 26 anos, foi até uma delegacia da Polícia Civil de São Paulo e confessou ter participado do crime, ajudando a jogar os pertences pessoais das vítimas num rio. O homem, seguindo o protocolo policial, gravou um vídeo dando detalhes da sua participação, e será encaminhado para a Polícia Federal.