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Relação dos jovens recifenses com o mercado de trabalho

Publicado em: 01/11/2021 09:30 | Atualizado em: 01/11/2021 20:08

 (Foto: Kleyvson Santos/SEE)
Foto: Kleyvson Santos/SEE
Pesquisa inédita do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) divulgada nesta terça-feira (26) aponta que a grande maioria dos estudantes do ensino médio (91%) têm interesse em cursar ensino superior e (84%) têm interesse na educação profissional. O levantamento ouviu mil alunos de escolas da rede pública de São Paulo e do Mato Grosso do Sul e da rede Sesi, que já estão inseridos no currículo do novo ensino médio. Também foram ouvidos mil estudantes do currículo tradicional.

“Os jovens que estão no novo ensino médio têm uma relação mais positiva, mais favorável com a escola. Eles têm um maior otimismo com o futuro profissional. Nos dois grupos de estudantes, sejam os que estão no ensino médio tradicional ou no novo ensino médio o desejo de cursar o itinerário técnico profissional é dominante para esses dois grupos, demonstrando claramente que os jovens têm uma preocupação significativa sobre alcançar o primeiro emprego e a sua inserção profissional", avaliou o diretor-geral do Senai e diretor-superintendente do Sesi, Rafael Lucchesi.

A pesquisa mostrou ainda que estudantes do novo ensino médio avaliam o modelo como positivo, estão mais satisfeitos com a escola e otimistas com o futuro profissional.

"Essa pesquisa é interessante e inédita porque ela vai conversar com jovens, os estudantes que estão no ensino médio, seja ele tradicional ou o novo ensino médio. A avaliação desse novo ensino médio, qual a relação que eles têm com a escola e como eles enxergam o seu futuro profissional", explicou Lucchesi. A pesquisa foi realizada pelo Instituto FSB Pesquisa.

Entre as mudanças estabelecidas na reforma, a integração da Formação Técnica e Profissional (FTP) e a inclusão de atividades voltadas para o projeto de vida do estudante são as mais bem avaliadas. Para 73% desses estudantes, o potencial do novo ensino médio para melhorar a qualificação profissional do Brasil é grande ou muito grande.

Mercado de trabalho
O levantamento mostrou ainda que a preocupação dos estudantes com a necessidade de trabalhar e a falta de interesse ameaçam a continuidade dos estudos. Para boa parte dos entrevistados, o trabalho informal é realidade. Por outro lado, os estudantes do ensino médio tradicional, a insatisfação com a metodologia de ensino seria um motivo para sair da escola, problema que não foi reportado pelos estudantes do novo ensino médio.

“Hoje a escola prepara exclusivamente para os exames de ingresso na universidade, sendo que o acesso dos jovens de 18 a 24 anos ao ensino superior ainda é muito restrito, apenas 23,8% dessa faixa etária. O novo ensino médio e a formação profissional surgem nesse contexto para dar identidade social e oportunidades ao estudante que não ingressa direto no ensino superior, deseja ou precisa entrar no mercado de trabalho e não consegue por não ter qualificação”, apontou Lucchesi.

Precisar trabalhar é o principal motivo para cerca de um terço dos estudantes cogitarem deixar a escola. A insatisfação com a metodologia de ensino (6%), aparece apenas para os estudantes do modelo tradicional. Dos estudantes ouvidos, 17% dos alunos do modelo tradicional já consideraram deixar a escola, enquanto, entre os estudantes do novo ensino médio, o percentual é de 13%.

Para 35% dos estudantes ouvidos empreender será mais atraente no mercado de trabalho no Brasil. Metade dos alunos (50%) indica que ter emprego formal registrado em carteira é outro ponto relevante. Segundo 28% dos alunos entrevistados, a falta de experiência, a  falta  de qualificação (17%)  e a falta de oportunidade (12%) são os principais obstáculos para um jovem conseguir emprego no Brasil.

Realidade no Recife
Mesmo em realidades e vivências diferentes, alguns estudantes do Recife defendem e têm o desejo de seguir alguma carreira profissional “tradicional”, com formação acadêmica. Estudante do 1º ano do Ensino Médio, Icaro Marques, que estuda no Ginásio Pernambucano (GP), disse se sentir satisfeito com a metodologia de ensino. "Mesmo tendo estudado em escola privada por vários anos e agora estar estudando na pública, me sinto satisfeito. Só estudo, não trabalho. Um dos motivos é que estudo em escola de tempo integral e não daria para conciliar nenhum dos dois".

Para Icaro, estudo é um dos melhores caminhos para se inserir no mercado de trabalho para quem tem a oportunidade. "Pretendo entrar na faculdade e seguir uma carreira profissional, mas estou vendo que até quem tem formação na faculdade está com dificuldade de conseguir emprego. Por isso, tenho dúvidas nessa questão. Nada é fácil e acho que estudar é um bom caminho, mas temos que ver as condições financeiras da família, já que muitos jovens precisam trabalhar para ajudar em casa", frisou.

Já Tiago Matheus Albuquerque, estudante do 1º ano do GP, afirmou que pretende seguir carreira profissional através da formação acadêmica. "Não acho mais fácil trabalhar do que estudar. No trabalho eu posso até me firmar por um tempo, conseguir uma grana extra, mas eu sei que não vai seguir para o resto da minha vida. Por isso, acho melhor estudar para realmente me firmar numa profissão e seguir aquela carreira para a minha vida toda". Ele também faz curso de inglês para também ajudar na futura carreira profissional. 

Como aliar estudo e trabalho
Por sua vez, Ellen Gaziele, que faz o 2º ano do Ensino Médio na Escola Sylvio Rabelo, tenta conciliar os estudos com o trabalho. "Pretendo fazer faculdade e como trabalho com a minha mãe, tenho mais flexibilidade. Nos dias que tenho aula integral, folgo no trabalho, e reservo algumas horas na parte da noite para estudar".

Demetrius da Paixão é estudante do 2º ano do Ensino Médio na Escola São Judas Tadeu e também trabalha. Ele explicou que tenta conciliar as atividades de uma forma dinâmica e planejada. "Deixo minhas atividades prontas e encurto as indesejadas. Com isso, tenho tempo hábil para realizar os imprevistos que acontecem. Não me sinto satisfeito com a metodologia de ensino utilizada. Na minha visão, poderia ter uma porta de acesso do ensino médio com alguma atividade profissional, para que já pudéssemos sair com o currículo em mãos, o que já seria um passo na área profissional", desejou.

Demetrius deseja ser profissional de engenharia mecânica, mas não se prende a isso para seguir carreira profissional. "Para ser engenheiro mecânico tenho que ter um curso superior, mas nada impede que eu siga outro caminho na área profissional, seja com ou sem graduação. Está difícil conseguir emprego hoje em dia. A falta de incentivo do governo federal está afastando grandes empresas do cenário nacional, o que leva à escassez na geração de emprego", pontuou. 

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