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Os benefícios da Constelação Familiar na busca pela paz

Publicado em: 26/11/2021 08:58

 (Foto: Marcelo Pelizzoli / Arquivo pessoal)
Foto: Marcelo Pelizzoli / Arquivo pessoal
Tomar consciência profunda das dores e amores que carregamos em nosso sistema familiar. Essa é a contribuição proposta pelas Constelações Familiares e Sistêmicas, um conjunto de métodos terapêuticos utilizados com sucesso na resolução de conflitos, melhoria nos relacionamentos e na saúde. A técnica surgiu nos anos de 1980, e desde então vem se expandindo pelo mundo, indo além do sistema familiar, sendo também usada no âmbito das organizações e na educação.

A prática se baseia nos livros de Bert Hellinger, teólogo, filósofo e pesquisador alemão, e no Brasil, está presente há mais de 20 anos. Em Recife, um grupo da Universidade Federal de Pernambuco se dedica a oferecer, gratuitamente, o uso da técnica para auxiliar as pessoas a entenderem e enfrentarem os seus problemas. Em entrevista ao Diario de Pernambuco, os professores PhDs Marcelo Pelizzoli e Cecília Costa, que fazem parte do Espaço de Diálogo e Reparação (EDR) da UFPE, explicaram a importância e os benefícios das Constelações Familiares e Sistêmicas.

“As Constelações têm ajudado milhões de pessoas a compreender obstáculos internos afetivos, crenças aprisionadoras, reencontrar o sentido do valor profundo da vida, da alteridade, que é o respeito ao outro, a responsabilidade pessoal e a importância dos vínculos familiares, seja qual for o contexto familiar em questão”, afirmou o professor Marcelo Pelizzoli, que coordena o EDR, no contexto da Cultura de Paz e dos Direitos Humanos.

Criado em 2014, o EDR vem oferecendo as constelações, de maneira gratuita, desde 2018, “contribuindo para a harmonização familiar e mudanças nos comportamentos destrutivos”, ressaltou Pelizzoli. De acordo com a professora Cecília Costa, o foco inicial do grupo era a comunidade acadêmica e seu entorno, mas desde o início da pandemia as atividades estão sendo feitas de forma remota, o que permitiu a participação de outros públicos. “Durante a pandemia também cresceu o número de pessoas que procurou a técnica como contribuição para superar o luto e a depressão”, apontou Cecília.

Na UFPE, as constelações também são oferecidas através de parceria com a Prefeitura do Recife, através do Serviço Integrado de Saúde (SIS), sendo coordenadas pelo psicólogo Tiago Ribeiro. Segundo o coordenador do EDR, alguns professores também usam a visão sistêmica por meio de dinâmicas pedagógicas para melhorar o aprendizado, “aliando a educação à promoção da vida e de relacionamentos saudáveis”, comentou.
 
Várias possibilidades
Desde 2018 as Constelações Familiares são reconhecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como uma das Práticas Integrativas e Complementares à Saúde (PICS). Os professores destacaram que em uma revisão bibliográfica básica em 2020, mais de 5 mil materiais acadêmicos que tratam do tema foram encontrados, apresentando um bom nível de evidências científicas dos benefícios dessa técnica.

A CF pode ser aplicada em diversas áreas. Um dos seus usos mais intensos, atualmente, é no judiciário, especialmente nas varas de família, por possibilitarem maior eficácia na solução judicial dos conflitos, pacificação social e redução do desgaste frequente dos envolvidos nas causas. “O índice de conciliação nas varas de família alcança até 91% quando pelo menos uma das partes participa e até 100% quando ambas as partes participam das constelações”, ressaltou Cecília.
 
Abertura da Constelação
No EDR, todos que buscam experimentar a técnica são, primeiramente, convidados a assistir às sessões e, apenas quando se identificam com ela, é que podem solicitar a abertura de constelação. “Há diversas formas de abrir uma constelação, pode ser individual, em grupo, presencial ou online. Nós usamos as constelações como modo complementar a outros serviços que a UFPE e o SUS oferecem à comunidade no âmbito do bem-estar e saúde”, explicou a professora.

As sessões de Constelação Familiar do grupo ocorrem quinzenalmente, com um número de participantes que varia entre 15 e 40 em cada encontro. A participação é gratuita e as pessoas interessadas em conhecer melhor e experimentar a prática podem enviar uma solicitação através do e-mail: edr@ufpe.br. São membros do EDR os professores (PhDs): Marcelo Pelizzoli, Cecília Costa, Fátima Galdino e Maria José de Luna, e o advogado Wellington Lima, além de voluntários.
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