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CONSCIÊNCIA NEGRA

Consciência Negra: pessoas negras ainda são minoria em cargos de liderança

Publicado em: 19/11/2021 15:46 | Atualizado em: 19/11/2021 17:54

 (Foto: Reprodução/Pixabay)
Foto: Reprodução/Pixabay
Novembro é marcado pelo Dia da Consciência Negra (20), que relembra a história de Zumbi dos Palmares e a luta do povo negro pela liberdade e respeito. Muito já se avançou, mas ainda há um longo caminho de desafios para a população negra percorrer, inclusive na busca de boas oportunidades no mercado de trabalho.

Mesmo com 56% da população se autodeclarando de raça negra, o Brasil possui apenas 29,9% de negros ocupando cargos de gerência, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em um outro levantamento, realizado pelo Vagas.com, a maioria dos pretos e pardos estão ocupando posições operacionais (47,6%) e técnicas (11,4%), enquanto apenas 0,7% estão em cargos de diretoria.

Construir uma cultura empresarial que pensa na inclusão e diversidade é a chave para uma empresa que busca a equidade racial, a valorização dos colaboradores e o lucro. Segundo estudo feito pela consultoria McKinsey & Company, organizações que possuem diversidade étnica em cargos executivos têm 36% mais chances de aumentar a lucratividade por serem mais inovadoras, criativas e terem uma equipe mais produtiva.

Na tentativa de diminuir esse abismo e impulsionar a pluralidade no mercado de trabalho, empresas têm agido de forma proativa para atrair, capacitar e dar oportunidades a pessoas negras em cargos de liderança. A exemplo disso está o Diversifik, movimento criado pela BRK Ambiental, que desenvolve estratégias para ampliar as discussões e práticas sobre diversidade e inclusão.

O Programa de Aceleração de Carreiras para Mulheres Negras e o Programa de Estágio BRK Ambiental são frutos do Diversifik. O programa de aceleração, feito em parceria com o Grupo Mulheres do Brasil, tem desenvolvido profissionais negras para ocupar cargos de liderança, enquanto o programa de estágio superou a meta estabelecida pela empresa e preencheu 59% das vagas com jovens estudantes negros em 2021.

Um novo olhar
Magnólia de Jesus é um dos frutos do Diversifik. No ano passado, ela foi uma das participantes do Programa de Aceleração de Carreira de Mulheres Negras e, em 2021, foi convidada para ser uma das mentoras.

“Se eu conseguir influenciar positivamente com a minha história pessoal e profissional a vida de alguma mulher da BRK, já vou me sentir feliz. O mais bonito e importante do Diversifik, é que não importa raça, cor ou sexo, aqui valoriza-se pessoas competentes que querem fazer parte da transformação na vida das pessoas”, destacou Magnólia.

Para ela, o mercado de trabalho, em relação a diversidade, está caminhando apesar de ainda haver um trabalho grande em desenvolvimento, mas que por meio do programa foi possível “olhar pra dentro, olhar para minha ancestralidade e dar valor a minha história, a minha raça, a minha cor”, finalizou.

Além de Magnólia de Jesus, temos Renata Samuel, que participou do Programa de Aceleração de Carreira de Mulheres Negras em 2020, e hoje trabalha na área de Operação na BRK de Pernambuco.

“A minha experiência com o programa tem sido maravilhosa, em especial com o programa de aceleração de carreiras para mulheres negras. Eu tive a oportunidade de vivenciar o programa com uma imersão profunda nas competências e habilidades com foco no desenvolvimento pessoal e profissional. O mercado está cada vez mais aquecido com foco no desenvolvimento das pessoas e diversidade, sempre com inclusão de mulheres e a empresa está nesse caminho, essa já é uma realidade que podemos vivenciar dentro da BRK”, relata Renata.

Conhecimento é evolução
O Brasil é um país mestiço, biológica e culturalmente. Apesar disso, Viviane Gurgel, que atualmente está participando do Programa de Aceleração de Carreira de Mulheres Negras da BRK, via o tema da diversidade ser tratado pelo mercado apenas no discurso e não na prática, até iniciar sua jornada na empresa de água e saneamento.

“No país, essa é uma discussão que está tomando fôlego agora. Programas e ações de inclusão como esse são fundamentais para se aproximar da realidade e efetivar discursos para mudanças na realidade do mercado, tornando-o mais inclusivo. Muitos simplesmente desconhecem a classificação de negro adotado pelo censo do IBGE”, explicou Gurgel, que atua como Relações Institucionais e Governamentais Nordeste, na sede da BRK em Maceió.

De acordo com convenção do IBGE, no Brasil, são negras as pessoas que se autodeclaram preto ou pardo, uma vez que a população negra é o somatório de pretos e pardos. As expectativas de Viviane com sua participação no programa é de contribuir com a mudança da realidade e “saber lidar melhor diante de situações de preconceito, aprendendo a me posicionar melhor em diálogos difíceis”, completou.
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