Vida Urbana
Reivindicação
Em ato por Mariana Ferrer, manifestantes pedem fim da cultura do estupro
Publicado: 08/11/2020 às 17:09

/Foto: Bruna Costa/ Divulgação
Uma das organizadoras da manifestação, Manuela Magry, afirma que a sensação de injustiça causada pelo ocorrido com a influenciadora foi o que motivou o grupo a se reunir. “A gente tem que ter voz, tem que fazer barulho, para que, um dia, a gente possa mudar a situação”. A universitária conta que já passou - e passa - por diversas situações de abuso cotidianamente. “Eu tenho a noção de como é se sentir violada”, conta.
Guita Kozmhinsky, coordenadora nacional do Movimento de Mulheres Olga Benário, um dos grupos participantes da manifestação, ressalta a importância do ato, mesmo no contexto atual de pandemia. “Mesmo diante dessa pandemia, estamos presentes. É necessário resistir a mais uma agressão às mulheres. Foram anos de luta para podermos chegar onde estamos, juntas, respondendo a um ataque como esse” afirma.
Integrante dos movimentos Fórum de Mulheres de Pernambuco e Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas, Bárbara Pereira ressalta que o problema está nas bases da estrutura social. “A gente acredita que é algo muito maior do que o que aconteceu com Mari Ferrer, e entende o quanto é importante lutarmos contra a cultura do estupro”, destaca.
Outro coletivo de mulheres representado na manifestação deste domingo foi a Marcha Mundial das Mulheres em Pernambuco. Sheila Samico, integrante do movimento, ressalta o caráter empático de manifestações como essa. “Acreditamos que uma luta não é individual, ela precisa ser coletiva. O sistema opressor está sempre nos condenando, independente da situação adversa”, afirma.
Comoção nas redes
O caso envolvendo a influenciadora Mariana Ferrer voltou a ganhar visibilidade nacional depois que o site The Intercept publicou trechos em vídeo da audiência que decidiu pela absolvição do empresário André de Camargo Aranha, acusado de estuprar a jovem em 2018 durante uma festa na praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis. Mariana, que era virgem na época, afirma que foi dopada e estava inconsciente no momento do ato.
Em setembro, o juiz do caso considerou Aranha inocente, atendendo à argumentação do Ministério Público, que definiu o crime como estupro sem dolo. Nas imagens do julgamento, é possível ver a influenciadora chorando, enquanto o advogado de defesa do empresário, Cláudio Gastão da Rosa Filho, mostrava fotos sensuais dela, da época em que era modelo profissional, para justificar a atitude do seu cliente quanto ao ato sexual, mesmo quando a jovem estava inconsciente. No vídeo, o advogado afirma que “jamais teria uma filha” do “nível” de Mariana e repreende o choro da jovem. “Não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lábia de crocodilo”, afirmou.
O tratamento dado à blogueira durante o julgamento e a sentença, inédita no país, causaram revolta nas redes sociais, e provocaram diversos atos, como o deste domingo, realizados em diferentes locais do país. No Recife, uma manifestação semelhante aconteceu no último sábado (7), na Praça do Derby, área central da cidade. Por lá, um grupo de pessoas se reuniu com cartazes em solidariedade à blogueira, pedindo justiça contra o acusado.
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