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CONSCIENTIZAÇÃO

Ônibus do Grande Recife ganham exposição por uma infância sem racismo

Publicado em: 08/10/2020 09:21

 (Foto: Andréa Leal)
Foto: Andréa Leal

 
Entre os dias 16 e 31 de outubro, todos os ônibus que compõem atualmente a frota em circulação do Grande Recife Consórcio de Transportes ganham uma exposição fotográfica para lembrar o mês dedicado às crianças. A mostra itinerante da fotógrafa Andréa Leal traz como tema “Por uma infância sem racismo” para alertar sobre os impactos do racismo na vida de milhões de crianças e adolescentes brasileiros.
 
A exposição também traz a atenção para  a necessidade de uma mobilização social que assegure o respeito e a igualdade étnico e racial desde a infância, convidando cada um a atuar a seu modo por uma infância e adolescência livres do preconceito racial.
 
Andréa Leal, presidente e fundadora do Instituto Luz Natural, instituição sem fins lucrativos que utiliza a fotografia como ferramenta de mudança social, se juntou ao  Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo que reuniu 12 estudantes para que mostrassem seu protagonismo e suas histórias de luta contra o preconceito, por oportunidades, resgate da autoestima e valorização de suas raízes culturais.
 
Além da exposição, que também pode ser conferida gratuitamente em ambiente virtual, as imagens deram origem a um foto-livro cujo lucro da  venda será revertido para a ONG que atua há mais de 30 anos na comunidade de Chão de Estrelas, no Recife, com trabalho socioeducativo e resgate da cultura popular e negra por meio de oficinas de danças afro e popular, artes plásticas, percussão, canto, hip hop, leitura, cidadania, entre outras e sobrevive com ajuda de voluntários e doações. Além das fotografias, o álbum traz depoimentos das crianças ou seus pais e repassa 10 atitudes que cada um pode tomar para contribuir por uma infância sem racismo. As peças fazem parte do projeto “Toda Criança é Especial” realizado há 4 anos para que cada criança conte a história da sua vida como deseja, sem sofrer qualquer violência ou discriminação e para que viva plenamente, como toda criança merece.
 
Este ano, a iniciativa acontece também em homenagem ao menino Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, morto no dia 02 de junho de 2020 após cair do 9º andar de um prédio de luxo no Centro do Recife. A criança estava sob os cuidados da patroa de sua mãe, trabalhadora doméstica que havia levado o cachorro dos donos da casa para passear. Um caso que chocou o país e lançou luz sobre os rumos que a discriminação racial tem tomado na vida de nossas crianças.
 
Números
 Toda criança tem direito à proteção contra a violência. No entanto, a violência é um indicador que vem piorando nas últimas três décadas no Brasil e, 89,2% das vítimas de homicídios de 10 a 19 anos são negros. Toda criança tem direito a se desenvolver plenamente, mas milhões têm seu potencial interrompido pelo trabalho infantil e, 64,1% das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil são negros. Toda criança tem direito à educação, mas há milhares de estudantes que passam pela escola sem aprender. As populações preta, parda e indígena tiveram entre 9% e 13% de estudantes reprovados, enquanto entre brancos esse percentual foi de 6,5%. Os dados são do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

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