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Pandemia movimenta máquinas de costura no interior do estado

Publicado em: 26/08/2020 13:59 | Atualizado em: 26/08/2020 14:07

Cooperativa trabalha na fabricação de máscaras de tecido. (Foto: Divulgação.)
Cooperativa trabalha na fabricação de máscaras de tecido. (Foto: Divulgação.)

Além de ser item indispensável para prevenir a contaminação pelo novo coronavírus, a máscara se tornou a principal fonte de renda para quem vive da costura. O uso é recomendado para toda a população, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e considerado obrigatório no estado de Pernambuco em locais com aglomeração desde o último mês de junho. A exigência movimentou as máquinas de costura não só no Agreste do estado, por ser polo de confecções, mas também na Zona da Mata. Em Paudalho, uma cooperativa de costureiras vem ganhando força durante a pandemia.

Há mais de 20 anos trabalhando com costura na própria casa, Edineide Nunes, de 58 anos, viu a demanda crescer nos últimos cinco meses. "Fui chamada para auxiliar nas aulas da cooperativa no início do ano e pouco depois veio o isolamento. E com ele, a recomendação de usar máscara. Fomos nós, costureiras, que atendemos a essa demanda inicial. Está sendo um período de aprendizado para todos nós. Muita gente que não tinha emprego aprendeu a costurar e hoje já tem uma fonte de renda", diz.

Os cursos de capacitação em modelagem, corte, costura doméstica, industrial e confecção têxtil oferecidos gratuitamente pela Cooperativa de Costura e Confecção da cidade de Paudalho já formaram mais de 500 pessoas desde 2017. Esse ano, as aulas foram suspensas por causa da pandemia. Mas, por outro lado, a produção aumentou nesse período. "Nós suspendemos as aulas e logo depois surgiu a recomendação de usar a proteção. A prefeitura de Paudalho entrou em contato em março e desde então já fizemos mais de 120 mil máscaras de tecido. A pandemia acelerou os trabalhados da cooperativa. Infelizmente aconteceu algo ruim para as pessoas saírem do lugar. E nós fomos levados por essa onda", comenta Manoel de Moura, presidente da cooperativa.

Os acessórios foram distribuídos pela prefeitura para pessoas que integram o grupo de risco como idosos, gestantes e pessoas com comorbidades. A distribuição foi feita por visita domiciliar dos agentes da Secretaria de Saúde do município. A produção das máscaras, encomendada pela prefeitura, durou de abril até maio e mobilizou 20 costureiras que se dividiam em três turnos.

 (Foto: Divulgação.)
Foto: Divulgação.
A cooperativa foi criada em outubro de 2017 atendendo a um plano que já era alimentando por muito tempo na cidade. "A criação de um polo de costura em Paudalho já é um sonho antigo. A proximidade com o Agreste facilita que isso saia do papel. A nossa intenção é trabalhar terceirizando o serviço para o agreste, oferecer cursos avançados de alta costura porque Paudalho tem figurinistas, artistas plásticos, então pretendemos criar uma coleção própria e apresentar para outras localidades", revela Manoel.

Em 2018, a cooperativa recebeu incentivo de R$ 86 mil da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper). Com o recurso, a equipe investiu na contratação de consultoria, compra de máquinas, equipamentos de informática, ar acondicionados, cadeiras, mesas, armário, além do revestimento em PVC do teto. Atualmente, a sede possui estrutura com mesa de modelagem, 10 máquinas industriais e uma máquina de bordado.

Além da produção de máscaras, tem surgido encomenda da indústria têxtil. "Muitas pessoas estão nos contatando e no Agreste surgiu uma lacuna. Com o recebimento do auxílio emergencial, as costureiras começaram a investir em seus trabalhos dentro das próprias casas, comprando máquinas, tecidos já cortados, pintados e ganham com venda da unidade. Então, os grandes fabricantes que usavam da terceirização do trabalho delas estão sem costureiras", diz.

A partir de agora, ele espera que a profissão seja mais valorizada. "A pandemia trouxe mais consciência para muita gente, acredito que para grande parte da população. E a valorização de muitos setores da indústria nacional. Com a necessidade de máscaras artesanais, as costureiras ganharam maior valor social. Mas, no fim da pandemia, quando não for mais necessário usar máscara, precisamos ter um plano a médio e longo prazos para que se perceba que conseguimos fazer de forma local o que muitas vezes vem de fora do país".
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