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Ventania e ondas fortes danificam enrocamento da Praia de Boa Viagem

Publicado em: 30/07/2020 19:07

O desarranjo das pedras causa desníveis na faixa de areia e revira placas de concreto. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP.)
O desarranjo das pedras causa desníveis na faixa de areia e revira placas de concreto. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP.)

Quem anda pela Praia de Boa Viagem, entre o Clube da Aeronáutica e o edifício Castelinho, se surpreende com a situação do enrocamento de pedras, feito para conter o oceano. Nas últimas duas semanas, ventos e ondas mais fortes danificam o arranjo. Há rochas reviradas e desníveis em várias partes da faixa de areia, o que aumenta o risco de quedas e tropeços.

O Diario foi até o trecho, de pouco mais de dois quilômetros de extensão, na tarde dessa quarta-feira (29). Equipes da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) estavam reorganizando o equipamento. Mas considerando o  alerta de mau tempo emitido pela Marinha também nesta quarta, o serviço terá de ser refeito várias vezes, até que a situação se estabilize.

Ao longo do percurso se vê as escadarias de acesso ao mar quebradas ou tortas. Em alguns pontos há desníveis da faixa de areia superior. E as placas de concreto, que dividem a areia das pedras, quando não estão rompidas ao meio, se encontram colocadas de forma irregular ou trêmulas. Durante a estadia no local, a reportagem flagrou um homem tropeçando em uma das placas, enquanto passeava com seu cachorro de estimação. Por pouco, não houve um acidente maior.

Proprietário de um quiosque na praia há cinco anos, o comerciante Paulo Batista afirma que essa é uma situação que se repete sempre. “É um serviço perdido. A prefeitura vem, conserta, fica bonito e bem feito. Mas com dois ou três dias tá tudo bagunçado de novo. Faz uns dois meses que a ventania está muito forte”, comenta. Já a professora Karina Barbosa evita de passear com seu cachorro no arrocamento. “Acredito que a prefeitura poderia dar uma atenção maior a essa situação, porque está muito feio. E a Praia de Boa Viagem é o cartão-postal da cidade”, opina.

O professor Marcus Silva, do departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), conta que o enrocamento de pedra não pode ser levado como uma solução definitiva para a contenção do mar. “Ele é paliativo. Você não consegue manter uma estrutura rígida dessas levando impactos fortes, como os do mar, toda hora. É como diz aquele ditado: ‘água mole em pedra dura, tanto bate até que fura’”, aponta.
Manutenção do enrocamento é feita pela Emlurb. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP.)
Manutenção do enrocamento é feita pela Emlurb. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP.)

“É comum, entre julho e agosto, ter uma intensificação dos ventos. E isso fortalece o transporte litorâneo de sedimentos, que envolve areia. A praia em si já é o sistema natural de amortecimento. A areia reduz a energia das ondas. Mas as pedras barram esse processo e intensifica o processo erosivo. Além disso, o nível da praia em relação à avenida já demonstra que há um perfil de desequilíbrio”

Marcus defende que se faça uma intervenção mais duradoura na praia. “A onda vai sempre arrebentar e desgastar a pedra. E o custo de ficar recuperando é muito alto. Então, é melhor utilizar esse recurso para fazer uma obra de maior durabilidade, estudar como garantir a reposição natural da faixa de areia, do que só jogar pedra”, pontua.

Em nota, a Emlurb informa que “possui um contrato permanente para a manutenção da orla de Boa Viagem e sempre realiza serviços nos equipamentos quando necessário. O órgão já está com uma ação de enrocamento (rearranjo das pedras de contenção) e aguarda melhores condições da maré para providenciar a execução do serviço”.
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