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Covid-19

Secretário pede que pessoas com sintomas gripais se testem e vê incertezas em inquéritos sorológicos

Publicado em: 28/07/2020 19:39 | Atualizado em: 28/07/2020 19:49

Nos últimos 13 dias, apenas 1,9 mil pessoas com sintomas gripais se testaram. 'É muito baixo, muito aquém do esperado', disse André Longo. (Foto: Reprodução/Governo de Pernambuco.)
Nos últimos 13 dias, apenas 1,9 mil pessoas com sintomas gripais se testaram. 'É muito baixo, muito aquém do esperado', disse André Longo. (Foto: Reprodução/Governo de Pernambuco.)

O secretário estadual de Saúde, André Longo, reiterou o pedido para que todas as pessoas que tiveram ou que estejam com sintomas gripais, independente da forma (grave ou leve), procurem os serviços de Saúde municipais para realizar o teste do novo coronavírus. Desde 15 de julho, o governo de Pernambuco passou a examinar todos os quadros gripais - e não mais os graves ou mais suspeitos, como vinha acontecendo. A partir de agosto, todo mundo que teve contato com alguém que tenha apresentado qualquer tipo de indício de infecção poderá ser testado. 

Já se passaram 13 dias desde que a testagem foi estendida para todos com sintomas. No entanto, apenas 1,9 mil pessoas procuraram o recurso, número considerado extremamente baixo pelo estado. “É muito baixo, muito aquém do esperado. Por isso pedimos a todos que avisem amigos, vizinhos e familiares deste direito de fazer o teste, seja ele RT-PCR ou o teste rápido, a depender da sintomatologia e do tempo que vem apresentando sintomas”, enfatizou André Longo.

Dos 1,9 mil exames realizados até esta terça-feira (28), 1.051 foram do tipo RT-PCR, que serve para detectar infecções ativas, e outros 849 foram testes rápidos, que detectam se a pessoa já foi infectada anteriormente. A marcação do exame depende de acordo com cada cidade. Em 143 municípios, a orientação é que seja agendado pelo serviço Atende em Casa, no aplicativo de Android ou no site www.atendeemcasa.pe.gov.br. Confira a relação completa das localidades em bit.ly/304QoKK.

“Nos sentimos maduros para avançar na testagem de todos os sintomáticos. Os municípios receberam uma quantidade grande de testes rápidos, além daqueles que compraram por conta própria. Estamos alinhados com Petrolina, para que a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) passe a processar exames de RT-PCR por lá, desafogando o Laboratório Central de Pernambuco (Lacen-PE), no Recife”, acrescentou André.

Situação sorológica
A prevalência da Covid-19 na população pernambucana ainda é algo incerto. Menos ainda em determinados grupos sociais. Segundo o secretário, não há um consenso sobre qual a melhor forma de lidar com investigações sorológicas. “A taxa de prevalência na população que trabalha em serviços essenciais, mais exposta, tende a ser muito maior que nos idosos, crianças em idade escolar ou portadores de comorbidades. E esses inquéritos não vão conseguir demarcar bem como cada grupo vem sendo afetado, a não ser que se adapte as amostras”, ponderou

Três estudos foram citados por ele como exemplos. Um deles já concluído, o da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Divulgado em maio, mostrou que o número de pessoas com o vírus no Recife pode ser quatro vezes maior: “Foi aplicado um número muito pequeno de questionários e amostras. Acredito que o resultado foi muito mais baixo que a realidade”. 

Os outros são o levantamento epidemiológico de Fernando de Noronha e a avaliação do banco de sangue do Hemope ao longo de 2020, encomendado ao Instituto Aggeu Magalhães. “Sabemos que isso, num primeiro momento, vai mudar muito pouco a estratégia de prevenção. Mas são bases que precisam ser adquiridas para que a gente tenha patamar para avaliar no futuro”, defendeu.

Também presente na coletiva virtual, o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, demonstrou outras fragilidades na investigação. “Inquéritos soroepidemiológicos não dão respostas completas. Há estudos que mostram que pessoas com resultado positivo, confirmado por RT-PCR, não desenvolvem anticorpos suficientes para detecção em exame laboratorial. O teste rápido também pode superestimar a quantidade de infectados, já que pode detectar outros coronavírus. E há aquelas pessoas que não tem anticorpo, mas tem alguma proteção parcial, mediada pelas células T. Além da duração da proteção não ser algo plenamente estabelecido”, disse.
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