(Praça de Casa Forte, projetada em 1934 por Roberto Burle Marx. Foto: Bruna Costa/Esp. DP)

A Praça de Casa Forte, um dos primeiros projetos de jardins públicos do Recife, criado pelo paisagista Roberto Burle Marx em 1934, carrega consigo os encantos dos espelhos d’água e a beleza natural das plantas aquáticas, como a vitória-régia e aninga-açu, quase sempre disponíveis para apreciação dos transeuntes do bairro de Casa Forte, na Zona Norte do Recife. Ponto de encontro entre a gastronomia, esporte e lazer, o jardim é palco de apresentações culturais e serve de cenário para aqueles que costumam praticar atividades físicas, ler um livro ou fazer uma refeição nas proximidades.
Apesar do tempo nublado e com chuva alternada, Lucas Lins da Silva, de 25 anos, corre cotidianamente na Praça e diz que tem uma relação especial com o lugar.
“Todos os dias eu corro aqui, faça chuva ou faça sol. É como se fosse o quintal da minha casa, é arborizado então eu sempre encaixo um tempo na minha rotina”, contou o estudante de educação física.
Para o flanelinha e manobrista Victor Henrique Ferreira, 28, trabalhar no local é sinônimo de calmaria.
“Trabalho aqui há oito anos e já vi algumas coisas mudarem. É tudo muito calmo, as pessoas correm pela manhã e no final da tarde, tem a feirinha de alimentos orgânicos, outros sentam nos bancos para conversar ou só ficam olhando a praça mesmo. Não quero trabalhar em outro lugar, para ser sincero”, relata.
No mês de novembro, o jardim recebe a tradicional Festa da Vitória Régia, que marca o calendário pernambucano há mais de 40 anos. O festejo acontece desde 1978 e é promovido pela Matriz de Casa Forte.
Roberto Burle Marx celebraria, em 2020, 111 anos. Nome importante na composição de espaços públicos da capital pernambucana, seis jardins projetados pelo paisagista foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2015, e se tornaram patrimônio histórico e ambiental da cidade. São eles, a Praça de Casa Forte, no bairro de Casa Forte; Jardins do Campo das Princesas, bairro de Santo Antônio; Praça Salgado Filho, em Boa Viagem; Praça Euclides da Cunha, Madalena; Jardins da Farias Neves, no bairro de Dois Irmãos e a Praça do Derby, localizada no Centro do Recife.
“Meus avós se conheceram aqui na Praça do Derby, na época de 1950. Se não fosse por este lugar eu nem estaria aqui hoje. Eu gosto de vir aqui porque é muito bonito, dava para ver os peixes e tem uma grande área verde. Infelizmente, algumas partes estão mal cuidadas”, contou o vendedor de imóveis, Iranildo dos Santos, de 29 anos.
Outros espaços públicos carregados de história são as praças Chora Menino, Entroncamento, Maciel Pinheiro, o Jardim da Capela da Jaqueira e os largos da Paz e das Cinco Pontas.
Semana Burle Marx 2020:
Neste ano, devido à pandemia do novo coronavírus, a 11ª Semana Burle Marx será cem por cento virtual, e contará com atividades gratuitas e online a partir da terça-feira (04), dia do aniversário do paisagista, com palestrantes do Brasil, Portugal, Uruguai e México. Além disso, programação também contará com desafios virtuais através do Museu da Cidade do Recife (MCR), que divulgará um quiz com 10 perguntas no stories do seu perfil @museudacidadedorecife. Quem acertar todas as perguntas participará de um sorteio para ganhar um kit especial do MCR, formado por uma coleção de seis postais com praças idealizadas pelo paisagista, uma caneca com a imagem do Forte das Cinco Pontas, e o Catálogo do Acervo Cartográfico do MCR.
Ainda na terça-feira (04) e na quarta-feira (05) acontecerá, a partir das 14h, a primeira edição do Seminário Internacional Paisagem e Jardim com o tema Burle Marx em sintonia com o tempo, que contará com a participação de palestrantes do Brasil, Portugal, Uruguai e México.
Já na quinta-feira (06), às 19h, a programação ficará por conta de uma Live no YouTube do Coletivo Tereza Costa Rego de Cultura, com o tema: O Legado de Burle Marx no Recife. A ação contará com a participação de Ana Rita Sá Carneiro, coordenadora do Laboratório da Paisagem da UFPE; de Cida Pedrosa, ex-secretária de Meio Ambiente do Recife e de Luiz Vieira, professor, arquiteto paisagista da UFPE.