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Laudo do Crea nega risco de desabamento de áreas do Getúlio Vargas

Publicado em: 05/12/2019 18:01 | Atualizado em: 05/12/2019 21:45

Hospital Getúlio Vargas apresenta problemas na estrutura desde 2004. (Foto: Diogo Cavalcante/DP.)
Hospital Getúlio Vargas apresenta problemas na estrutura desde 2004. (Foto: Diogo Cavalcante/DP.)
Apesar dos estalos, rachaduras e fendas na estrutura dos blocos G1, G2 e G3 do Hospital Getúlio Vargas, está descartado o risco iminente de queda. Esse é o resultado do laudo técnico do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), divulgado na tarde desta quinta-feira (5). O documento afirma que não há “indicativos de comprometimento iminente da estabilidade” do prédio. No entanto, a entidade reconhece que a estrutura do bloco G possui diversas patologias estruturais e pede que o “poder público adote medidas capazes de solucionar definitivamente” os problemas na estrutura predial de parte do hospital localizado no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife. Nesta sexta-feira, o Ministério Público de Pernambuco fará uma visita à unidade hospitalar. 

A avaliação do Crea-PE confirma outros dois laudos, um emitido pela empresa de engenharia H. Laprovitera, elaborado a pedido da Secretaria estadual de Saúde (SES-PE) e o outro pela Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe), que já afastavam risco alto de desabamento dos três setores. Apesar de negada a possibilidade de desabamento, o bloco G3 continua interditado para “preservar a estrutura”, de acordo com o diretor de engenharia da SES-PE, Josué Regino. “Os estalos na madrugada da quinta pra sexta da semana passada procedem. Eles aconteceram. No entanto, até o momento, não conseguimos identificar evidências estruturais de onde exatamente os estalos vieram. Ou seja, não sabemos se eles saíram do bloco G1, G2 ou G3, por isso pressupõe-se que foi algum ajuste ou acomodação da estrutura”, explicou Josué Regino. 

A expectativa da Secretaria de Saúde é de que os outros dois blocos, G1 (emergência e cirurgias ambulatoriais) e G2 (bloco cirúrgico) voltem a funcionar normalmente em até três dias. Para tanto, será necessário que o Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) receba a comunicação oficial do laudo do Crea-PE e decida, em votação, se os profissionais de enfermagem vão voltar ou não a trabalhar no espaço. A SES-PE afirmou que o Coren-PE teria sido notificado às 14h20 desta quinta-feira, no entanto até o fechamento desta edição, o conselho informou que não havia sido informada oficialmente e, portanto, a interdição ética de todo o bloco G, decretada na última quarta-feira, segue em vigor. A diretoria do hospital informou que o monitoramento visual continuará sendo realizado diariamente. 
 
Problema antigo

Desde que foi construído em 1992, o bloco “mais novo” do Hospital Getúlio Vargas, o G1, G2 e G3, apresentou os mesmos problemas estruturais em três momentos diferentes. Os primeiros relatos de tremores, rachaduras graves e estalos começaram em 2004. À época, segundo a Secretaria estadual de Saúde, foi feito um reforço dos pilares da fundação de todo o bloco G. Em 2014, o prédio voltou a apresentar patologias e novos serviços foram realizados, desta vez com a separação física das passarelas que ligavam os três blocos. Três anos depois, em 2017, novas fendas, abalos e estalos obrigaram a secretaria a interditar o bloco G3, onde funcionava o refeitório, a cozinha e o centro de material esterilizado. Desde então, o G3 vem sendo escorado por andaimes no subsolo do edifício, entre outros reparos que não conseguiram estabilizar a estrutura. 

“Ainda em 2017, fizemos uma licitação para um estudo definitivo da área, do solo, para entender por que estão surgindo as patologias, já que as soluções realizadas até então não impediram o avanço dos problemas nem seguraram a movimentação das estruturas. Mas a empresa que se apresentou na época não tinha os critérios técnicos necessários para o serviço. Vamos fazer uma nova licitação agora”, disse o diretor de engenharia da SES-PE, Josué Regino. O cronograma de execução da licitação para estudo técnico do prédio será apresentado na próxima terça-feira ao Ministério Público de Pernambuco. Segundo a equipe de engenharia da SES-PE, tudo indica que o problema “esteja” no solo. Se for constatado, a solução de engenharia a ser apresentada pode não ser viável financeiramente ao estado. 

Para justificar a demora na execução de uma obra de engenharia que resolva definitivamente os problemas estruturais do bloco G, ou apresente outra solução, o secretário de Gestão Estratégica da SES-PE, Humberto Antunes, disse que o Hospital Getúlio Vargas é bastante procurado pela população e que chega a atender cerca de 70% acima da sua capacidade. “Ou atende (a população) ou faz obra”, disse Antunes. No bloco G1, onde funciona a emergência/urgência, são realizados dois mil atendimentos por mês. Já no bloco cirúrgico (G2) são feitas até 50 cirurgias diariamente e passam por dia 400 pacientes pelo ambulatório, também no G2, segundo o diretor do HGV, Bartolomeu Nascimento. 
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