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Urbanismo

A desumanização da Avenida Mascarenhas de Morais

Corredor viário é essencialmente comercial e mesmo com calçadas largas faltam pedestres e interação

Publicado em: 17/05/2019 10:55 | Atualizado em: 17/05/2019 11:00

Avenida foi planejada como via de Zona Industrial. Foto: Mandy Oliver/Esp. DP.
Tem todos os tipos de oferta de produtos e serviços ao longo de seus 6,5 quilômetros de extensão, além de um grande potencial para se tornar modelo de via urbana. A Avenida Marechal Mascarenhas de Morais é uma das mais conhecidas do Recife. Por ela passam 88 mil veículos por dia. Em suas calçadas largas, no entanto, faltam pedestres e maior interação com a via. A Mascarenhas foi planejada nos anos de 1960 como via de uma zona industrial. Essa origem explica os lotes grandes e armazéns encontrados ao longo da avenida.

De acordo com o urbanista Geraldo Marinho, a Mascarenhas nunca exerceu por completo o papel inicial, ao mesmo tempo que terminou pouco ocupada por moradores. “Isso dá à avenida um caráter mais pesado, assim como acontece na Abdias de Carvalho e na Caxangá. Como corredor de entrada para a cidade que é, foi crescendo e se tornando uma via urbana. Então, houve uma tensão nessa mudança de perfil. Por isso tem essa cara pouco urbana e pouco humana. Não tivemos capacidade de levar para a via outras qualidades para tornar a presença humana mais intensiva”, analisa.

Um passeio pela avenida que corta a Imbiribeira revela a ausência de residências. O comércio, ao contrário, é dominante, principalmente o relacionado a veículos. Os moradores do bairro ocuparam pouco a pouco as ruas adjacentes. Mas poderiam estar em maior contato com a via, a depender da oferta de produtos, por exemplo, e infraestrutura oferecida. “A Mascarenhas também poderia abrigar atividades de vizinhança, de pequena escala. Existem muitas ruas residenciais nas proximidades da avenida”, destaca Marinho.

O canteiro central é outro ponto que chama a atenção na avenida. O verde cultivado ao longo dele quebra a aridez do cenário. Para o urbanista, o espaço também pode ser pensado para a prática de caminhada. “Temos uma dívida com a Mascarenhas. Ela já devia ter sido transformada em um ambiente mais propício ao pedestre. As calçadas são predominantemente largas. Mas os estacionamentos na frente de alguns lotes, por exemplo, são mal gerenciados e ocupam quase toda a calçada, a ponto das pessoas não perceberem o quanto elas são largas”, disse Marinho. Além de espaço para melhorar a arborização.
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