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Catálogo de golfinhos de Fernando de Noronha é ampliado

Publicado em: 01/04/2019 09:48

Foto: José Martins/Projeto Golfinho Rotador.
Golfinhos podem parecer iguais, mas, para os cientistas, há marcas no corpo deles que os diferenciam. No arquiéplago de Fernando de Noronha, a 542 km do Recife, já foram catalogados mais de 700 animais. Para os próximos dois anos, o Projeto Golfinho Rotador tem o desafio de descobrir mais 50 indivíduos.

Fora do arquipélado, apenas a nadadeira dorsal é registrada nas fotos para identificação de cetáceos por causa da turbidez da água. "Aqui em Noronha, onde a água é transparente, a gente vê e registra o corpo inteiro, possibilitando a análise de marcas de outras partes, não só da nadadeira dorsal", afirma o coordenador-geral do Projeto Golfinho Rotador, José Martins.

As marcas podem ser cicatrizes de interações entre rotadores ou ainda entre eles e tubarões-charutos. Nesse caso, trata-se de marcas circulares, provocadas pela mordida do tubarão. Está finalizando um catálogo iniciado há 28 anos, quando o Projeto Golfinho Rotador começou a atuar no arquipélago. Os golfinhos vivem entre 20 e 30 anos. Com a conclusão do trabalho, a equipe vai iniciar outro catálogo. "Uma nova geração de golfinhos está se formando em Fernando de Noronha. Então, o próximo catálogo iniciará com ela", diz Martins.

A técnica usada em Noronha é a menos invasiva existente, uma vez que o pesquisador não precisa tocar no animal. O golfinho-rotador é tão sensível ao manejo humano que o estresse de ser tirado da água pode até causar a morte. Por meio da identificação dos golfinhos a partir das marcas do corpo, a equipe do Golfinho Rotador tem conseguido informações valiosas sobre o comportamento da espécie. Um exemplo de descoberta é que ao avistar um golfinho do catálogo na ilha dois anos depois do registro, os pesquisadores concluem que ele tem fidelidade ao local.

O estudo de foto e vídeo para identificação de animais é considerado uma Pesquisa Ecológica de Longa Duração, pois se caracteriza pelo acúmulo de conhecimento científico sobre o ecossistema, seu funcionamento e dinâmica temporal e espacial. Os resultados obtidos em edições anteriores evidenciam alterações contínuas na interpretação dos dados, em função do incremento de avistagens e reavistagens.

O último levantamento identificou que 43,5% dos indivíduos tiveram apenas uma avistagem registrada e 18,4% dos indivíduos tiveram mais de cinco avistagens. "Os indivíduos mais frequentemente avistados demonstram maior grau de fidelidade à ocupação na área, sugerindo esses golfinhos como mais residentes do que aqueles que possuem cinco ou menos avistagens", informa José Martins.
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