Demolição

Obras no Cais José Estelita devem ser retomadas nesta sexta-feira

Publicado em: 29/03/2019 09:05 | Atualizado em: 29/03/2019 11:25

Terreno do Cais José Estelita na manhã desta sexta-feira. Foto: Gabriel Melo/Esp. DP.
As obras de demolição dos armazéns do Cais José Estelita, iniciadas nessa segunda-feira (25) e suspendidas pela Justiça nessa terça (26), devem ser retomadas nesta sexta (29). Nesta manhã, estão sendo realizados serviços de limpeza. Uma fila de trabalhadores a procura de emprego na obra voltou a se formar em frente a um dos portões do terreno. Eles estão sendo cadastrados pelo Consórcio Novo Recife. Do lado de fora, integrantes do Movimento Ocupe Estelita continuam mobilizados.

Eduardo Moura, diretor da Moura Dubeux, uma das construtoras consorciadas, informou que a parede externa de um dos armazéns não será demolida enquanto não houver segurança de que não haverá feridos, uma vez que o acampamento do Ocupe Estelita foi montado junto a ela. "Nesta sexta, estamos fazendo a limpeza do terreno, verificação das estruturas dos galpões que serão demolidos e dando apoio ao pessoal que está trabalhando aqui", afirmou.   

O engenheiro afirmou ainda que o consórcio tem dois alvarás em vigor: um de demolição e outro de aprovação do projeto. Segundo ele, o alvará de aprovação do projeto dá direito a iniciar as fundações, isto é, os elementos estruturais que têm a função de receber as cargas oriundas da superestrutura de uma edificação e transmiti-las ao solo. De acordo com Moura, esta etapa terá início no próximo semestre.      

A etapa de limpeza, fundações e sondagens do terreno devem durar aproximadamente um ano, de acordo com Moura. Inicialmente, o consórcio pretende contratar 100 pessoas para esta etapa. Segundo Eduardo Moura, em dois dias, as empresas receberam 2.107 currículos de pessoas interessadas em trabalhar na obra. "Estamos formando uma base de dados de funcionários. A partir da próxima semana, vamos contratar dez pessoas dessa relação. Hoje, temos 70 pessoas de terceirizada trabalhando aqui", disse. 

Justiça

Ontem, uma liminar do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), emitida por volta das 17h, a pedido da Prefeitura do Recife, suspendeu os efeitos da liminar de primeiro grau que embargava as obras. Meia hora após a decisão, as retroescavadeiras começaram a derrubar as paredes dos armazéns voltadas para a avenida. Integrantes do Movimento Ocupe Estelita, que estão acampados no local desde a segunda, subiram em cima das máquinas em forma de protesto.

Na noite dessa quinta (28), cerca de 20 pessoas foram cercadas dentro do terreno pela Polícia Militar e por funcionários do Consórcio Novo Recife e apenas saíram por volta das 21h30, após negociação. Segundo o consórcio, as obras de demolição serão retomadas hoje. Ativistas permanecem na ocupação, na calçada do terreno do Cais José Estelita. Eduardo Moura afirmou que a expectativa é de que as demolições sejam concluídas em no máximo três dias.

A empresa havia solicitado na Justiça um pedido de manutenção de posse que, segundo Moura, ainda está em tramitação. O documento pede a retirada dos integrantes do Ocupe Estelita da calçada do terreno do cais, para evitar acidentes, já que os ativistas estão acampados próximos a uma das paredes dos armazéns. Uma parte dessa parede já foi derrubada ontem à noite. “Estamos garantindo a integridade física das pessoas que estão no entorno para reiniciar os trabalhos sem nenhum problema a partir de agora”, afirma.

Protesto

Em protesto à decisão judicial, manifestantes fecharam a pista do José Estelita A decisão do TJPE foi assinada pelo desembargador Adalberto de Oliveira Melo e derrubou o embargo à demolição, proferido na última terça-feira, pelo juiz Augusto Napoleão Sampaio Angelim, da 5ª Vara da Fazenda Pública da Capital. O juiz havia determinado a suspensão das obras em resposta a um pedido do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), na última terça-feira. “Tal decisão (emitida pelo desembargador Adalberto de Oliveira) trata exclusivamente da demolição, uma vez que a construção dependerá de alvará da prefeitura”, disse, em nota, a comunicação do TJPE.

Antes da saída dos ativistas do terreno do Cais José Estelita, houve momentos de tensão entre eles e policiais militares. Cerca de 17 viaturas da PM foram acionadas para o local, onde havia cerca de 100 manifestantes. A Prefeitura do Recife não se manifestou sobre o recurso apresentado e a liminar da Justiça.

“Estamos anunciando que vamos manter a ocupação aqui fora, ou seja, qualquer tentativa do consórcio de dar continuidade à demolição dos armazéns vai continuar colocando em risco a vida dos militantes do Ocupe Estelita”, afirmou um dos integrantes do movimento, Petrus Tibúrcio, 26 anos. Ele contou que a negociação para a saída dos ativistas que estavam cercados no terreno foi tranquila. “Mas alguns representantes do próprio Consórcio Novo Recife como o dono da empresa das máquinas de demolição deu um soco em uma das nossas militantes e agrediu outras três, todas mulheres”, disse. As agressões, segundo ele, foram registradas em vídeo. 
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