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Solidariedade

Moradores do Holiday se mobilizam para fazer reparo na rede elétrica

Publicado em: 13/03/2019 13:00

Foto: Mandy Oliver/DP. (Foto: Mandy Oliver/DP.)
Foto: Mandy Oliver/DP. (Foto: Mandy Oliver/DP.)
Um mutirão solidário tenta viabilizar a obra de infraestrutura necessária para o religamento da energia elétrica no Edifício Holiday, no bairro de Boa Viagem. Os moradores que permanecem no prédio estão se articulando para formar um verdadeiro canteiro de obras junto a um engenheiro voluntário. Além disso, o condomínio irá participar de uma audiência de conciliação no próximo dia 28, às 10h30, na segunda vara cível da Capital, no Fórum Rodolfo Aureliano, com a Celpe. Há nove dias quase 2 mil famílias estão sem luz após desligamento realizado pela Celpe.

"Vamos tentar adquirir parcerias. Estamos tentando reunir projetistas, engenheiros, para conseguir fazer as obras da parte elétrica, que é de 1960 e precisa ser reestruturada. Para começar é necessário de R$ 200 a R$ 300 mil. Vamos fazer um recadastramento dos moradores para conseguir fazer uma cobrança mais efetiva", comenta o síndico José Rufino.

Na manhã de ontem, uma comissão formada por sete vereadores conversaram com os moradores. Uma audiência pública deve acontecer dentro de 15 dias envolvendo a Prefeitura do Recife e a Companhia de Energia. "A nossa ideia é fiscalizar e ver a posição desse processo em cada órgão, como Bombeiros, Prefeitura e Celpe. Queremos dar encaminhamento para ouvir todas as partes para fazer um diagnóstico. Temos o problema estrutural mais complexo e os pontuais que envolvem moradores idosos, crianças, então precisamos da Defesa Civil para resolver esses casos", comentou o vereador Aerto Luna (sem partido).

O objetivo é que a Câmara faça a mediação entre os órgãos e os moradores para assegurar os direitos dos condôminos. "Vamos fazer a interlocução entre os moradores e o poder público, sobretudo os órgãos reguladores, como Bombeiros, Celpe e Defesa Civil. 

Entre o vai e vem de moradores que passam com sacos de gelo, botijões de água e outros que fazem suas mudanças, o saguão do edifício atrai curiosos. Mais de 1 mil pessoas já desocuparam os apartamentos. A taxa de inadimplência da taxa do condomínio superou os 90% diante da crise que se instalou pela falta de energia e água. "Normalmente a taxa chega a 57%, mas hoje em dia está mais alta. Peço que aqueles que estão saindo voltem para nos ajudar na causa", comentou o síndico José Rufino. De acordo com o síndico, a Celpe não entregou notificação antes do desligamento e apenas apresentou uma ordem judicial.

Para o engenheiro Lupércio Luizines, que está atuando de forma voluntária, uma equipe multidisciplinar pode solucionar os problemas estruturais do edifício. "Já conseguimos retirar toda a fiação exposta em todos os andares, que foi uma das observações feitas pela Celpe. O que podemos notar é que ainda existe ligações clandestinas e a Companhia pode atuar e cumprir a lei, assim como fez desligando a energia. Os moradores estão sob um risco de incêndio muito maior utilizando velas para os afazeres domésticos", explicou.

Especulação
Alguns moradores estão recebendo telefonemas anônimos com ofertas de compra dos apartamentos. As ofertas são em torno de R$ 40 mil para os kitnets. "A especulação imobiliária sempre rondou o Holiday mesmo andes de tudo isso acontecer. Dizem até que vão demolir para construir torres gêmeas aqui. É verdade que essa é uma localização disputada e como tem muita gente abandonando, tenho medo que se torne realidade. O meu apartamento, por exemplo, está avaliado em R$ 60 mil mesmo sendo apenas de um quarto", comenta Luzinete dos Santos e Silva, de 58 anos, que mora há 30 anos no edifício.

Carlos Bandeira, 52, trabalha há 25 anos como administrador do prédio. Ele mora com o sobrinho no sétimo andar. Há uma semana a rotina tem se tornado desgastante, mas ele não pensa em sair. "Trabalhei muito para conseguir comprar meu apartamento. Se a gente sair, não vai receber indenização nunca. Por enquanto, a gente vai se virando como pode. Comprei lanterna, estou à luz de velas e carregando água. Mas moro naquilo que é meu e ninguém tira", afirma.

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