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Mulher que escreveu nome do agressor com próprio sangue está estável após neurocirurgia

Publicado em: 24/01/2019 17:16 | Atualizado em: 24/01/2019 18:15

Polícia Civil apresentou o caso na manhã desta quinta-feira (24). Foto: Polícia Civil /Divulgação

A mulher vítima de uma tentativa de feminicídio que escreveu o nome do agressor com o próprio sangue passou por neurocirurgia e permanece em estado estável no Hospital da Restauração (HR), no Recife. Elaine Maria Santana, 33 anos, foi vítima de um disparo de arma de fogo na região da cabeça por parte do próprio companheiro, Evaldo Andrade Silva, 35, na tarde dessa  quarta-feira (24), no município de Carpina.

No hospital, diante da afirmativa do marido quanto à autoria acidental dos disparos, Elaine respondeu ao questionamento da polícia sobre o assunto escrevendo o nome do companheiro na maca em que estava utilizando com o próprio sangue da cabeça. O homem chegou a socorrê-la alegando que ela havia sofrido uma queda. À medida que era questionado por vizinhos, funcionários do hospital e policiais, as versões foram se modificando: disparo acidental, tentativa de suicídio por parte da companheira e luta corporal entre ambos.

Entenda o caso:

Na tarde desta quarta-feira, a polícia foi acionada depois que a vítima deu entrada na Unidade Mista de Carpina. Após mudanças nas versões da história, a Polícia Civil começou a trabalhar com a hipótese de execução. "O tiro veio de cima para baixo, possivelmente. O orifício de entrada é na parte superior da cabeça. O de saída, na inferior. Evaldo e Elaine possuem uma altura compatível, então não teria sido um disparo acidental que teria tido estas características. Possivelmente, ela estava sentada ou ajoelhada", afirmou a delegada Bárbara Fort, titular de Carpina. 

Evaldo foi detido pela Polícia Militar ao retornar ao local do crime e tentar sair, de carro, juntamente com os dois enteados (6 e 9 anos de idade, filhos do relacionamento anterior da vítima) e com um amigo, Davi Israel Pereira da Silva (19), que guardou a arma do crime embaixo da própria cama, após a agressão. O Major Fábio Batista, que responde pelo comando do segundo batalhão da Polícia Militar, conta que, ao receber as informações sobre o ocorrido, policiais foram à residência do casal, que dividiam mesma moradia há cerca de três anos. "Antes de chegarmos, avistamos o veículo gol preto que Evaldo utilizou na tentativa de fuga. Na abordagem ao veículo, o vimos em estado de tensão com o Davi e as crianças. Ele não tentou reagir, mas não soube responder para onde iria", relatou. 

Ainda segundo a Polícia Civil, as crianças, que foram levadas à presença do pai biológico, residente no município de Vicência, não presenciaram os disparos, mas estavam na residência. A delegada Bárbara Fort afirma que a alegação de Evaldo quanto à motivação do crime teria sido o estopim de mais uma briga ocasionadas por ciúmes excessivos da parte de Elaine. Ela destaca o caráter do agressor. "Um homem muito frio. Assusta a forma como se portava na delegacia. Embora tentasse mostrar algum tipo de remorso, a gente não conseguia sentir que se tratava de algo verdadeiro", relatou. Não há registros de boletins de ocorrência de Elaine contra Evaldo, mas sim contra o companheiro anterior dela. Vizinhos, entretanto, revelam que percebiam a existência de um relacionamento conturbado, marcado por gritos. Eles não relataram presenciar casos de violência física. 

Evaldo foi encaminhado para audiência de custódia e deve seguir para a Penitenciária do município de Limoeiro. Ele não possui porte nem posse de arma, que estava ilegal em sua residência. Trabalhava fazendo "bicos" como segurança particular na cidade de Carpina. Davi, por sua vez, foi atuado por posse ilegal de arma de fogo. "Não conseguimos constatar indícios de cumplicidade, de coautoria e tampouco como partícipe do homicídio. Inicialmente, achamos que ele atuou após a consumação do crime para guardar a arma. Foi, portanto, arbitrada a fiança, não paga". Davi foi levado à audiência de custódia e será investigado em liberdade.
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