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Caso Aldeia

Esposa de médico confessa ter matado o marido

Jussara Rodrigues confirmou participação com riqueza de detalhes do esquartejamento, livrando o filho mais velho, que está preso, de participação na morte

Publicado em: 04/09/2018 10:56 | Atualizado em: 04/09/2018 11:17

Jussara no dia de sua prisão. Imagem: DP/Arquivo
Depois de prestar depoimento mais uma vez na última segunda-feira (3) à Polícia, a farmacêutica Jussara Rodrigues, 55 anos, confessou ter matado sozinha o marido, o médico Denirson Paes, 55 anos. O interrogatório aconteceu na Colônia Penal do Recife, após o filho do casal, Danilo Paes, 23, também indiciado por envolvimento no crime e ocultação de cadáver, ter gravado um audio pedindo a mãe que confesse o homicídio. Jussara está presa desde o dia 4 de julho, quando o corpo do médico foi localizado em um poço atrás da casa da família em um condomínio, em Aldeia, Camaragibe. 

Na sexta-feira (31), durante a apresentação do resultado do inquérito, o audio gravado por Danilo espontaneamente na cadeia foi divulgado para a Imprensa. No diálogo, o rapaz afirma aos policiais que não matou o pai e implora para que a mãe assuma o crime. "Ou ela assume ou a desgraça será completa. Eu preciso de minha vida de volta. Quero que tudo se esclareça. Eu disse 100% a verdade. Eu quero minha vida de volta", diz o rapaz já chorando. Jussara recusou a ouvir o audio, segundo a Polícia. 

O advogado de Jussara, Alexande de Oliveira, explicou que foi pego de surpresa com a confissão de sua cliente. "Na quinta-feira passada, quando tive acesso ao resultado do inquérito, vi que as informações repassadas por ela não condiziam com as perícias. Então, na sexta, a procurei na prisão e mostrei o resultado e ela terminou confessando", falou. Embora, Jussara agora tenha afirmado com riqueza de detalhes como cometeu o assassinato, inclusive o esquartejamento, o advogado desconfia que Danilo tenha tido alguma participação. "Acho que ele pode ter ajudado em algum momento. Só não sabemos como", completou. Por enquanto, Alexandre informou que vai aguardar posicionamento do Ministério Público e da Justiça para ver a possibilidade de requerer a liberdade de Danilo. "Ainda é cedo para isso. Vamos aguardar", resumiu. Segundo o advogado, o crime teria sido motivado pela confirmação de que Denirson tinha uma amante desde 2013.

Na sexta-feira passada, quando o inquérito foi divulgado, a gestora da Polícia Científica, Sandra Santos, informou que a perícia com o luminol foi fundamental para definir o local onde o corpo do médico sofreu o esquartejamento. Gotejamentos de sangue foram encontrados no quarto de Danilo. O que faz a polícia acreditar na participação do rapaz na morte do pai. De acordo com a perícia, Denirson foi morto na cama, por estrangulamento. Depois, levado para um corredor, onde teve três partes do corpo serradas em três pontos de vértebras. O perito criminal, Fernando Benevides, explicou que pela estatura físíca, a vítima foi morta com a ajuda do filho também, já que Jussara sozinha não conseguiria executar o crime. Denirson teve o corpo partido em três partes e uma das vértebras da coluna é muito dificil de se partir. 

O caso - No dia 20 de junho, a esposa do médico foi até a Delegacia de Camaragibe para registrar o desaparecimento do companheiro supostamente ocorrido no dia 31 de maio. Ela alegava que o marido teria viajado e não mais voltado ou dado notícia. A polícia começou a suspeitar dos próprios familiares pois ela demorou para relatar o desaparecimento já que o médico estava sumido há mais de duas semanas, e não havia movimentação na conta bancária dele.

Quando os restos mortais foram encontrados, no dia 4 de julho, o filho mais velho teria dito que o pai poderia ter se suicidado. O Instituto de Criminalística fez uma perícia que apontou vestígios de sangue em dois banheiros e um corredor da casa. Foi constatado ainda que o local passou por profunda limpeza e que havia sinal de arrastamento no corredor que dá acesso à cacimba. Os peritos constataram, ainda, que areia e brita foram jogadas na cacimba.
 
Jussara e Danilo foram encaminhados para audiência de custódia pelo crime de ocultação de cadáver. Mãe e filho conseguiram a liberdade, mas antes que deixassem o fórum foram presos através de um mandado de prisão temporária por homicídio.
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