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Saúde

Idosa espera mais de 12 horas por ambulância em hospital público da RMR

Edileuza Maria Nunes Sá, 75 anos, deveria ser transferida do Hospital Municipal de Camaragibe ao Hospital Nossa Senhora do Ó, no Paulista

Publicado em: 02/08/2018 21:04 | Atualizado em: 02/08/2018 21:24

Foto: Cortesia/WhatsApp

A dona de casa Edileuza Maria Nunes Sá, de 75 anos, mãe de quatro filhos, está enfrentando a dura realidade de quem precisa do serviço público de saúde na Região Metropolitana do Recife. Na noite dessa quarta-feira (1), uma de suas filhas, Adriana Maria, 24, ao perceber que a mãe apresentava um forte mal estar, decidiu levá-la até o Hospital Municipal de Camaragibe. Chegando lá, após detectarem um edema pulmonar agudo em Edileuza, que também sofre de diabetes e pressão alta, os profissionais de saúde decidiram induzí-la ao coma para que a doença não se agravasse. A partir daí, iniciou a batalha da jovem para que sua mãe pudesse receber os cuidados necessários.

No primeiro momento, ela recebeu a notícia de que a mãe teria que ser transferida, visto que o Hospital não possuía estrutura para a gravidade da doença. "Os profissionais informaram que não havia leito disponível para a minha mãe", disse. Foram longas horas de espera e orações, entre a quarta e a quinta-feira para que fosse disponibilizada alguma vaga em qualquer hospital. "Choramos a noite inteira. É triste ver minha mãe daquele jeito e mais triste ainda, se deparar com várias histórias parecidas ou até pior que a minha".

Na manhã da quinta-feira, souberam que uma vaga foi disponibilizada para Edileuza no Hospital Nossa Senhora do Ó, no Paulista, também na RMR. Contudo, agora faltava a ambulância para transportar a mãe de Adriana. Segundo informações repassadas à família pela unidade hospitalar, por falta de pagamento, o serviço de ambulância foi suspendido, cabendo ao estado terceirizar o serviço. "O medo da gente é que a nossa mãe tivesse uma parada cardíaca e não fosse atendida por falta de estrutura do hospital". Desesperada, Adriana foi até o Ministério Público de Camaragibe para tentar resolver a situação. Lá, eles explicaram que o processo estava em trâmite. Enquanto isso, o irmão de Adriana, se direcionava até a Defensoria Pública para ter algum direcionamento, mas sem sucesso.

Laudo médico de Edileuza, emitido pelo Hospital Municipal de Camaragibe. Foto: WhatsApp/Cortesia

Adriana relata que logo cedo, uma médica plantonista se recusou a atender os pacientes devido aos problemas estruturais. "Ela disse que enquanto não chegasse ambulância, não iria atender ninguém. Houve um momento em que um senhor, aparentando ter uns setenta anos, foi deslocado sob péssimas condições para o Procape", relatou.

Às 20h10 desta quinta-feira, uma enfermeira disse que no prazo de trinta minutos a ambulância chegaria para levar a dona de casa. Contudo, até o fechamento desta matéria, dona Edileuza continua dormindo, esperando ter o direito básico da saúde ser atendido. "É triste ver que nós pagamos tantos impostos e precisamos nos humilhar dessa forma para ter a mínima condição de atendimento. Se nós que fomos producar os órgãos competentes não fomos atendidos, quem dirá as pessoas sem instrução? É uma calamidade", disse Adriana.


Confira a nota enviada pela prefeitura Municipal de Camaragibe

"A Prefeitura Municipal de Camaragibe, por meio da Secretaria de Saúde, informa que o município depende da regulação do Governo do Estado. Entretanto, para que os pacientes da cidade tenham um serviço humanizado, sem depender de órgãos externos, a Prefeitura Municipal de Camaragibe possui contrato de ambulância para que o atendimento seja realizado de forma mais rápida. Sendo assim, ressaltamos que o município já alugou o serviço de ambulância com recurso próprio, afim de que a senhora Edileuza Maria Nunes Sá não precise depender da liberação das macas retidas pelo estado para ser transportada".
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