Abolicionista

Fundação Joaquim Nabuco recebe mais de cinco mil documentos pertencentes ao patrono

O acervo tem álbuns de fotografias, cartões-postais, inventários, testamentos, notas escolares, certidões de batismo e casamento, livros de receitas e correspondências

Publicado em: 25/07/2018 22:26 | Atualizado em: 25/07/2018 22:28

Nabuco nasceu no Recife, em 19 de agosto de 1849, e faleceu em Washington, EUA, em 17 de janeiro de 1910, aos 60 anos. Foto: Peu Ricardo/DP
Mais de cinco mil documentos pertencentes à família do abolicionista Joaquim Nabuco foram doados à fundação que leva seu nome. Em cerimônia realizada nessa terça-feira, em Casa Forte, o bisneto do escritor e diplomata, Pedro Nabuco, assinou o termo de doação, considerada um marco, já que coincide com os 130 anos da Abolição e os 70 anos de inauguração da Fundaj.

O acervo tem álbuns de fotografias, cartões-postais, inventários, testamentos, notas escolares, certidões de batismo e casamento, livros de receitas e correspondências. A família demonstrou interesse em doar o material desde 2010, mas a Fundação precisava da formalização jurídica e administrativa. A partir da entrega do acervo, a Fundaj entrará com processo licitatório para contratação de empresa especializada em transporte de valor de memória para assegurar o translado.

“Essa fração do acervo diz mais respeito à vida pessoal de Joaquim Nabuco. São documentos sobre a vida familiar dos Nabuco de Araújo, com ênfase em cartas, inclusive entre ele e sua esposa, Evelina Torres. Isso explica o porquê de a família ter mantido até agora uma relação afetiva maior”, disse a historiadora do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira, Rita de Cássia Barbosa.

A primeira doação foi feita pela família em 1974, quando chegaram mais de 15,5 mil documentos bibliográficos, textuais e correspondências. “Esse foi um reconhecimento do trabalho da Fundação. Toda essa parte que diz respeito ao homem público, político e articulador já tínhamos. Faltavam esses arquivos pessoais”, contou Rita.

“Alguns diários não foram doados na primeira leva porque meu avô ainda os queria. Estava tudo com a minha família no Rio de Janeiro e foi zelado pelas filhas de Joaquim Nabuco, que eram arquivistas e escritoras. Essa doação representa a segurança de que o acervo irá se unir ao que já está na Fundaj, que será preservado de forma técnica, conforme os padrões da Fundação e da Unesco, e estará à disposição da futura geração”, comentou Pedro Nabuco.

A previsão é de que todo o material chegue em outubro. Caso seja necessário, será encaminhado ao laboratório de restauro. Depois desse processo, será catalogado e digitalizado. “A casa tem Joaquim Nabuco como patrono por inspiração de Gilberto Freyre em 1848, quando ele propôs ao Congresso Nacional a criação de uma instituição de Pesquisas Sociais”, lembrou a presidente da Fundaj, Ivete Lacerda.

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Nabuco nasceu no Recife, em 19 de agosto de 1849, e faleceu em Washington, EUA, em 17 de janeiro de 1910, aos 60 anos. Era filho do Senador José Tomás Nabuco de Araújo e de Ana Benigna Barreto Nabuco de Araújo, irmã do marquês do Recife, Francisco Pais Barreto. Estudou humanidades no Colégio Pedro II, no Rio, e formou-se em direito no Recife. 

Deputado geral por Pernambuco, empreendeu campanha pela Abolição, que logo se tornou causa nacional. De 1881 a 1884, viajou pela Europa e, em 1883, em Londres, publicou O Abolicionismo. O fim da escravidão viria cinco anos mais tarde. Pioneiro da Academia Brasileira de Letras, foi embaixador do Brasil no Reino Unido e nos Estados Unidos. Quando faleceu, em Washington, seu corpo foi conduzido, com solenidade, a um cemitério da capital americana, e depois trasladado ao Brasil.
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