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Sistema de carregamento do VEM sai do ar e prejudica clientes

Sindicato das empresas de ônibus alega %u201Cintermitência%u201D, mas drama foi ainda maior para quem depende de linhas sem cobradores.

Publicado em: 20/06/2018 23:13

Usuários do Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP) que dependem do sistema de bilhetagem eletrônica VEM enfrentaram muita dificuldade durante boa parte desta quarta-feira. Usuária de uma linha de ônibus sem cobradores e impedida de pagar a passagem com dinheiro e sem poder fazer carregamento, Rosimary Sotero converteu a dificuldade em indignação. "Isso é um absurdo!", disse, no final da tarde, quando esperava o restabelecimento do sistema no Posto de Atendimento VEM, na Rua da Soledade, bairro Boa Vista, Região Centro do Recife. Às 21h15, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) admitiu apenas a ocorrência de “intermitência em alguns serviços ao longo do dia”.

Rosimary Sotero e o filho são usuários da linha Alto Treze de Maio, uma das 32 incluídas no processo de supressão de cobradoras e cobradores, com ônibus que passaram a operar apenas com motoristas e sistema de bilhetagem eletrônica. Ontem à tarde ela foi ao posto da Rua da Soledade fazer o carregamento do seu cartão e do seu filho. Como inúmeras outras pessoas que lá estiveram desde a manhã, deparou com as máquinas com cartazes improvisados indicando “manutenção” e a área isolada. Nos guichês de serviços atrelados ao funcionamento do sistema de bilhetagem nada funcionava, a exemplo da emissão de segunda via de cartão. 

Para o Urbana-PE, contudo, o quadro não teria sido esse vivido por Rosimary e outros usuários. O sindicato das empresas operadoras de ônibus informou que “na madrugada desta quarta-feira foi realizado um procedimento de atualização do sistema da bilhetagem eletrônica que ocasionou intermitência em alguns serviços ao longo do dia, como em parte das máquinas de autoatendimento e da rede descentralizada de vendas”. 

Mesmo com a informação dos problemas ocorridos na Soledade, o Urbana-PE insiste que “a venda de créditos no Posto de Atendimento VEM e na Internet funcionou normalmente durante todo o dia”. Embora admitindo que não ter garantido a emissão de segunda via de cartões VEM, o Urbana-PE alega que “todas as operações da rede de vendas foram normalizadas” e os serviços funcionarão normalmente nesta quinta-feira.

“Como é que implantam um sistema que falha e ainda tiram os cobradores e nos deixam numa situação dessas? Mesmo com dinheiro eu não posso andar de ônibus", disse Rosimary Sotero balançando a mão com o cartão dela e do filho. A dona de casa disse que sempre faz carregamento no posto da Soledade porque é o único que não desconta nada do valor pago.

Segundo dados do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (GRCTM), o sistema VEM conta com 800 mil cartões eletrônicos em circulação, dentre Vem Comum, Vem Estudante, Vem Livre Acesso, Vem Passe Livre e Vem Trabalhador. Mas de 420 mil, cerca de 52,5% são utilizados por trabalhadoras e trabalhadores (Vem Trabalhador) e 259 mil (32,37%) são de estudantes (VEM Estudante e Passe Livre). Não foi informado o contingente médio diário de atendimento do posto da Soledade. Mas o fato de os carregamentos apenas nesse posto não sofrerem cobrança de taxas (R$ 1,60 por carregamento) explica a permanente ocorrência de filas no acesso aos terminais, à exceção dessa quarta-feira.

Segundo funcionários explicavam desde a manhã, o expediente começou com o sistema fora do ar. Apesar dos cartazes indicarem “manutenção”, como se o problema fosse dos terminais, quem perguntava recebia a informação de que o sistema não funcionava e, por isso, não adiantava buscar outras alternativas. “Se o sistema está parado, está parado em todo canto”, diziam. Alguns acrescentavam que a razão poderia ser a “mudança do servidor (máquina centralizadora) do sistema”, mas que isso não estava confirmado. Também era dito a usuários do posto da Soledade que não havia como prever o restabelecimento. Muitos se conformavam depois de algum tempo e decidiam voltar depois. Como tantos outros, Rosimary decidiu esperar e lá permanecia quando a reportagem do Diario de Pernambuco confirmou a persistência do problema. 
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