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Noiva aos 83 anos, Ana dita como ser feliz hoje

O casamento de Ana de Lima Grant e Peter Grant, sábado, é uma lição de vida que inspira

Publicado em: 28/03/2018 07:20

Na preparação, a noiva comportou-se como quem conduz a própria vida, ainda que em datas especiais e marcantes. Foto: Estefferson Marques/Divulgação (Foto: Estefferson Marques/Divulgação)
Na preparação, a noiva comportou-se como quem conduz a própria vida, ainda que em datas especiais e marcantes. Foto: Estefferson Marques/Divulgação (Foto: Estefferson Marques/Divulgação)


Aos 83 anos, ela estava deslumbrante em um vestido branco e longo, com transparências e rendas, encomendado em uma boutique fina da Inglaterra. “Mandei colocar mangas, tirar cauda e fiz quatro provas para ajustá-lo a como eu queria. Ficou muito bem escondido para Peter não ver antes da hora”, contou Ana. A noiva chegou conduzida por uma charrete perto das 12h à frente da porta da pequena igreja do Hotel Fazenda Marrecas, lugar que escolheu para o grande dia realizado naquele paraíso de Maragogi. Entrou sozinha ao som do Bolero de Ravel. Seguiu ao encontro do noivo sem um tradicional buquê na mão. “É ridículo buquê na minha idade”. Foi como ela quis. Na preparação, a noiva comportou-se como quem conduz a própria vida, ainda que em datas especiais e marcantes. 

No último sábado, a poucas horas do “sim”, às 6h uma maquiadora havia batido à porta do quarto do hotel onde Ana estava para conhecer a noiva, saber do gosto dela e preparar a pele para a maquiagem. “Isso é hora de alguém fazer maquiagem? Não farei”. Voltou a dormir. Quando acordou, foi convencida pela assessora matrimonial Paula Arcoverde a ir a um salão do município próximo, Barreiros. “Ela queria pouca maquiagem, cabelo solto e tudo muito simples”, lembrou Paula, da Save The Date, empresa organizadora de eventos dos mais requintados de Pernambuco. “Eu tenho mania de passar a mão no rosto e não queria ver tudo derretendo”, disse Ana, prática e objetiva. Na festa para trinta convidados, duas opções como prato principal para o almoço: duo de lagosta e camarão ao champagne e medalhão de filé mignon ao molho de cogumelos frescos. 

Ana de Lima Grant, brasileira, é natural de Pernambuco. Mora há muitos anos em São Paulo e trabalha ainda hoje construindo, vendendo e alugando imóveis. Tem um filho e dois netos. Peter Edward Grant é inglês, aposentado que fez sua vida como proprietário de agência de carros e empresas de segurança nas proximidades de Londres. É pai de uma filha e de dois netos. “Eu nunca tive esse desejo de casar de novo. Pelo contrário. Estava viúva há dez anos e ele há seis, mas era um sonho de Peter porque ele acredita na importância do casamento religioso e eu resolvi agradá-lo”, relatou a noiva.

“Peter era só sorrisos. Foi lindo de se ver os dois dizendo que depois de tantos estavam recomeçando”, contou Paula Arcoverde. Nem o filho dela nem a filha dele vieram para cerimônia. “Foi uma lição de vida para que a gente sempre acredite no amor. Porque não tem tempo para casar nem para recomeçar. Tem o tempo de ser feliz”, afirmou Paula. 

Por trás do casamento, a história de um encontro casual que o Facebook ofereceu há seis anos. “Eu sempre pedia nas minhas orações um companheiro. Não precisava ser rico, também não devia ser pobre, mas que fosse correto. Um belo dia eu estava conversando com meu filho. De uma hora para outra, eu vi alguém puxando conversa comigo”, narrou. Era Peter. “Ah, não, Marcelo, ele é muito velho”, comentou, rindo, com o filho. Peter tinha 68 anos e Ana 77 anos. “Mamãe, por que a senhora só gosta de jovens?”, perguntou o filho de Ana. 

Quatro meses depois de muitas conversas, Peter convidou Ana para conhecer a casa e a rotina dele. Acostumada a viajar e apaixonada pela Inglaterra, ela foi. Ficou três meses. No quarto mês, recebeu o primeiro pedido para o casamento. “Foi tão inesperado para mim que eu disse para ele que dois anos depois me pedisse de novo. Com dois anos, ele pediu e eu pedi para esperar um pouco mais. Ele esperou”. Após o quinto ano juntos, Ana achou que tinha chegado a hora. Foi a vez dela perguntar: “A sua proposta de casamento está de pé?”. Tiveram trabalho com a papelada por causa da nacionalidade dele. Acabaram conseguindo. Há seis anos, correm atrás do sol: passam seis meses na Inglaterra e seis meses no Brasil para curtir o verão dos dois países.

“Até a última hora eu não estava acreditando no que estava acontecendo comigo”, confidenciou-me a sorridente noiva Ana de Lima Grant enquanto aproveitava a praia de Maragogi que tanto encantou o marido. Ontem, os dois viajaram para Fernando de Noronha. A lua de mel só acaba dia 3 de abril. “Ele, minha vida mudou. Os filhos sempre tomam seu rumo e a gente fica. Minha idade não afeta em nada. Estamos em pleno vigor. Estamos de cabeça, corpo e água”, afirma Ana, a noiva, fazendo questão de mostrar sua feliz maturidade.
 
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