Investigação

Fisioterapeuta da PM é suspeito de estuprar paciente

Mulher denuncia ter sido abusada pelo fisioterapeuta, um sargento do Corpo de Bombeiros Militar, durante consulta no Hospital da Polícia Militar

Publicado em: 12/03/2018 09:33 | Atualizado em: 12/03/2018 18:16

Mulher denuncia ter sido abusada pelo fisioterapeuta, durante consulta no Hospital da Polícia Militar. Foto: Google/ Reprodução

A Polícia Civil de Pernambuco deve apresentar esta semana e remeter à Justiça a conclusão de um inquérito sobre mais um caso de suspeita de estupro cometido por um profissional de saúde contra uma paciente. A denúncia foi feita pela vítima no ano de 2014, mas apenas agora, quatro anos depois, as investigações estão sendo concluídas.

A mulher denuncia ter sido estuprada pelo fisioterapeuta, um sargento do Corpo de Bombeiros Militar, durante consulta realizada no Hospital da Polícia Militar. Apesar da ausência de penetração, o crime é considerado estupro, mediante as provas colhidas durante a investigação, a cargo da delegada Antonieta Calado.

Outro caso - No dia dois de março foi preso o médico traumatologista Kid Nélio Souza de Melo, de 35 anos, suspeito de ter estuprado pelo menos oito pacientes. Paralelamente ao inquérito policial por estupro, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) abriu sindicância interna que pode culminar com a cassação do registro. O médico, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, teve a primeira licença profissional registrada no Conselho Regional de Medicina daquele estado (Cremern). O registro foi transferido ao Cremepe, quando ele se mudou de Natal para o Recife. Após a primeira denúncia, ele foi imediatamente afastado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira.

Uma vítima de 18 anos, que fez a primeira denúncia, procurou atendimento no setor de traumatologia da UPA da Imbiribeira por volta das 9h do dia 21 de fevereiro após sofrer um acidente em casa. O traumatologista solicitou exames e, quando ela retornou para entregá-los, ele a molestou no consultório. Em depoimento, a jovem contou à polícia que o médico pediu para ela abaixar o short, a apalpou, esfregou o corpo contra o dela e ejaculou. A coordenação da UPA afastou o profissional e informou que a direção tomará medidas cabíveis, além de se colocar à disposição da polícia para apoiar a apuração do caso.
 
Com a divulgação do caso, outras mulheres procuraram a polícia para denunciá-lo. Nesta quinta-feira, uma das mulheres foi fazer a denúncia acompanhada do marido. A vítima, que pediu para não ter a identidade revelada, contou que reconheceu o médico e chorou ao ver a foto dele no Diario de Pernambuco. A paciente de 29 anos disse que o abuso foi cometido em 2016, quando ela sofreu um acidente de trabalho na mão esquerda e foi atendida em um hospital privado no bairro do Espinheiro, na Zona Norte do Recife. Os demais casos denunciados até agora ocorreram na UPA da Imbiribeira, na Zona Sul.
 
Durante o depoimento, os momentos de constrangimento e revolta voltaram à tona com força. Ela ressaltou que só decidiu procurar a delegacia por causa do marido, que a viu chorando depois de olhar para a foto. “Se eu tivesse visto a imagem sozinha, eu teria guardado esse sentimento para ele não saber”, contou a vítima. 

Já na primeira consulta, a paciente achou estranho o comportamento do médico. “Ele ficava alisando a minha mão e passei a pedir para meu marido entrar junto comigo”, disse. O esposo dela não entendia, na ocasião, a razão do medo. “Eu brincava e perguntava ‘tá com medo de Kid Bengala’?, mas não tinha ideia da gravidade”, revelou o homem, que, em sua piada, referia-se a um ator de filmes pornôs.

Na época com 27 anos, a paciente passou por um procedimento cirúrgico e, ainda anestesiada, acordou com o médico tocando nas suas partes íntimas. “Ele fez coisas comigo dormindo. Por duas vezes acordei com ele passando a mão por baixo da minha roupa”, disse.

A vítima passou quase cinco horas em depoimento, ontem, na Delegacia da Mulher. “Eu confirmei que tinha sido abusada pelo mesmo médico da foto. Nunca quis denunciar por vergonha e medo de meu marido fazer alguma besteira, mas como esse médico fez a mesma coisa com outras mulheres, é bom que todas denunciem. Não sei o que a polícia está esperando para divulgar a foto. Se não fosse o Diario, eu não saberia que era a mesma pessoa”, afirmou. 

Enquanto a esposa dava depoimento, o marido aguardava no corredor, ao lado da porta. Inquieto e irritado, ele conversou com nossa equipe. “Eu me sinto impotente. A vontade era de matar esse médico, mas não vou estragar a minha vida e da minha família e sei que a polícia, mais cedo ou mais tarde, vai pegar ele. Eu soube que ele veio para Pernambuco há quatro anos. Quando a foto sair na televisão, vão aparecer mais vítimas com certeza”, contou.
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