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ENEM Escolheu inglês no Enem? Confira dicas para mandar bem na prova Mais do que conhecimento técnico sobre a gramática, o Enem exige capacidade de interpretação de texto do estudante. Ler, ouvir música e assistir a seriados estrangeiros auxiliam na reta final, mas não descartam uma preparação dedicada

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 04/11/2017 12:58 Atualizado em: 04/11/2017 13:02

Giovana Rodrigues, Iago Alvino e Bruno Guedes se ancoram em músicas, filmes e jogos on-line para praticar o inglês. Foto: Luis Nova/Esp. CB
Giovana Rodrigues, Iago Alvino e Bruno Guedes se ancoram em músicas, filmes e jogos on-line para praticar o inglês. Foto: Luis Nova/Esp. CB
A prova de linguagens, códigos e tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) engloba diversas facetas do conhecimento. O teste apresenta aos candidatos 45 questões de português, artes, literatura, tecnologias da informação, educação física e espanhol ou inglês. A língua inglesa, embora preterida por 60% dos candidatos, é a que apresenta os melhores desempenhos. Segundo microdados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), os alunos têm 55% de acerto em média. As provas do Enem acontecem neste fim de semana, dia 5, e no próximo, dia 12. A avaliação de linguagens está marcada para a primeira data.

“A prova é diferente do PAS e outros vestibulares. No Enem, a cobrança maior é na interpretação de texto, acima de tudo. O candidato deve demonstrar se sabe ler e compreender um texto completo em língua inglesa”, afirma Sandra Mara Portocarrero, professora de inglês e coordenadora de línguas estrangeiras do Centro Educacional Sigma. Com cinco questões que envolvem gêneros de texto, a prova privilegia mais a capacidade de compreensão do enunciado do que o repertório gramatical ou habilidade de tradução. “Não cobram muita gramática, o Enem não é disso. Deve cair algo que envolva um contexto mais amplo e, assim, pedir que demonstremos como entendemos o texto”, diz Bruno Guedes, 20 anos, que fará o exame em busca de uma vaga em medicina.

Os textos apresentados vão da charge a poemas, passando por textos jornalísticos, publicitários, letras de canções e tirinhas. Nalini Costa, diretora acadêmica da Washington Franchising, observa que a variedade de gêneros e o conteúdo atual contextualizam com o caráter interdisciplinar do exame. “Normalmente, trata-se, em inglês, do que também é assunto das questões nas outras áreas. Desse modo, é importante o aluno saber dos temas atuais no Brasil e no mundo, preparando-se com muita leitura de veículos de imprensa estrangeiros, de modo a ganhar vocabulário e repertório.”

Sandra Portocarrero avalia positivamente a abordagem. “É um formato bacana, cuja cobrança está no inglês instrumental. O aluno precisa ficar atento aos detalhes. Embora sejam textos curtos, têm suas nuances e exigem conhecimento para perceber a intenção por trás deles”, comenta.

Proximidade

Prestes a fazer o exame, Giovana Rodrigues, 20, prepara-se em um cursinho pré-vestibular e confessa que não se dedica de modo sistemático à língua inglesa. “Tive a oportunidade de fazer curso de inglês e hoje me sinto mais preparada. Leio artigos de jornais americanos e ingleses que, com a música, me trazem proximidade com a língua”, conta. “Ouço muita música estrangeira, vejo filmes e séries, por isso ,me mantenho conectado com o inglês”, acrescenta Iago Alvino, 18, que tem revisado as questões de edições anteriores.

Nalini Costa acredita que, de fato, há muito de língua estrangeira no dia a dia dos jovens e, embora isso não substitua o ensino formal, pode ser de grande auxílio complementar. “Criando esse hábito de ler sites estrangeiros e assistir a filmes e séries, o estudante fica conectado. Me impressiona o conhecimento natural que alguns jogos virtuais proporcionam”, exemplifica. É o caso de Bruno Guedes, aficionado pela atividade. “Para a inserção em certos grupos, saber inglês é absolutamente necessário”, conta. “Jogo muito on-line. Muita gente nesse universo só fala inglês, o que acaba sendo um meio de conhecimento. Ou aprendia ou jogava sozinho.”

Nem por isso, alerta Sandra Portocarrero, deve-se relaxar na preparação. A inserção de termos estrangeiros no dia a dia, aliada ao fato de que os comandos e itens do Enem vêm em português, dão a falsa impressão de ser uma prova que se responde natural e intuitivamente. “Sinto que, por usar a língua materna na questão, parece a eles que vão conseguir decodificar o texto a partir dali, em português mesmo. Não é bem assim. É claro que isso ajuda, mas não resolve”, diz. “Saber algumas palavras é diferente de entender um texto”, complementa Nalini Costa.

MEC recorrerá sobre redação

O Inep foi notificado, na noite da última quarta-feira, da decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) que determinou a suspensão da regra que diz que quem desrespeitar os direitos humanos na prova de redação do Enem pode receber nota zero. O Ministério da Educação (MEC) afirma que recorrerá e a Advocacia-Geral da União (AGU) aguarda a publicação do inteiro teor do julgamento do TRF1 para analisar o recurso cabível. A decisão judicial foi tomada em caráter de urgência a pedido da Associação Escola Sem Partido.

Alimentos para o corpo e mente

Não é só de matemática, português, física ou geografia que é feita a preparação para uma grande prova. Aqueles que farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) devem, a esta altura, desviar um pouco a atenção da sala de aula e voltá-la para o próprio bem-estar. Em vídeo para o Especial Enem na última quarta-feira, a nutricionista Fabiani Beal deu dicas contra a ansiedade e pela saúde física e mental dos estudantes que se submetem à maratona de provas. A ordem é: menos guloseimas e mais barras de cereal. Saem de cena os industrializados, cuja abertura de embalagem irrita o concorrente ao lado, e entram as frutas, nas quais as cascas são a embalagem provida pela natureza.

“No Enem, nem sempre os estudantes chegam preparados e precisam escolher algo que os ambulantes vendem na porta. É preciso muito cuidado na escolha”, afirma Fabiani. Sem maior planejamento, os ansiosos de plantão apelam para salgadinhos gordurosos, refrigerantes e doces. Os últimos são eleitos pela nutricionista como os grandes vilões do exame, em função do alto teor de açúcar simples.

“Trata-se de fonte rara de energia, mas de uso muito rápido. Se o estudante não tiver se alimentado bem antes, esse açúcar proporciona um pico de hiperglicemia no organismo, que logo é aproveitada pelo cérebro e, depois, a gente entra em estado de hipoglicemia de rebote”, explica. Tal estado, conta ela, traz fraqueza, moleza, cansaço. Para quem necessita de alto nível de atenção ao longo de 90 questões, certamente não é a melhor das escolhas. “Estamos falando de uma prova de horas de duração. Passado o efeito do açúcar, o cérebro precisa de mais glicose para funcionar de maneira efetiva e não haverá o suficiente.”

Soluções

O ideal é preferir alimentos que provenham açúcar durante todo o processo da avaliação. Barra de cereal é uma ótima opção e é sempre vendida no portão. Chocolates, surpreendentemente, são permitidos pelos nutricionistas, mas há ressalvas. “Aqueles com alto teor de cacau são boas fontes de triptofano, aminoácido precursor de um dos hormônios que auxiliam na sensação de calma e prazer. Porém, os mais comuns, como chocolate ao leite ou bolachas recheadas, não são recomendados. Quanto mais amargo, melhor”, ensina Fabiani.

A nutricionista frisa que o foco deve ser em alimentos que não prejudicam o candidato física e psicologicamente. Para quem não está acostumado, estímulos extras trazidos pelo café ou energéticos, por exemplo, podem ter efeito contrário ao esperado. “Quem tem o hábito do cafézinho pode mantê-lo com cautela. Já o energético, com fontes como o guaraná, acelera o metabolismo e deixa a pessoa mais ansiosa. Consequentemente, tira o poder de concentração.”

Relaxamento

Para aliviar o nervosismo e ter uma boa noite de sono, a especialista recomenda chás (camomila, erva cidreira, capim-limão, entre outros), suco de maracujá e maçã, cuja casca é eficaz no relaxamento. Para o grande dia, a dica é acordar relativamente cedo e fazer um café da manhã reforçado, mas sem gordura e com alimentos recorrentes na rotina do candidato. Tapioca, pão integral, frutas e queijos leves podem compor o cardápio matutino. “Refrigerante de manhã nem pensar. Lembre-se que é preciso estar ‘acordado’ à tarde, não no início do dia”, pontua a nutricionista.

Os locais de prova do Enem abrem os portões às 12h de Brasília e fecham pontualmente às 13h. Os horários, aliados à logística de comoção nem sempre tranquila, obrigam os inscritos a se alimentarem muito cedo. Para quem opta por um lanche, sanduíche com pão integral e salada é uma boa opção. Àqueles que preferem mesmo um almoço completo recomenda-se carne branca grelhada, legumes (de preferência crus), verduras e porção moderada de arroz. No intervalo entre a primeira e a segunda avaliação, que em 2017 é de uma semana, peixes como salmão e sardinha são recomendáveis, uma vez que o consumo deles estimula o cérebro nas respostas neurológicas.

Jairo Macedo e Felipe de Oliveira Moura


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