Outubro Rosa Recifense que vive na Irlanda faz campanha para tratar câncer de mama no Brasil Jornalista trabalha na Europa divulgando a arte do frevo

Por: Patrícia Fonseca - Diario de Pernambuco

Publicado em: 09/10/2017 13:51 Atualizado em: 09/10/2017 14:29

Janine mudou-se para a Irlanda há quase três anos  com o marido, Fernando, e os três filhos: Tales, de 19 anos, Sofia de 11 e Ravih, de quatro anos de idade. Foto: Arquivo pessoal  (Janine mudou-se para a Irlanda há quase três anos  com o marido, Fernando, e os três filhos: Tales, de 19 anos, Sofia de 11 e Ravih, de quatro anos de idade. Foto: Arquivo pessoal )
Janine mudou-se para a Irlanda há quase três anos com o marido, Fernando, e os três filhos: Tales, de 19 anos, Sofia de 11 e Ravih, de quatro anos de idade. Foto: Arquivo pessoal

Em pleno Outubro Rosa, quando o mundo inteiro se mobilza na luta contra o câncer de mama, uma recifense de 36 anos diagnosticada com a doença e em depressão, trava uma batalha para realizar o tratamento no Brasil, perto da família. Formada em Jornalismo pela Unicap e  Teatro em São Paulo, Janine Henriques mudou-se para a Irlanda há quase três anos  com o marido, Fernando, e os três filhos: Tales, de 19 anos, Sofia de 11 e Ravih, de quatro anos de idade.

No ano passado, Janine começou a notar algo estranho na mama e foi ao médico da família, que indicou a realização de exames.  A mamografia apontou uma alteração  e a necessidade de realização de ultrassonografia, onde foram identificadas três imagens: um nódulo antigo e inalterado e dois novos que precisavam de biopsia imediata. Poucos dias depois, veio a notícia e duas possibilidades: cirurgia para a retirada dos tumores e radioterapia ou mastectomia. Janine ficou com a primeira opção. "O sistema de saúde daqui é totalmente diferente do Brasil. Você não tem tanto acesso. Caso o tratamento seja público, a demora chega a ser de seis a oito meses pra um exame. Optamos pelo tratamento particular, mas a fila demora e eu estava com muito medo. Daí começou a correria para fazer empréstimo, pedir adiantamento de salário e seguir o plano: cirurgia e sessões de radio", lembra.

Exames reencontraram nódulos no seio e, desta vez, a sugestão foi quimioterapia e retirada de mama. Foto: Arquivo pessoal  (Exames reencontraram nódulos no seio e, desta vez, a sugestão foi quimioterapia e retirada de mama. Foto: Arquivo pessoal )
Exames reencontraram nódulos no seio e, desta vez, a sugestão foi quimioterapia e retirada de mama. Foto: Arquivo pessoal


Janine conta que a primeira fase do tratamento em 2016, em cinco meses, ocorreu de forma tranquila. A radioterapia não trouxe tantos efeitos colaterais e ela se sentia feliz, curada.  Infelizmente, neste mesmo ano, os exames de rotina reencontraram os nódulos no mesmo seio e, desta vez, a sugestão foi quimioterapia e retirada de mama, já que era caso reincidente.  "Foi um choque. Voltando ao tratamento, optei por finalizar no Brasil. Os custos saem praticamente os mesmos e já faz mais de um ano que não vejo meus pais, que não viajam de avião e isso pesou bastante na escolha, confesso. Optei a me tratar no Brasil por conta da família, do apoio. Apesar de serem bem atenciosos aqui, mesmo no tratamento particular, não tenho opção de escolher meu médico para a questão da reconstrução, da mastectomia. Eu quero ter essa opção de conhecer, ter referência, conversar. Muita gente acha que é estética, mas não é. Tem a ver com se sentir mutilada e reconstruir uma parte do seu corpo", reflete. Além disso, a jornalista avalia que, por mais que arrecadasse dinheiro no Brasil, ao trazê-lo para a Irlanda perderia muito na conversão da moeda. "Relutei um pouco. Não queria expor minhas limitações, minha doença, mas deixei o coração falar", atesta.

Familiares e amigos de Janine estão arrecadando fundos para realização da cirurgia de retirada e reconstituição da mama, para o restante do tratamento, terapia e para a vinda da família.  Em uma semana, a campanha, disponível no site https://www.vakinha.com.br/vaquinha/janine arrecadou R$ 7.450 dos R$ 80 mil necessários. As doações também podem ser feitas na conta corrente de Maria do Socorro da Mata Trindade Henriques, de número 00026263-0, agência 4976 da Caixa Econômica Federal (CEF), sob o CPF 145 598 114 15.


Além da cura, de estar com os seus, Janine espera retomar sua vida e voltar a fazer o que gosta: espalhar a cultura do Recife. Foto: Arquivo pessoal  (Além da cura, de estar com os seus, Janine espera retomar sua vida e voltar a fazer o que gosta: espalhar a cultura do Recife. Foto: Arquivo pessoal )
Além da cura, de estar com os seus, Janine espera retomar sua vida e voltar a fazer o que gosta: espalhar a cultura do Recife. Foto: Arquivo pessoal


Além da cura, de estar com os seus, Janine espera retomar sua vida e voltar a fazer o que gosta: espalhar a cultura do Recife. Na Europa, Janine trabalhava dançando frevo. " Parei pelo câncer, mas quero voltar a levar o frevo pro mundo, assim que me curar . Nasci no meio do Bloco da Saudade, do Clube Madeira do Rosarinho. Fiz Balé Popular no Clube Português quando criança e, mais adulta, aprimorei com dança contemporânea. A música de Flaira Ferro, que veio aqui na Irlanda entre um câncer e outro, me salvou nas sessões de radio e quimioterapia. Nossa! O frevo me salva de mim o tempo todo", reflete a recifense do bairro do Rosarinho.

Forte como "madeira que cupim não rói", Janine dá um recado importante para as mulheres: "Saí do Brasil com um nódulo no seio direito que precisava ser revisado a cada seis meses. Cheguei na Irlanda, tudo era novo,  lindo e acabei esquecendo da minha revisão semestral. Minha mensagem pra todas as mulheres é:  se cuidem, façam auto exame, façam exames de rotina e se algo der errado: força na peruca! Um lindo Outubro Rosa pra nós. O meu será a finalização de uma etapa e o recomeço de outra!"  Pois seja bem-vinda, Janine. O Recife mandou te chamar.

Números - De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa é de 60 mil novos casos de câncer de mama sejam diagnosticados por ano no Brasil, em mulheres cada vez mais jovens. Porém, quanto mais cedo esse diagnóstico, mais chances de cura. Ainda segundo o Inca, quando descoberto no início,o câncer de mama tem 95% de probabilidade de recuperação total.



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