POLÍCIA SDS arquiva procedimento administrativo que investigava peritos do Caso Morato De acordo com o secretário Antônio Pádua, houve falha na comunicação, mas não houve prejuízo ao inquérito

Publicado em: 12/09/2017 17:05 Atualizado em: 12/09/2017 21:03

Corpo do empresário foi encontrado em um quarto de motel em Olinda. Foto: Nando Chiappetta/DP (Corpo do empresário foi encontrado em um quarto de motel em Olinda. Foto: Nando Chiappetta/DP)
Corpo do empresário foi encontrado em um quarto de motel em Olinda. Foto: Nando Chiappetta/DP


A Secretaria de Defesa Social decidiu arquivar o Procedimento Administrativo instaurado contra três peritos papiloscopistas que participaram das perícias de local de crime envolvendo a morte do empresário Paulo César Morato em junho do ano passado. O empresário, apontado como testa de ferro de um esquema criminoso investigado pela Polícia Federal e que estava foragido, foi encontrado morto em um quarto de motel em Olinda. A decisão de arquivamento do processo por ausência de transgressão disciplinar foi publicada no Boletim Geral da SDS, nesta terça-feira.

Um dia após o corpo ter sido encontrado, os peritos Lauro José Macena dos Santos, Ricardo Freitas de Oliveira e Cícero Rubens Bandeira Fernandes voltaram ao local para novas análises, no entanto, saíram rapidamente. A conduta dos profissionais intrigou a sociedade e levantou comentários sobre a possibilidade de provas terem sido perdidas.

De acordo com o secretario de Defesa Social, Antônio de Pádua Vieira Cavalcanti, nenhum prejuízo adveio da continuidade da perícia papiloscópica feita pelos peritos e, por isso, não há necessidade de continuar com procedimento administrativo. "Considerando que houve falha na comunicação entre os servidores, que todos os procedimentos da polícia judiciária foram devidamente concluídos e que ficou esclarecido que a causa da morte foi suicídio, ficou determinado o arquivamento do processo por ausência de transgressão disciplinar", assinou o secretário. 

No documento, o gestor da SDS ainda assegura que a perícia no local foi cancelada por ordem superior porque as perícias realizadas anteriormente já eram suficientes. Antônio de Pádua ainda destacou que ficou evidente a necessidade de elaboração de um procedimento operacional padrão de local de crime para evitar novos casos. "Não se pode falar em responsabilidade administrativa, pois não existem elementos ou indícios mínimos nos autos que possam imputar os peritos", concluiu. 

Na época, a Polícia Civil informou que, com base nas perícias realizadas pela Polícia Científica, a causa da morte do empresário seria intoxicação exógena por organofosforado, substância comumente utilizada para controle de pragas e conhecida popularmente como chumbinho. Um mês depois, com a conclusão do inquérito, foi assegurado, com base no relatório das perícias, que ele se suicidou. De acordo com a perita criminal Vanja Coelho, responsável pelas análises técnicas, não existe dúvida que ele se matou consumindo chumbinho. "Toda pericia criminal é revestida de uma série de informações técnicas com comprovações. Nossa função é enxergar o que vocês não enxergam. Como eu disse, 14 profissionais trabalham nessa perícia e foram produzidos 17 procedimentos para se chegar ao resultado. A histopatologia forense, a química dos objetos e a segmentação da gastro (exame feito no estômago) comprovaram isso. Só não encontramos chumbinho no PSA (enzima) e no espermatozóide. E a análise da garrafa d'água não deixou dúvidas de que ele mesmo ingeriu", disse na época. Em consonância com a tese da Polícia Civil, o Judiciário arquivou o processo sobre a morte do empresário.

RELEMBRE O CASO
O empresário Paulo César de Barros Morato estava sendo investigado pela Operação Turbulência e foi declarado como foragido pela Polícia Federal no dia 21 de junho. Ele foi encontrado morto um dia depois, na noite de 22 de junho, no Motel Tititi, na Avenida Perimetral, em Olinda. A delegada Gleide Ângelo e o delegado Jorge Ferreira investigaram o caso. Segundo a PF, ele era suspeito de integrar uma organização criminosa que teria desviado R$ 600 milhões, envolvendo pelo menos 18 empresas que seriam de fachada e tinham abastecido campanhas políticas de Pernambuco e do Nordeste. Paulo Morato era o dono da empresa Câmara & Vasconcelos Locação e Terraplenagem LTDA. Ele ainda é apontado pelo Ministério Público como um dos que aportou recursos na aquisição da aeronave Cesnna, que transportava o ex-governador Eduardo Campos em 2014, falecido em 13 de agosto daquele ano, num acidente aéreo. Ainda segundo o MPF, Paulo César tinha em conta R$ 24,5 milhões, mas era considerado como "testa de ferro" porque as condições de vida dele não condiziam com o dinheiro encontrado. 



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