Diario de Pernambuco
Busca
Patrimônio Especialistas fazem visita técnica sobre paisagem urbana do Recife

Por: Tatiana Ferreira - Diario de Pernambuco

Publicado em: 19/09/2017 13:45 Atualizado em: 19/09/2017 13:52

Em um passeio de barco, arquitetos e a equipe da Secretaria de Planejamento Urbano (Seplan) navegaram pelas águas do Rio Capibaribe nesta manhã. Apesar da breve viagem turística, a ocasião faz parte da programação do I Seminário sobre a Preservação Cultural do Recife. Foi, na verdade, uma visita técnica sobre a paisagem urbana da cidade. A abertura do seminário será amanhã, às 8h30, e vai até a quinta-feira (21); no Museu da Cidade (Forte das Cinco Pontas).

O intuito do olhar técnico sobre o cenário recifense é que, através dele, os especialistas possam se embasar para debater a respeito do patrimônio histórico do Recife. A mesa de abertura, que começa as 8h30 até 10h30, fará um resgate histórico sobre a preservação no Recife. Em seguida, das 11h Às 13h15, o tema a ser discutido será a cerca de políticas públicas e gestão da conservação.

Logo após será debatido sobre instrumentos urbanísticos e conservação integrada; e paisagem cultural e patrimônio imaterial. Isso tudo das 14h30 Às 16h45 e das 16h45 às 19h, respectivamente. Já na quinta-feira, para encerrar, a mesa conversará sobre licenciamento urbanístico e patrimônio cultural.

Na opinião do secretário de Planejamento Urbano, Antônio Alexandre, o evento é um marco para o progresso de políticas públicas visando a proteção dos patrimônios históricos e culturais. Ele espera que o momento repense a cidade e revise a legislação. Isso tudo a partir da troca de experiências com os profissionais de outros estados. "É o ambiente propício para vermos o que está dando certo e errado por aí. Então, poderemos agregar ideias e melhorar nossas práticas", complementou.

A arquiteta, professora e diretora de cultura do Instituto de Arquitetos do Brasil (ITB), Cêça Guimaraens, é recifense. Só que mora no Rio de Janeiro há 40 anos. Ela está na sua capital de origem há quatro anos e já nota muita semelhança com a cidade onde mora. "Os erros são os mesmos. E, quanto mais há buracos na proteção do patrimônio, mais a cidade é tomada por arranha céus", comentou. Ela pretende levantar a questão sobre a responsabilidade de preservar a história da cidade. "A história não pode ser usurpada pelos interesses econômicos das construtoras", acrescentou.

O Recife tem, atualmente, 33 zonas e 258 imóveis especiais que estão sob preservação. Desse total, cerca de 100 já receberam notificações ou multas do ano passado para cá. Visto essa proporção, segundo o secretário Alexandre, ainda há muito o que mudar na consciência dos proprietários sobre a importância de respeitar os patrimônios materiais. "É a preservação desses espaços que constroem o laço afetivo do cidadão com o lugar onde mora", pontuou Alexandre.

Muitas vezes, de acordo com a diretora de Preservação do Patrimônio Cultural, Lorena Veloso, vender propriedades protegidas é como uma sentença de morte para os empresários. Ainda paira pelo imaginário deles que não passa de uma dor de cabeça, "afinal não poderá mudar nada no lugar". Mas não é bem assim. Segundo Lorena, é o contrário: ter um terreno com área de preservação histórica e cultural agrega valor à propriedade.

Para mudar essa concepção equivocada, o secretário Alexandre elenca o incentivo como um dos pilares. Por exemplo, dependendo do porte da propriedade, a isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) pode chegar a até 10 anos. E, inclusive, se o dono comprovar estar realizando melhorias no espaço pode ter o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) restituído.

Isso tudo para que os proprietários cumpram com as funções culturais, de lazer, turísticas e educativas que são exigidas. "Dizem que o recifense é bairrista. Isso tem o lado positivo: amar e ter orgulho da sua cidade. Visando isso, pretendemos ampliar o debate sobre a identidade do Recife a fim de torná-la, cada vez mais, nossa", contou o secretário Alexandre.

MAIS NOTÍCIAS DO CANAL