Milícia PMs presos usavam armas e viaturas da corporação para fazer segurança privada Grupo é suspeito de envolvimento em seis homicídios

Publicado em: 16/08/2017 11:34 Atualizado em: 16/08/2017 23:18

Coronel Flávio Morais; delegado Nehemias Falcão e delegado Bruno Vital. Foto: Polícia Civil/ Divulgação
Coronel Flávio Morais; delegado Nehemias Falcão e delegado Bruno Vital. Foto: Polícia Civil/ Divulgação

Uma milícia formada por policiais militares e cidadãos civis que atuava no Recife, em Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Taquaritinga do Norte foi desarticulada pela Polícia Civil. O resultado da Operação Hostes, que durou quase um ano, foi apresentado ontem. De acordo com a polícia, nove pessoas foram presas, entre elas quatro policiais. A quadrilha é acusada de homicídio, porte e comércio ilegal de armas e munição, além de usurpação de função pública. Se condenados pela Justiça, os PMs serão expulsos pela corporação.

 

De acordo com o delegado Bruno Vital, titular da 3ª Delegacia de Homicídios do Agreste, os suspeitos começaram a ser investigados após denúncias da população de Santa Cruz do Capibaribe e depois que oficiais da PM foram ameaçados e intimidados com disparos de arma de fogo contra suas residências por causa da transferência de policiais para batalhões de outras cidades. “O grupo praticava segurança ilegal, milícia armada inclusive no Recife. Era uma equipe organizada, com hierarquia, que fazia coleta de dinheiro em pontos específicos de comerciantes e empresários”, pontuou.

 

Apesar de as detenções já terem sido feitas, a polícia ainda tem 30 dias para concluir o inquérito. Enquanto isso, os suspeitos estão presos. A operação resultou ainda na apreensão de armas, balaclavas e coletes à prova de bala. Foram presos os policiais Orlay Soares, sargento apontado como líder da quadrilha; o soldado Rivaldo Vieira; o sargento Waitã Teixeira; o sargento aposentado Romildo Gonçalves; o policial militar Adalberto Campelo Alves (que não teve patente informada) e os civis Otávio Brito, Gilmário Queiroz, Francinaldo Brito e João Paulo Julião. Um décimo suspeito, Jacson Henrique da Silva, também estava sendo investigado, mas foi assassinado em fevereiro.

 

A polícia informou ainda que os criminosos cobravam ilegalmente pela recuperação de bens roubados ou furtados. Além disso, a quadrilha fazia escolta e segurança particular, inclusive de candidatos nas eleições de 2016, e realizava prisões ilegais. “São suspeitos da prática de seis homicídios contra suspeitos de furtos e tráfico de drogas. Tinham um padrão de vida acima do esperado para um funcionário público”, detalhou o delegado. 

 

Segundo o delegado Nehemias Falcão, que também participou das investigações, há denúncias de que o grupo usava armas, fardamento e viaturas da PM. “Eles atuavam como polícia paralela e nociva à sociedade”, afirmou. O coronel Flávio Morais, diretor integrado do Interior 1 da Polícia Militar, ressaltou que os PMs podem ser expulsos da corporação. “Eles cumpriam com suas atividades como policiais até para esconder a prática criminosa. Negam os crimes, mas estão em processo de licenciamento”, disse.



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