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Diario urbano O largo do futuro

Publicado em: 19/08/2017 08:34 Atualizado em:

O largo da Basílica da Penha, no bairro São José, pode ser considerado um dos mais privilegiados do Centro histórico do Recife. Está inserido numa área de preservação rigorosa. Tem como vizinho o Mercado de São José, outro monumento. E o próprio templo em estilo coríntio, único na capital pernambucana, é um elemento a mais na composição urbana do local. Apesar disso, o pátio é, talvez, o que apresente maior nível de degradação devido ao uso e à forma de ocupação.

Nenhum outro adro abriga uma feira livre. A venda de frutas e verduras na frente da igreja e no entorno da Praça Dom Vital torna quase nula a tentativa de manter o espaço limpo. Os bancos de feira e o comércio ambulante dão ao lugar um aspecto de sujeira eterna. O espaço, que poderia ser um importante ponto de visitação, parece se esconder da cidade. Mas não por falta de gente. O comércio local atrai uma grande quantidade de pessoas. E não é para apreciar a beleza do lugar e sim para compras, onde se encontram desde ervas, utensílios domésticos, confecções, artesanato e, claro, frutas e verduras.

Na última revitalização da Praça Dom Vital, em 2008, parecia que o espaço iria ficar novo por algum tempo. Mas não durou muito. Não há como mudar hábitos se a forma de ocupação não muda. A promessa, agora, é com a abertura do Centro de Compras do Cais de Santa Rita. Parte dos ambulantes deverá ser transferida para o novo espaço. Outra ideia é construir dois anexos ao Mercado de São José, mas essa ainda não saiu do papel. Já o Centro de Compras tem promessa demais para ele. Abrigar os próprios ambulantes que comercializavam ao lado do Terminal Santa Rita e os do entorno. No futuro, talvez o adro tenha o tratamento urbanístico que merece. 

Uma basílica única
A igreja foi construída entre 1870 e 1882. Ela é um exemplar acadêmico da Basílica de San Giorgio Maggiore. Foi construída pelo arquiteto Andrea Palladio, da cidade de Veneza, Itália, e conterrâneo do autor do projeto do templo, frei Francesco. Ela foi fechada em 2007 para reforma e em 2015 foi reaberta e tombada pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco.

Piso danificado
O pavimento da Praça Dom Vital na frente da Basílica do Penha está danificado em vários pontos. A manutenção do local não exige o uso de pedras especiais. Todo o piso é feito em concreto e há alguns trechos em pedras de rocha de granito. A parte que está esburacada é a de concreto nas imediações da escadaria do templo.

Praça do lixo
Difícil encontrar um espaço na Praça Dom Vital que não tenha lixo espalhado. O piso da praça e até os canteiros, sem grama, servem para o descarte de cascas de frutas, papéis ou garrafas. Há lixeiras no entorno, mas pelo visto são pouco usadas e não apenas pelos transeuntes, mas também pelos próprios comerciantes.

A hora do descanso
Oito bancos estão dispostos no entorno da Praça Dom Vital. E todos estão em condições de uso. Fora algumas tábuas em falta, servem para o descanso. Um deles é usado como cama por um sem-teto. Mas a maioria atende aos próprios comerciantes. Todos se conhecem e a praça é quase uma sala de visita para eles.

Fogão a brasa
Se a praça é uma sala de visita, o canteiro serve de cozinha. Um fogão a brasa cozinhava, na quinta-feira, o almoço de uma família que vive na praça. O alimento é preparado com verduras cedidas pelos comerciantes e, com sorte, até um pedaço de carne do mercado.

Para ganhar o pão
Ex-moradora de rua, dona Marli (nome fictício), 61 anos, já morou na praça. Hoje tem sua casa, mas é no Largo da Penha que ela vai todos os dias para conseguir o seu pão. A encontrei desmanchando um micro-ondas velho com um martelo para arrancar as partes em cobre e vendê-las. Se orgulha de ter um lugar para domir, mas não esquece que lá aprendeu a sobreviver desde os 10 anos.

Estação Bike PE
Uma estação do programa de incentivo ao uso da bicicleta, o Bike PE, está instalada na Praça Dom Vital com 12 bicicletas. Na última quinta-feira, quatro haviam sido utilizadas. O local não é muito propício para a mobilidade do ciclista por causa da grande quantidade de pedestres circulando na via.
 
O painel vitrificado
O painel de mosaico vitrificado feito pela Società Musiva Veneziana, na Itália, foi descoberto durante as obras. A relíquia permaneceu no anonimato por ter perdido o brilho com o tempo. A beleza do ornamento foi revelada após limpeza feita pelos restauradores. A cena retratada pelos vidros coloridos é a aparição de Nossa Senhora para Simão, o pastor de ovelhas. 
 


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