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#Issoéfeminicídio Marco Zero é palco de ato contra o feminicídio nesta quinta-feira Campanha recolhe assinaturas pedindo ao governador que sancione decreto sobre a criação do subtítulo 'Feminicídio' nos boletins de ocorrências policiais do estado

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 20/07/2017 08:28 Atualizado em: 20/07/2017 09:08

Marco Zero é palco de ato contra o feminicídio nesta quinta-feira. Foto: Pixabay/ Reprodução
Marco Zero é palco de ato contra o feminicídio nesta quinta-feira. Foto: Pixabay/ Reprodução

O Marco Zero, no Bairro do Recife, recebe na tarde desta quinta-feura um protesto contra os índices de feminicídio em Pernambuco. A manifestação, marcada para as 16h, faz parte da campanha “Isso é Feminicídio”, realizada pelas organizações Rede Meu Recife e Rede Minha Igarassu. O objetivo é recolher assinaturas pedindo ao governador Paulo Câmara que sancione decreto sobre a criação do subtítulo “Feminicídio” nos boletins de ocorrências policiais do estado.
"Nosso estado está passando pela pior crise de segurança pública da década. São 2.876 assassinatos, 997 estupros e 15.833 casos de violência contra a mulher. Em contrapartida foram 28 inquéritos de feminicídio desde 2015 pra cá segundo o TJPE (Tribunal de Justiça de Pernambuco).A conta não fecha!", aponta o manifesto das ONGs.

Apesar da lei de feminicídio (13.104) existir desde 2015, em Pernambuco a Polícia Civil ainda não registra ocorrências com o subtítulo feminicídio, o que dificulta o controle de dados sobre o crime e a implementação de políticas públicas. Trata-se de uma modalidade de homicídio qualificado, que torna hediondo o assassinato de mulheres quando o crime envolve violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Se o homicídio simples tem a pena de 6 a 20 anos de prisão, o feminício tem pena prevista de 12 a 30 anos. A página virtual # isso é feminicídio aponta que as principais motivações são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda do controle sobre as mulheres, “comuns em sociedades marcadas pelo machismo e papeis inferiores e submissos.”

A mesma página critica o uso do termo crime passional para casos de feminicídio. Segundo o Mapa da Violência de 2015, 27,1% das mulheres assassinadas foram mortas em seus domicílios. 50,3% das mortes foram praticadas por familiares, sendo 33,2% deles parceiros ou ex-parceiros.

A manifestação lembra ainda o dia 20 de julho como marco na luta das mulheres contra a violência. Nesta data foi dada a primeira sentença de feminicídio em Pernambuco por conta do assassinato de Aldenice Firmino da Hora, moradora do Coque, morta por seu companheiro de forma violenta e covarde.

O protesto vai lembrar ainda todas as mulheres vítimas da violência de gênero, que serão representadas por sapatos vermelhos, tendo como inspiração a instalação "Sapatos Vermelhos" da artista plástica Elina Chauvet e do jornalista Javier Juarez. Em 2009, para cobrar do Poder Público a investigação das mulheres que sumiram na cidade de Juarez, no México, naquela década, foram espalhados ao redor do mundo pares de sapatos representando as vítimas de feminicídio.

O ato acontece um dia após o assassinato de mais uma mulher. O crime tem como principal suspeito o companheiro da vítima. A secretária Gisely Kelly Tavares dos Santos, de 37 anos, foi assassinada na madrugada desta quarta-feira no apartamento 404 do Edifício Praça do Rosarinho Prince, onde há pelo menos seis meses morava com o empresário Wilson Campos de Almeida Neto, 41. Na madrugada de ontem, o casal encontrou-se no local pela última vez. Imagens do sistema de segurança mostram os dois entrando no condomínio por volta das 2h. Meia hora depois, Wilson deixa o prédio no bairro do Rosarinho, sozinho, em um carro. Enquanto o empresário partia, o corpo de Gisely estava no box do banheiro, despido e com um tiro na cabeça. Wilson é o principal suspeito do crime e ainda não foi localizado pela polícia ou se apresentado.

Em fevereiro deste ano, a profissional de educação física Gabriela Conceição Santiago foi morta com dois tiros na nuca, no bairro do Janga, em Paulista. O principal suspeito é o ex-namorado dela, que não aceitava o fim do relacionamento. Em abril, o caso de Mirella Sena de Araújo causou comoção. Ela foi morta a facadas por um vizinho com quem não tinha qualquer relacionamento. O autor do crime foi preso.



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