POLÍCIA Quatro pessoas são presas por linchamento "por engano" no Jiquiá Moradores confundiram vizinho com assaltante da localidade e o assassinaram com pauladas, pedradas, golpes de facão e atiraram o corpo em uma vala

Publicado em: 27/06/2017 21:51 Atualizado em: 27/06/2017 21:58

Quatro suspeitos foram presos pelo cruel assassinato de um homem confundido com um assaltante, em Jiquiá, no Recife. De acordo com a polícia, o linchamento "por engano" foi descoberto devido ao rastro de violência deixado pelos suspeitos, incluindo uma líder comunitária do bairro.

Cristiano Severino dos Santos, de 43 anos, morreu após ser espancado e levar pauladas e pedradas, por volta das 2h, no último dia 13 de abril. "A vítima era alcoólatra. No dia do fato, estava caminhando pela comunidade meio que perdida. Um dos moradores viu e achou que ele fosse um indivíduo que estava praticando crimes na localidade. Chamou os outros moradores e eles começaram a agredir o Cristiano com pauladas, socos e golpes de facão. Ele não teve chance de resistir e nem de dizer de onde era. Outros indivíduos também chegaram e passaram a agredir com pauladas e pedradas na cabeça, que deve ter sido o golpe fatal. Depois, ainda arremessaram a vítima em uma vala", detalhou o delegado Igor Leite, responsável pelas investigações.

O ex-presidiário Emarlon Ferreira de Souza Filho, 31, André Luiz Francisco de Paulo, conhecido como De, 32, Álvaro Luiz de Melo, 57, e Verônica Maria Cavalcante, conhecida como Baleia, 43, foram presos no dia 21 de junho e indiciados por homicídio qualificado. Na casa de um deles, ainda foi apreendida uma espingarda.

As informações que resultaram na identificação dos suspeitos foram colhidas nos locais em que a vítima passou antes do crime e também pelo rastro deixado. "Encontramos pedaços de objeto quebrados na vítima e conseguimos definir toda a dinâmica da ocorrência. Os quatro confirmaram que deram os golpes e apontaram um ao outro sobre quem teria dado a pedrada fatal. Um deles ainda apontou quem teria arremessado o corpo na vala. Eles confessaram a prática do delito", contou o investigador. "A mulher foi uma das primeiras a ser chamada, ela exerce um papel de liderança na comunidade. A partir do momento que ela foi chamada, avisou aos vizinhos e chegamos aos outros dois mais violentos. Um deles já foi indiciado por homicídio e também responde pela Lei Maria da Penha".

Ainda de acordo com o delegado, o grupo tentou fazer Justiça com as próprias mãos. "É uma Justiça que, mesmo se a pessoa fosse criminosa, não deveria existir. Nunca deve ser feito dessa forma, já que existem meios legais e estatais para isso. E eles ainda cometeram um equívoco com uma pessoa que não tinha cometido ilícito nenhum e foi morta de forma brutal por engano", concluiu.

A polícia havia pedido a prisão temporária por 30 dias e, com o indiciamento, foi solicitada a conversão para prisão preventiva para que eles respondam presos. Os homens já estão no Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel) e a mulher na Colônia Penal Feminina do Recife.

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