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HR Mais três vítimas de envenenamento recebem alta. Três ainda permanecem internadas

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 19/05/2017 12:08 Atualizado em: 19/05/2017 15:23

Chumbinho pode ter sido usado para envenenar família. Foto: Juliana Leitão/DP
Chumbinho pode ter sido usado para envenenar família. Foto: Juliana Leitão/DP
Mais três pessoas vítimas de um envenenamento coletivo receberam alta médica na manhã desta sexta-feira do Hospital da Restauração (HR), no Recife. Ao todo, nove pessoas de uma mesma família passaram mal após o almoço servido no Dia das Mães na casa de Débora Regina Belo Soares, de 22 anos, em Camaragibe e que seria o alvo do envenenamento, de acordo com as investigações.


A tia dela, Valquilene Maria Soares, de 34 anos e os avós Nilva Maria da Silva Soares, de 74 anos e Augusto Francisco Soares, de 78 anos, deixaram a unidade de saúde por volta das 9h. Débora permanece internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HR. O pai dela, Regivaldo Francisco Soares e o irmão, Talisson Soares, estão na UTI do Hospital Nossa Senhora do Ó, em Paulista. Vilma Maria Soares, 48 anos; José Edson Soares da Silva, de 21 e Gleice Kelly Soares, de 16, tiveram alta da UPA dos Torrões na segunda-feira passada. O gato da família não resistiu e morreu.

A polícia não tem dúvida de que a autoria do crime é de Jesemiel Hidalgo da Silva, o “Kiko”, 27 anos, que teve a prisão temporária concedida, por 30 dias. Essa conclusão foi enfatizada na coletiva realizada na quarta-feira passada pela delegada Euricélia Nogueira responsável pela investigação do caso. Na noite de terça-feira, o suspeito se apresentou espontaneamente à Polícia. Jesemiel Hidalgo era ex-namorado de Débora Regina Belo Soares, 22, que havia encerrado o relacionamento, o que ele não aceitava.

Na coletiva, foi confirmado que o envenenamento ocorreu com uso do agrotóxico conhecido como “Chumbinho”, erroneamente utilizado para matar ratos e de comercialização proibida. Segundo as perícias realizadas, o veneno teria sido adicionado ao colorau utilizado na preparação de alimentos para a comemoração do Dia das Mães. Segundo foi apurado pela Polícia, com a coleta de depoimento de 16 pessoas, no dia anterior, o sábado passado, Jesemiel Hidalgo foi à casa de Débora Regina, a pretexto de tentar reatar o namoro, e acabou pedindo que ela colocasse crédito no celular dele. Teria sido esse o momento em que conseguiu acesso à cozinha para adicionar o veneno ao colorau.

Na noite da visita do ex-namorado, Débora preparava os alimentos e passou mal. Quando chegou no Hospital Miguel Arraes, médicos que fizeram o atendimento levantaram a suspeita de envenenamento. Mas a família não associou o fato à comida. No domingo, Dia das Mães, a refeição foi servida.

Perícias realizadas no resto dos alimentos e no vômito das vítimas indicaram um forte odor no feijão e na galinha preparada para o Dia das Mães. "Encontramos a galinha bastante condimentada. O feijão estava em uma panela de seis litros e foi consumido cerca de um quilo. O ambiente (da cozinha) estava insustentável”. disse a perita Vanja Coelho. Segundo Carlos Fernando Monteiro, que também é perito criminal, o envenenamento foi feito por terbufos, substância utilizada como raticida também encontrada em amostras de "chumbinho".

Segundo a delegada Euricélia Nogueira, todas as vítimas foram atendidas com vômitos e fortes dores. "Até então, nós tínhamos o indicativo da autoria, mas não a materialidade. Porque também havia comida estragada. As autópsias foram feitas e ouvimos os familiares. Todos apontaram o ex-namorado como autor do envenenamento", afirmou a delegada. "Eles disseram que o suspeito estava extremamente inconformado com o final da relação e fez ameaças à vítima na presença dos familiares, na sexta. Uma testemunha próxima ao suspeito disse que ele chegou a falar sobre o envenenamento", acrescentou.

“Não tenho a menor dúvida (de que houve o envenenamento coletivo)”, disse a perita Vanja Coelho, que também participou da coletiva. A coleta de material na residência identificou vestígios de um material preto no colorau. Para desvendar o caso, a Polícia montou uma força tarefa envolvendo a polícia científica em busca de provas materiais, identificando a presença de vestígios de “chumbinho” também nos alimentos e nos resíduos de vômitos de animais e integrantes da família. “A Polícia Civil já pode afirmar que ele (Jesemiel Hidalgo da Silva) foi o autor do crime e tem trinta dias para materializar isso no inquérito", detalhou a diretora da Polícia Científica, Sandra Santos.

Segundo a Polícia, os depoimentos coletados denunciaram o comportamento agressivo do suspeito e, com o resultado das perícias, foi solicitada sua prisão temporária. "Ele está tentando criar álibi e culpar o ex(-marido) dela, mas há fundamentos suficientes para a decretação da prisão. “Ele (Jesemiel Hidalgo) já está preso, longe do distrito, mas não podemos dizer em que local”, disse a delegada Euricélia Nogueira. “Houve o envenenamento coletivo e ele cai por dolo eventual. Por mais que o alvo fosse ela (Débora Regina), ele responde pela tentativa de homicídio contra a família inteira. Nove pessoas foram atingidas e três estão em estado grave", avalia.

Ao se apresentar à polícia, Jesemiel Hidalgo o suspeito teria afirmado ser motorista de caminhão e, por isso, poderia se esconder em qualquer lugar, o que reforçou a ideia do pedido de prisão temporária, por trinta dias. O suspeito prestou depoimento e tentou incriminar o ex-marido de Débora, identificado apenas como Nivaldo.


 



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