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Agnes Caso Betinho: resultado de perícia pode causar reviravolta no processo A pedido da defesa de estudante, Polícia Federal refez exame. Resultado teria sido diferente do apontado pela Polícia Científica

Por: Wagner Oliveira - Diario de Pernambuco

Publicado em: 25/05/2017 15:51 Atualizado em: 25/05/2017 16:03

Crime aconteceu neste prédio, na Boa Vista. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press (Crime aconteceu neste prédio, na Boa Vista. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press)
Crime aconteceu neste prédio, na Boa Vista. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press
A morte do professor José Bernardino da Silva Filho, mais conhecido como Betinho do Agnes, que completou dois anos no último dia 16, pode ganhar um novo capítulo nesta sexta-feira, durante a realização de mais uma audiência do caso. Depois da entrada de novos advogados na defesa do estudante Ademário Gomes da Silva Dantas, indiciado pela Polícia Civil como um dos responsáveis pela morte de Betinho, a Polícia Federal foi requisitada para realizar nova perícia papiloscópica na digital encontrada em um móvel da casa da vítima. A defesa de Ademário tenta provar que o material apontado pelo Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB), da Polícia Científica, não pertence ao estudante. A confirmação da digital por parte da perícia foi o que motivou o indiciamento de Ademário no inquérito aberto pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Fontes do Diario anteciparam que o resultado obtido pelos peritos da Polícia Federal foi diferente do apontado pelo IITB. A realização de novos exames aconteceu porque o advogado Jorge Wellington contesta o resultado que revelou a presença de digitais de Ademário e de outro estudante, que à época do crime tinha 17 anos, no local do crime. Os dois foram responsabilizados pelo assassinato no inquérito concluído pelo delegado Alfredo Jorge. Procurado pela reportagem, o advogado Jorge Wellington afirmou não saber do resultado da perícia realizada pela PF. O material foi recebido pela Segunda Vara do Tribunal do Júri Capital no início da tarde desta quinta-feira. De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o resultado da perícia será revelado durante a audiência desta sexta-feira, marcada para as 13h.

Em entrevista ao Blog Segurança Pública no mês passado, Jorge Wellington afirmou que se o resultado da PF fosse diferente do obtido pelo IITB solicitaria o trancamento da ação. “Essa perícia é infundada. Ademário nunca esteve naquele apartamento. Ele não participou daquele crime. Isso será provado. Vou pedir o trancamento da ação por falta de justa causa”, ressaltou o advogado no mês passado. Entre as dúvidas levantadas pela defesa de Ademário está também a hora exata da morte de Betinho. Os horários apontados pelo Instituto de Medicina Legal (IML) e pelo Instituto de Criminalística (IC) estariam apontando divergências. Além disso, o Laboratório de Perícia e Pesquisa em Genética Forense foi oficiado para dar esclarecimentos quanto à natureza dos vestígios biológicos periciados. Na audiência desta sexta-feira serão ouvidos o perito criminal Tadeu Moraes e a delegada Alcilene Marques, que fez o relatório de local de crime. O estudante Ademário Dantas também deverá ser interrogado.

Além de Ademário, outro aluno do Colégio Agnes, segundo a polícia, teve participação no crime. O corpo de Betinho foi encontrado despido da cintura para baixo, na noite do dia 16 de maio de 2015, com as pernas amarradas por um fio de ventilador e com um fio de ferro elétrico enrolado ao pescoço. Segundo a polícia, o ferro elétrico foi utilizado para dar pancadas na cabeça da vítima. As digitais do adolescente estavam no ferro e no ventilador. Já as digitais de Ademário estariam em uma cômoda do apartamento que fica no Edifício Módulo, na Avenida Conde da Boa Vista.

O delegado Alfredo Jorge concluiu a investigação e indiciou Ademário e o adolescente como os responsáveis pela morte de Betinho. As impressões digitais foram as provas mais contundentes apresentadas pela investigação. Quando ouvidos na sede do DHPP, os dois estudantes negaram participação no assassinato. Além do Agnes, Betinho também trabalhava na Escola Municipal Moacir de Albuquerque, no bairro de Nova Descoberta, de onde havia pedido transferência uma semana antes de ser assassinado.

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