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Tradição Eu Acho É Pouquinho arrasta foliões mirins pelas ladeiras de Olinda O bloco infantil é uma raiz do Eu Acho é Pouco, ativo desde 1977

Por: Yuri de Lira - Diario de Pernambuco

Publicado em: 27/02/2017 10:58 Atualizado em: 27/02/2017 12:03

Foto: Yuri de Lira/DP
Foto: Yuri de Lira/DP
O Eu Acho é Pouquinho segue como uma das provas irrefutáveis que não existe idade mínima para cair na folia. Na manhã desta segunda-feira, como manda a tradição, o bloco reuniu os pequenos foliões nas ladeiras de Olinda. Ao som de frevo, as crianças cheias de energia acompanharam o pequeno dragão de chupeta (a versão mirim do mascote da agremiação principal, o Eu Acho é Pouco). Desde a concentração na Praça Lauro Nigro, não se importaram com o calor, tampouco com o sobe e desce de ladeiras, e desfilaram, fantasiadas, como se este fosse o último carnaval.

Apesar de ser a variante infantil, o bloco vermelho e amarelo também manteve o seu teor político. Embora o dragãozinho não tivesse estampado “Fora Temer”, como na alegoria adulta, o protesto ao atual presidente da República também se fez presente em bandeiras que puxavam o bloco. Não que tal manifestação seja uma heresia de carnaval num bloco para a criançada.

Tiago Feitosa levou a filha Clara, de dois anos de idade, para a folia. Foto: Yuri de Lira
Tiago Feitosa levou a filha Clara, de dois anos de idade, para a folia. Foto: Yuri de Lira
"Acho importante a pluralidade, a democracia. É bom as crianças aprenderem esses significados desde cedo", falou Tiago Feitosa, que trouxe a sua filha Clara, de dois anos de idade, para a folia. "Ela veio no ano passado, veio no ensaio do Eu Acho é Pouquinho também", contou o pai, orgulhoso, como se a pequena já fosse uma veterana nas festas momescas. Dependendo do ponto de vista, no entanto, ela realmente era.

O casal Amanda Mouri e Thiago Almeida, por exemplo, apresentavam o filho Davi Almeida, de um ano, à folia nesta manhã. Vestida de Turma do Chaves, a família ainda achava um lugar por perto do dragão para cair no passo quando falou com a reportagem. Não escondia a vontade de começar a brincar com o mais novo folião de Olinda. "No último carnaval, David tinha três meses e não brincou. Este é o primeiro carnaval dele, de fato", contou a mãe.
 
Moradora do bairro de Guadalupe, em Olinda, Tatiana Gomes também estreou a filha Lara nas ladeiras do sítio histórico. "Sou daqui mesmo. Eu já vinha, já brinco há muito tempo. Quis torná-la foliã logo cedo. Ela está adorando. Não pode ver um batuque que já se empolga toda" declarou a mamãe "coruja" com a pequenina no colo.

O casal Viviane Leite e André Pessoa com os filhos Arthur e Heitor. Foto: Yuri de Lira/DP
O casal Viviane Leite e André Pessoa com os filhos Arthur e Heitor. Foto: Yuri de Lira/DP
Com filhos mais velhos, o casal Viviane Leite e André Pessoa destacaram a importância de manter viva a tradição do bloco. "A nova geração tem que aprender os valores, a cultura. São coisas que precisam ser repassada para os mais novos", ressaltou Viviane, mãe de Arthur e Heitor - de dez e nove anos, respectivamente.

Já com 33 carnavais, o bloco infantil é uma raiz do Eu Acho é Pouco, ativo desde 1977 e que completou 40 anos nas ruas em 2017. A agremiação sempre foi alinhada às diretrizes de esquerda. Já desfilou em comícios do Partido dos Trabalhadores (PT) e em atos contra o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff.

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