Desafio Dia Mundial sem Carro ainda tem pouca adesão no Recife Data serve como reflexão sobre alternativas ao transporte motorizado individual

Por: Tânia Passos - Diário de Pernambuco

Publicado em: 22/09/2016 07:09 Atualizado em:

Um dia sem carro pode não resolver os problemas dos congestionamentos, mas serve de relexão sobre a busca de outros meios de deslocamento. No Recife, a campanha mundial ainda não traz impacto no trânsito. Com uma frota de 679 mil veículos, sem falar a frota circulante (de outros municípios) que chega a mais de meio milhão, deixar o carro na garagem pode parecer uma gota no oceano. Mas há também aqueles que optaram por não usar o carro dia nenhum e são eles que ajudam a formar a consciência crítica sobre um problema que só tende a piorar.
O Diario de Pernambuco ouviu dois ativistas que optaram em não ter o carro como meio de transporte diário. No Recife, o servidor público Cézar Martins, 40 anos, deu adeus ao carro há três anos e meio e não se arrepende. Ele usa basicamente a bicicleta nos deslocamentos de casa para o trabalho. “Eu tive carro durante 19 anos, desde carro de mãe e irmão até poder comprar o meu próprio carro. Em 2013, comecei a alternar o uso do carro com a bicicleta e percebi que de bicicleta eu gastava praticamente o mesmo tempo de carro. Decidi vender o veículo”, contou Martins.
O trânsito violento não o assusta e ele conta que aos poucos o corpo se adaptou às mudanças. “Antes eu pedalava em velocidade e demorava 23 minutos para chegar no trabalho, mas chegava suado e levava uma roupa para trocar. Depois reduzi o ritmo. Gasto em média 28 minutos, busco vias alternativas e evito ficar perto de ônibus”, explicou.
Em Olinda, a jornalista e artesã Eva Duarte, 45 anos, nunca quis ter carro. Costuma fazer a maior parte dos deslocamentos a pé e de transporte público. Ontem, fez um percurso a pé de Ouro Preto até o Sítio Histórico. “Gastei 25 minutos, estou pronta para o carnaval”, brincou. Apesar de caminhar com frequência, ela fala das dificuldades encontradas nos passeios. “Há todo tipo de obstáculo, desde carro estacionado na calçada até áreas onde a calçada não existe”, revelou.
Sobre possuir um automóvel, ela aponta três razões para ficar longe dessa ideia. “Não sei dirigir e não acho o trânsito seguro. O carro é também uma outra ‘família’, com um custo muito alto para manter. Por último, por uma questão de consciência, pois já há muito carro na rua”, detalhou Eva Duarte. Em todo o estado são mais de 2,8 milhões de veículos. Desses, quase metade se concentra na Região Metropolitana do Recife, com uma frota de 1,2 milhão.
Não por acaso, o Recife é uma das capitais com pior trânsito. Segundo o estudo de tráfego da empresa TomTom, que analisou este ano o trânsito em 295 cidades de 38 países, das dez cidades mais engarrafadas do mundo, três são brasileiras. O Recife é uma delas, e está em 8º lugar no ranking mundial. Na capital pernambucana gasta-se em média 43% a mais do tempo necessário para se chegar a um destino. A taxa é a mesma em Salvador e um pouco menor que a do Rio de Janeiro (47%), quarta cidade mais engarrafada do mundo.

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