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Goiana Hemobrás deverá ser concluída com parcerias Ministro solicitou cronograma de financiamento e prazos de etapas para discutir em Brasília

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 16/08/2016 07:14 Atualizado em:

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, visitou ontem as instalações da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em Goiana. O ministro, que já havia anunciado a intenção de colocar a empresa em funcionamento até 2018, solicitou à diretoria interina da fábrica um cronograma de financiamento e prazos das etapas de conclusão para discutir em Brasília. A conclusão poderá contar com dinheiro de parcerias. Ele também participou do seminário Desafios para a saúde no Brasil, durante o encontro do Grupo de Líderes Empresariais de Pernambuco (Lide), na manhã de ontem, no MV Empresarial, e elencou pontos prioritários da pasta.
A Hemobrás começou a ser erguida em 2010 e deveria estar pronta desde 2014. Com mais de 70% da parte física concluída, a estatal funciona com parte dos serviços, o que inclui uma câmara fria para recebimento de plasma. “É uma grande estrutura, importante para o Brasil. Infelizmente, uma série de equívocos impediu que ela tivesse melhores condições de prestar os serviços em troca dos grandes investimentos que foram feitos. Fui conhecer porque é uma das áreas sensíveis do governo e precisamos de eficiência”, disse Barros.
Segundo ele, a primeira etapa, se feita com recurso público, demandaria cerca de R$ 800 milhões. “Mas poderemos encontrar parcerias para avançar. Pedi um plano de investimento com prazo de efetivação de transferência de tecnologia e de atenção às necessidades que a saúde brasileira precisa”, disse o ministro.
A Hemobrás foi criada em 2004 e tem como meta diminuir a dependência brasileira no setor de derivados de sangue. No fim do ano passado, foi descoberto um esquema de corrupção na estatal. A Operação Pulso, da Polícia Federal, culminou com o afastamento do então presidente, Rômulo Maciel Filho, e a investigação de outras quatro pessoas. O grupo é acusado de desperdiçar R$ 9 milhões em plasma sanguíneo mal armazenado e causar prejuízos de mais de R$ 30 milhões decorrentes de irregularidades em licitações, contratos de logística e na construção da fábrica.
No encontro do Lide, o ministro também voltou a se posicionar sobre a proposta da portaria 1.482/16, que criou grupos de trabalho para elaborar um projeto de Plano de Saúde Acessível. “Já que o governo federal está em déficit fiscal, estamos procurando outras fontes de financiamento. O plano acessível é uma flexibilização no rol mínimo de exigências da ANS. Planos de saúde são contratados entre pessoas e empresas. O governo não arrecada com isso, apenas recebe como reflexo de mais pessoas sendo atendidas nele e menos pessoas buscando o serviço público.”
Outra proposta trazida ao seminário foi a ampliação do serviço de telemedicina, para diminuir o referenciamento de consultas aos especialistas e reduzir a receita de medicamentos e exames na atenção básica. Barros também abordou a necessidade de discutir a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade, e rever as parcerias com laboratórios para evitar o desabastecimento de vacinas e penicilina.

Protestos
A passagem do ministro foi marcada por protestos. Na frente do MV Empresarial, manifestantes empunhavam cartazes contra o governo interino e declarações de Ricardo Barros sobre a procura aos serviços de saúde e a carga horária de trabalho de homens e mulheres.
A portaria 1.482, publicada pelo ministério neste mês, também foi alvo de repúdio do Colegiado de Secretários e Secretárias Municipais de Saúde de Pernambuco (Cosems-PE). A entidade divulgou ontem o documento, no qual se posiciona também contra a PEC 241, que prevê o congelamento por duas décadas dos recursos orçamentários das políticas sociais, dentre outros pontos.

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