Final feliz Menina Júlia chega ao Recife e se reencontra com a mãe no aeroporto do Recife O pai da menina, Janderson Alencar, 29 anos, foi preso no Amapá será encaminhado ao Cotel

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 25/07/2016 13:11 Atualizado em: 25/07/2016 16:20

A delegada Gleide Ângelo, responsável pelo caso, chegou com a criança nos braços. Foto: Wagner Oliveira/DP
A delegada Gleide Ângelo, responsável pelo caso, chegou com a criança nos braços. Foto: Wagner Oliveira/DP

Depois de 14 dias separadas, mãe e filha finalmente voltaram a se reunir. O avião que trouxe a pequena Júlia de volta para a mãe, a funcionário pública Cláudia Cavalcanti, aterrissou às 12h34 no aeroporto do Recife e as duas se encontraram no desembarque Sul. O pai de Júlia, Janderson Alencar, 29 anos, também veio no voo e será levado para o Cotel. Ele chegou algemado, depois de ter sido preso na cidade de Santana, no interior do Amapá, para onde fugiu com a menina depois de ter percorrido quatro outros estados.

Emocionada, a delegada Gleide Ângelo, responsável pelas invesrigações, falou à imprensa ainda no saguão do aeroporto: "Ele tinha dito ao taxista que se alguém tirasse a criança dele, ele se matava. Nosso medo era que ele fizesse alguma coisa com a menina. Ele dormiu dois dias em um barco esperando que a casa que iria alugar ficasse pronta. Ela está toda mordida de muriçoca. Na terça-feira iria embora de novo em direção à fronteira. O pessoal da inteligência conseguiu entrar na casa e pegar ele e a menina. A casa não tinha nada dentro, nem comida para a menina".


Também presente no aeroporto, Jeferson, defendeu o irmão: "Fui criado com ele, meu irmão não é bandido. Estão tratando ele como bandido. Não concordo com o que ele fez, mas ele tem os motivos dele. Vocês ouviram o lado da Cláudia e têm que ouvir o dele. Ele vai falar os motivos, mas tem muita história por trás", disse.

Janderson veio ao Recife sentado na última fileira do avião, escoltado pela polícia. Ele desceu pela porta traseira da aeronave direto para um ônibus da Infraero, de onde foi levado até uma viatura da polícia. Do aeroporto, ele segue para o Instituto de Medicina Legal (IML) a fim de ser submetido a exame de corpo de delito e de lá, para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima.

Mãe e filha se reencontraram antes do portão do desembarque. Foto: Maira Baracho/Esp DP
Mãe e filha se reencontraram antes do portão do desembarque. Foto: Maira Baracho/Esp DP

Desde que deixou Pernambuco, no dia 10, levando a menina e descumprindo a decisão judicial de devolvê-la à mãe às 18h, Janderson percorreu mais de 3,5 mil km e se hospedou com a filha no Rio Grande Norte, Ceará, Maranhão e Pará até chegar ao Amapá, de onde pretendia cruzar a fronteira e fugir para a Guiana Francesa - a 470 km de onde foram apanhados.

Para recepcionar Júlia, diversos familiares da menina foram até o aeroporto. A menina foi encontrada pela polícia do Amapá na noite do sábado passado, após 14 dias desaparecida com o pai, que não tem a guarda da filha. "Tenho tanta gente para agradecer. A polícia civil, a delegada Gleide, a polícia federal, a Interpol...gente que eu nunca vou poder agradecer tanto amor. Em primeiro lugar, agradeço a Deus", afirmou.

Mãe de Júlia espera que pai se arrependa
Sobre a relação com Janderson e a filha, ela afirmou que depois vai conversar com a advogada dela e também procurar apoio psicológico. "Eu gostaria muito que depois de todo esse pesadelo um dia a Júlia tivesse um pai. Que ela tivesse um pai. Eu cresci com pais separados, mas na minha casa tive pais. O que acabou foi a relação do casal. Eu quero que ela seja feliz, que tenha pai e mãe. Como vai ser isso, eu não sei como vai ser", disse. A funcionário pública também afirmou que não tem o que perdoar. "Perdão é divido. Quem sou eu para julgar? O que eu gostaria muito é que ele se arrependesse de tudo que aconteceu", afirmou.

O voo 5340 da Gol, que saiu de Brasília, aterrissou às 12h34 desta segunda-feira no Aeroporto Internacional dos Guararapes. O pai, sentado na última fileira do avião, escoltado pela polícia, descerá pela porta traseira da aeronave direto para um ônibus da Infraero, para ser levado até uma viatura da polícia. Do aeroporto, ele segue para o Instituto de Medicina Legal (IML) a fim de ser submetido a exame de corpo de delito e de lá, para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima.

Já a criança, que viajou com a delegada Gleide Ângelo, descerá pela porta da frente e seguirá em direção à área de desembarque Sul, localizada nas proximidades da Delegacia do Turista, para, enfim, encontrar-se com a mãe, Claúdia Cavalcanti. Além dela, diversos familiares aguardam o momento, com ansiedade. No saguão do aeroporto, pelo menos três policiais, um deles armado, reforçam a segurança.

Segundo a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), pai e filha foram localizados em um imóvel alugado pelo engenheiro. Desde o início da semana passada, policiais da 9ª Delegacia de Homicídios de Olinda foram designados pelo chefe da PCPE, Antônio Barros, para localizar a criança. A equipe chefiada pela delegada Gleide Ângelo está com Júlia desde a manhã de ontem. Participaram da investigação a delegada Fabiana Ferreira Leandro e o chefe de investigação Raldney Júnior. "A delegada Gleide disse que só voltaria com a minha filha e ela vai cumprir o prometido. Já a delegada Fabiana falou que levaria brinquedos do filho dela para Júlia brincar quando estivessem retornando. Graças a Deus minha filha vai voltar para casa", declarou Cláudia.
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Com aparência abatida, a mãe de Júlia contou que não conseguiu dormir do sábado para o domingo após saber do paradeiro da menina. Nos 14 dias em que esteve sem notícias da única filha, precisou tomar remédios para descansar. "Minha vontade foi de pegar o primeiro avião e ir ao encontro dela. Estava vivendo à base de medicamentos para dormir e ter forças para resolver as coisas no dia seguinte. Não conseguia me alimentar direito e obtive licença do trabalho", contou a servidora pública, que perdeu três quilos depois do desaparecimento da filha.

Janderson está preso por força de um mandado de prisão. Ele estava descumprindo a decisão judicial de entregar a menina à mãe e ainda havia um mandado de busca e apreensão itinerante da Justiça para que a criança fosse recolhida e entregue a uma unidade do conselho tutelar quando encontrada. Durante toda a manhã de ontem, Cláudia enviou a documentação para que a delegada pudesse pegar a criança no abrigo e providenciasse a viagem de volta ao Recife. 'Ela está com um pouco de tosse e secreção, mas a delegada me tranquilizou e disse que Júlia estava bem. Estou feliz porque ela vai voltar. Só penso em abraçar minha filha", ressaltou.

Antes de fugir com a filha, segundo a polícia, Janderson realizou um saque bancário no valor de R$ 400 mil, o que ajudou no deslocamento entre várias cidades. Para evitar ser encontrado por policiais federais ou rodoviários federais, o engenheiro costumava fretar táxis para se locomover. Na quarta-feira, policiais do Maranhão chegaram a encontrar vários pertences dele e de Júlia em um hotel em São Luís, mas eles haviam deixado o local momentos antes da abordagem. Uma corrente foi formada nas redes sociais para auxiliar na localização da criança e do seu pai.

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