Motim Mais 19 presos feridos na Penitenciária de Caruaru. Seres diz que motim foi controlado No sábado, após seis horas de rebelião, seis detentos foram mortos e 11 feridos a facadas

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 25/07/2016 11:30 Atualizado em: 25/07/2016 16:07

Com informações dos repórteres Larissa Rodrigues e Eduardo Moura, da TV Clube

Pelo menos mais 19 presos ficaram feridos em uma nova rebelião iniciada na manhã desta segunda-feira na Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru, no Agreste pernambucano. Ambulâncias do Atendimento Médico de Urgência (Samu) removeram nove detentos, todos feridos a facadas, para Hospital Regional do Agreste (HRA) e outras unidades de saúde, enquanto outros 10, com ferimentos leves, estariam sendo atendidos dentro da unidade prisional.

Agentes peniteciários, policiais militares da Companhia de Operações e Sobrevivência em Área de Caatinga (Ciosac), do batalhão local e do Batalhão de Choque tentam controlar a situação. O tumulto foi registrado no pavilhão conhecido como "Sem Terra", que não teria passado por uma vistoria realizada ontem nos pavilhões B e D.

No sábado, os presos tentaram assumir o controle da penitenciária. Seis horas depois, o motim foi contido, deixando um saldo de, pelo menos, seis detentos mortos e 11 feridos, de acordo com o Sindicato dos Agentes Penitenciários. Um inquérito será aberto para apurar os crimes. Acredita-se que alguns dos feridos tenham ficado escondidos desde o sábado e só hoje tenham sido socorridos.

Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Seccional Caruaru aguardam o desfecho do caso em frente ao presídio. Uma nova revista foi iniciada por volta das 13h, após o controle da situação. Em nota, a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informou que o princípio de motim foi controlado no fim da manhã desta segunda-feira e prometeu agir com rigor para coibir qualquer ato de violência e depredação do patrimônio público e qualquer violação aos direitos humanos.

A Seres também deve divulgar ainda hoje os nomes das vítimas. Até ontem, o Instituto de Medicina Legal de Caruaru (IML) não havia identificado ou adiantado as causas das mortes. O secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, garantiu que vai divulgar a lista assim que o IML concluir as perícias.

Os feridos de ontem foram levados ao Hospital Regional do Agreste (HRA) e três deles retornaram à unidade prisional. De acordo com a secretaria, a rebelião durou seis horas e foi controlada ainda na noite de sábado. Dois pavilhões ficaram destruídos no incêndio. Os danos provocaram o cancelamento das visitas do domingo, que serão reprogramadas no decorrer desta semana.

Onze detentos foram transferidos a outras unidades da região. Para conter o motim, vários órgãos trabalharam juntos. Participaram da operação o Grupo de Operações e Segurança da Seres, efetivos das polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu). Quarenta homens foram mobilizados. Um inquérito foi aberto para apurar as mortes registradas. O delegado Márcio Cruz, titular da 20ª Delegacia de Homicídios de Caruaru, é o responsável pela investigação da rebelião e dos óbitos.

Diferentemente do que foi espalhado nas redes sociais durante a tarde e a noite do sábado, não houve fuga da unidade. Vários boatos e informações inverídicas foram disseminadas, no sábado, deixando a população caruaruense em pânico. Um dos rumores mencionava a fuga de 200 presos. Outra notícia falsa indicava que todos os policiais militares de Caruaru estavam contendo a rebelião e a cidade havia sido “entregue aos bandidos”.

Assim como as demais unidades do sistema carcerário de Pernambuco, a Penitenciária Juiz Plácido de Souza está superlotada. A capacidade do local é de 385 vagas, mas abriga cerca de 1,8 mil detentos. A quantidade de vagas carcerárias do estado é de 11 mil, mas o número de presidiários é de 31 mil. O excesso de presos para o espaço disponível é considerado um dos principais motivos para os recorrentes motins nas unidades carcerárias pernambucanas. É um barril de pólvora que estoura diversas vezes e várias unidades no ano.

Em janeiro passado, um tumulto foi registrado no Complexo Prisional do Curado, em Tejipió, Zona Oeste do Recife, com a participação de detentos da Penitenciária Marcelo Francisco de Araújo (Pamfa). Na mesma unidade, houve fuga em massa também em janeiro, depois da debandada na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, no Grande Recife. Em maio, um detento foi morto e sete ficaram feridos na Penitenciária Agroindustrial São João, antiga PAI, também em Itamaracá.

À época, a Seres não considerou o evento como rebelião e classificou o incidente como “briga entre presos”. Em julho deste ano, houve outro princípio de rebelião no Complexo Prisional do Curado, que deixou dois presos feridos. Dessa vez, o secretário estadual de Direitos Humanos, Pedro Eurico, novamente atribuiu o motim a uma disputa estre os presos por espaço de comando na unidade.



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