Presídios Explosão, tentativa de fuga e protesto no Curado Um artefato explodiu no muro do Complexo Prisional, mas nenhum preso escapou. População pediu retirada da unidade

Por: Celso Ishigami - Diario de Pernambuco

Por: Julia Schiaffarino - Diario de Pernambuco

Publicado em: 29/05/2016 20:44 Atualizado em:

Os moradores das proximidades do Complexo Prisional do Curado foram assombrados por mais uma tentativa de fuga em massa. No início da noite deste domingo, uma nova explosão em um dos trechos do muro da unidade deixou em pânico parte da vizinhança. De acordo com as primeiras informações, desta vez, o artefato não chegou a causar dano suficiente para permitir a fuga. Entretanto, casas perto do lugar da explosão acabaram atingidas pelo raio de alcance do artefato. Mais do que suficiente para o início de uma manifestação que exigia a transferência da unidade para uma outra localidade. O secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado, Pedro Eurico, compareceu à unidade e destacou que a mudança da unidade sequer é cogitada.

Moradores da área há 42 anos, a agente de saúde Márcia Costa e seu marido, o agente administrativo José Severino, revelam que já não aguentam mais conviver com incidentes semelhantes, citando a fuga em massa realizada em janeiro, também a partir de uma explosão. “Na hora da explosão eu tava deitada. Aí chamei pelo meu marido. Quando fui ver, as janelas da frente estavam todas quebradas. Os vidros quebraram todos”, contou. “Também entortou a porta de alumínio da cozinha. Isso porque minha casa não é nem colada no presídio”, descreveu Márcia. Danos semelhantes foram observados em outros imóveis, como telhas, portas e janelas quebradas.

O secretário Pedro Eurico, por sua vez, minimizou os efeitos da explosão deste domingo, enaltecendo o fato de nenhum preso ter conseguido escapar. “Não é nada demais. Houve uma tentativa de explosão, mas nossos agentes conseguiram impedir. Primeiro, temos de garantir a segurança do presídio e conseguimos impedir qualquer fuga.”

Indignados com a recorrência de episódios como este, os moradores organizaram um protesto pouco depois da explosão. Exibindo faixas e ateando fogo em objetos para interditar a via pública, os manifestantes exigiam a saída da unidade do Curado. “Ninguém quer sair daqui. Tem muitas pessoas que moram aqui há décadas, como a gente. Não vou me mudar. O presídio é que tem que sair”, destacou Márcia Costa.

Porém, não há qualquer sinalização de que esta demanda venha a ser atendida. De acordo com o secretário Pedro Eurico, seriam necessários R$ 500 milhões para levar o Complexo e seus 6.800 presos para outro lugar e este recurso não existe. “Entendo que muitas famílias sofreram com a explosão e os estilhaços, mas a segurança do presídio está em primeiro lugar. Não se cogita tirar o presídio daqui. Porque não temos recursos para isso”, resumiu.

O secretário, por outro lado, garantiu que estão sendo tomadas medidas para evitar que episódios assim voltem a ser registrados. “Foi a quarta explosão registrada este ano. Vamos construir muralhas e fazer o fortalecimento da segurança e isso vai resolver. Entendo que muitas famílias sofreram com a explosão e os estilhacos, mas a segurança do presídio está em primeiro lugar. Não se cogita tirar o presídio daqui. Porque não temos recursos para isso."

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