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Quadro infeccioso Bebês apresentam um novo sintoma Bolhas pelo corpo podem estar sendo causadas por bactéria, vírus ou arboviroses - doenças transmitidas por mosquitos

Publicado em: 02/12/2015 07:33 Atualizado em: 02/12/2015 09:30

O incomum do quadro, segundo os médicos, são as bolhas pelo corpo. Foto: Rodrigo Silva/ DP/ DA Press
O incomum do quadro, segundo os médicos, são as bolhas pelo corpo. Foto: Rodrigo Silva/ DP/ DA Press
Um novo quadro infeccioso pode estar acometendo crianças de até dois anos, em Pernambuco, e motiva uma investigação por infectologistas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc). Há pelo menos duas semanas, uma sequência de bebês deu entrada na unidade e também no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) com febre, irritabilidade e manchas vermelhas que evoluem para bolhas em todo o corpo. O quadro, incomum em crianças dessa idade, inspira cuidado e ainda está sem diagnóstico definido.

A princípio, os especialistas descartam qualquer relação com a microcefalia, já que todos os bebês investigados têm perímetro encefálico fora da faixa descrita pela Organização Muncial de Saúde (OMS) para microcéfalos. As principais hipóteses levantadas pelos infectologistas é de que o quadro pode ter relação com uma manifestação diferente da dengue, zika ou chikungunya; ser uma nova manifestação de enterovírus; ser causado por bactérias como a estreptococos e a estafilococos; ou ainda ser uma associação das arboviroses com outra infecção.

O incomum do quadro, segundo os médicos, são as bolhas pelo corpo. Elas começam a aparecer geralmente no terceiro dia de doença. Pelo menos oito crianças deram entrada no Huoc com essa característica. Algumas delas do Recife e Olinda, outras de municípios como Pesqueira e Arcoverde. “No serviço de infectologia, costumamos receber casos mais inusitados. Mas, diante do contexto em que estamos vivendo, tudo o que aparece de novo é motivo de investigação cuidadosa”, lembra a chefe da infectologia pediátrica do Huoc, Ângela Rocha.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) já foi informada da situação, segundo Ângela Rocha. Na semana passada, pelo menos duas enfermarias do Huoc permaneceram cheias apenas com pacientes com esse quadro. A maioria das crianças tem menos de seis meses e algumas delas estão precisando ficar internadas.

Susto
A dona de casa Mariana Honório, 31 anos, tomou um susto quando viu as bolhas em todo o corpo da filha Esther, de 50 dias. Enquanto também estava doente, a moradora do município de Arcoverde, no Sertão, precisou acompanhar a filha no internamento. “Fiquei com manchas, mas, na menina, começou com uma febre acima de 39 graus que não passava. Depois piorou e só não saiu bolha no rosto. Elas estouraram, parece queimadura. Minha filha não aguenta nem colocar fralda, grita de dor”, contou ela, enquanto estava internada com a criança no Huoc.

A infectologista Regina Coeli lembrou que a investigação não é motivo para pânico, mas requer atenção das mães. “Ainda são poucos casos, mas é preciso que as mães fiquem atentas e levem para unidades de saúde, para o pediatra avaliar. Crianças nessa faixa etária têm um sistema imunológico mais frágil.”

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